Capítulo 171 :

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Beatriz: Quero pedir que me ouça Carla, depois fale alguma coisa. — sentou- se ao banco e apontou para o espaço vago. Carla respirou fundo mais uma vez e sentou- se.

Carla: Tudo bem... — se policiou para não revirar os olhos na frente da bruxa, por mais vontade que sentisse de fazer aquilo naquele momento.

Beatriz: Desde que o Arthur nasceu aquele menino é a luz da minha vida, claro, filho mais velho, menino e ainda todo o ser humano que ele é que você sabe muito bem como ele é. Que mãe não gostaria de ver seu filho sendo um cavalheiro? Um homem de princípios, inteligente, instruído, bonito... Mas esse amor acho que passou dos limites. Eu não percebi, ou melhor, não queria perceber que não tinha mais meu menino nos meus braços, ele já era um homem. Um homem como eu sempre sonhei como meu filho, o homem que todas as mães gostariam de ter como filho. Você também sabe desse gosto doentio dele por corridas e eu nunca gostei, nunca me dei bem com a ideia de perder meu filho por alguma bobagem, um mísero erro. Mas apoiei, tive que apoiar... — suspirou e deu um sorriso.

Carla percebeu que ela falava praticamente com ela mesma, mais um desabafo do que qualquer outra coisa.

Beatriz: A Sophia sempre foi a mulher que eu sonhei para meu filho, nunca escondi isso de ninguém, linda, de uma família excelente, educada, inteligente... — olhou para Carla após a gargalhada estrondosa que ela soltou. — Ainda que ela fez tanto mal à meu filho, eu não pude ver isto, vi apenas a embalagem, não me importei com os sentimentos de meu filho, não me importei que ele sofria, que ele precisava de carinho, apenas me empenhava em fazer os dois voltarem. E nada dava certo...

Deu um riso amargo e ficou em silêncio por quase um minuto, Carla a acompanhou.

Beatriz: Até que você apareceu na vida dele Carla. Tudo ao contrário que eu sonhei um dia para meu filho e não me conformava com todo esse amor, o carinho e o respeito que tinham um pelo outro em tão poucos meses juntos. Eu vi que estava perdendo meu filho.

Carla: Beatriz, eu sei tudo o que você vai falar, não precisa continuar.

Beatriz: Por favor Carla... — olhou para ela que suspirou e encostou- se no banco. — Você foi mãe Carla, ainda que por tão pouco tempo. Obviamente sentiu todo esse amor materno que nos invade... Agora imagina você ver todo esse amor sendo meio que ignorado por causa de uma menina meio que estabanada e ainda tão novinha. — olhou para c que estava com os olhos arregalados.

Desde quando Beatriz citava a gravidez dela sem a ofender?

Beatriz: Agora imagina esse amor ser rejeitado por um próprio filho seu... Dói não? — deu mais um sorriso amargo. — Durante toda minha vida eu errei muito Carla, sempre quis o melhor não só para mim como para minha família e só hoje eu percebo que a única coisa que Thaís e Arthur queriam não era dinheiro, não era brinquedos nem carros de corrida... Era amor. Era amor de mãe.

Ficou calada um tempo e limpou os olhos, já borrados de maquiagem pelo choro. Não era somente ela que estava chorando.

Beatriz: E você, mesmo sendo a modelo baixinha, estabanada e deslumbrada até com uma viagem à Arraial do Cabo, deu todo o amor que não só o Arthur precisava, mas como a Thaís também. Eu não sei nem imaginar o quanto os dois te amam. — olhou para Carla contendo um sorriso e elajá ria e chorava ao mesmo tempo.

Beatriz: E somente quando damos de cara com a realidade, como o Arthur fez comigo logo após que vocês terminaram, que eu fui ver que eles te amavam como você era... Assim como você amava os dois como eles eram, piloto mimado e uma menina um tanto maluca que somente queria ser igual ao irmão... Eles não ligavam, nunca ligaram, se você era pobre e baixinha, não se encaixava no porte de modelo. Eles perceberem que a única coisa que você queria era dar e receber amor. Somente eu que pensava totalmente ao contrário. A ganância cega muito as pessoas Carla, você deve aprender isso.

Carla: Por favor... — pediu baixo, não conseguindo mais conter o choro.

Beatriz: Você e o Arthur abriram os meus olhos, do modo mais duro possível, mas foi necessário. O que eu fiz para você eu sei que não tem perdão, não tem explicações, nem nada. Mas eu quero que você saiba que você foi a melhor coisa que aconteceu na vida de minha família e não foi só por ensinar meu filho a amar de verdade e a minha filha a andar de salto alto, foi muito mais que isso e você sabe. E eu tenho que te agradecer por tudo Carla, por mais que ainda seja essa baixinha petulante, você fez com a minha família o que eu sempre quis fazer. Eu retiro tudo o que eu disse a seu respeito, estava muito enganada e ainda mais o que disse sobre aquela criança que você carregava. Ficou muito claro para mim que mesmo que o Arthur não soubesse, o bebê levou metade dele e você levou a outra quando foram embora.

Beatriz: Meu filho não é feliz, é praticamente um legume dentro daquele apartamento. E é por isso que eu estou aqui Carla... — pegou na mão dela e a olhou seriamente. — Devolva a vida do meu filho, sejam felizes... Construam uma família e por favor faça- o feliz. É um pedido de uma mãe para outra mãe. — soltou a mão de Carla que ficou parada por alguns segundos absorvendo tanta informação para sua cabeça.

Em menos de dez minutos sentia do ódio a uma afeição por Beatriz que nunca imaginou tendo. Desde o princípio sempre soube que era tudo ciúmes, mas não pensava que fosse tão doentio assim.

Carla: Eu posso fazer tudo o que você me falou. Mas... Eu não consigo te perdoar.

Beatriz: Não estou pedindo isso Carla. Apenas abri meu coração para você. E além do mais acho que sob hipótese alguma poderíamos ter alguma relação sogra e nora.... Mas acho que pelo menos o respeito vem com o tempo. — levantou do banco e Carla continuou sentada. — Faça meu filho feliz, é só isso que me importa. — olhou para Carla com um sorriso contido e deu as costas para ela, entrando no restaurante.

Para Carla a noite acabou ali mesmo. Precisava pensar sozinha. Longe de Arthur, longe de gritos, longe de noivados, longe de todos.

Saiu pelos fundos do restaurante evitando encontrar alguém e então foi de táxi até sua casa, está que demoraria bastante tempo para chegar alguém. Ao dar de encontro com seu travesseiro fofo, chorou até não aguentar mais. Nem ela sabia o que estava acontecendo, o porque de estar assim. Céus, por que tinha que ser tão confusa?

Queria muito voltar com Arthur, mas morria de medo de voltar a acontecer tudo o que havia ocorrido. Insistir novamente no erro? Não queria sofrer tudo de novo, nem fazê-lo sofrer ainda mais. Sabia que se voltassem, assim como ele disse, seria sério, era casamento de verdade. Beatriz conseguiria se controlar e não se meter mais na vida dos dois?

Apertou a cabeça com as mãos, tentando se livrar daqueles pensamentos. Não obteve muito sucesso. Então ligou o Ipod até o volume mais suportável para seus ouvidos e tentou pensar em outra coisa, acabou dormindo.

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Arthur: O Piloto 🏎Onde histórias criam vida. Descubra agora