Capítulo 73 :

792 78 48
                                    

Carla: Já chega! — levantou da cama, tentando livrar Arthur dos ataques de sua avó.

Mara: Não, senhorita. — aproximou-se de Carla que foi recuando com medo da mãe. Olhou para o lado e viu Arthur e Helena conversando animadamente.

Carla: Que foi mãe? — tentou sorrir de um modo convincente, mas o resultado não foi muito animador.

Mara: Carla ele é bem mais velho que você. — sussurrou para a filha que sorriu e abraçou a mãe.

Carla: Cinco anos mãe. — começou a rir e Mara revirou os olhos.

Mara: Você está se cuidando, não é? — olhou séria para Carla que engasgou.

Carla: Er... Lógico mãe. — corou fortemente ao ter que ouvir aquilo vindo de sua mãe.

Helena: Mara olha que bonitinho, ele trouxe chocolates para a gente. — apertou as bochechas de Arthur que sorriu todo sem graça. Carla saiu de fininho de perto da mãe e foi para perto de Arthur.

Mara: Obrigada Arthur, não precisava.

Carla: Muito bonito, tentando conquistar minha mãe e minha avó é? — cruzou os braços e olhou para Arthur que sorriu.

Helena: Considere-me conquistada. — piscou para ele que riu. Carla olhou para a avó incrédula, mas começou a rir. Ouviram um pequeno zumbido vindo do corredor e Mara revirou os olhos entediada.

Mara: Vamos descer antes que esses bandos de fofoqueiros grudem o ouvido na porta. — apontou para a porta.

Helena: Está bem... Meus netinhos. — olhou para Carla e Arthur. — Em nome do pai, do filho e do espírito santo. Amém! — benzeu os dois que arregalaram os olhos e ficaram olhando para Helena esperando uma resposta. — Vovó Helena acabou de dar a benção para vocês netinhos. — sorriu e os dois se entreolharam confusos.

Carla: A senhora tinha que fazer isso. — fez uma expressão de tortura e viu a avó cruzar os braços e olhar para ela.

Helena: Vamos descer Mara? — olhou para a filha que parecia estar em um mundo bem longe, talvez pensando no que Carla tinha acabado de aprontar.

Mara: Vamos descer. — disse empurrando as pessoas que estavam no corredor. Helena saiu do quarto também e fechou a porta.

Lara: E ai? — perguntou para Helena que sorria toda feliz.

Helena: São tão lindos juntos! — a abraçou e assim desceram a escada enquanto Helena contava ainda por cima o que aconteceu no quarto.

Ainda no quarto de Carla, os dois riram após toda aquela confusão que finalmente tinha sido resolvida. Ela estava feliz de não mentir mais para sua família e não ter que ficar mais escondendo Arthur de ninguém, e mais ainda pela iniciativa ter partido dele.

Carla: Por que não me avisou que iria voltar mais cedo? — perguntou para ele enquanto estavam abraçadinhos na sacada do quarto dela, olhando para o jardim bem movimentado da casa.

Arthur: Queria fazer surpresa. — sorriu e deu um beijo no pescoço de Carla.

Carla: Eu fiquei com vontade de te matar a vinte minutos atrás. — confessou gargalhando.

Arthur: Deu tudo certo, não deu? — ergueu uma sobrancelha para ela que olhou para ele com um bico.

Carla: Deu... Mas, eu não me sinto bem com isso. — confessou baixinho, o fazendo estranhar. — Não leve a mal, é só que... Nós somos muito diferentes. Olha para isso. — apontou para sua família comendo churrasco na beira da piscina. — Você nunca deve ter conhecido pessoas assim e eu tenho medo de que se assuste, entende?

Arthur: São pessoas normais para mim, assim como qualquer outra que eu conheça.

Carla: Mas na prática não é assim, Thur. — deu de ombros e o olhou seriamente. — Minha família é do interior, é um bando de caipiras que eu adoro... Nós viajamos para o sítio do meu tio todo ano e dormimos mais de trinta pessoas em um quarto e uma sala, enquanto você está em arraial do cabo, em uma casa com doze quartos e um iate na porta. Nossa diversão é ficar cantando no karaokê enquanto tomamos cerveja ruim, enquanto você pode se divertir em qualquer lugar do mundo tomando a bebida que você desejar. E Arthur, nem eu nem minhas irmãs fomos criados como você e é nítido que você vai perceber isso.

Carla: Algum dia, você vai se dar conta que eu não sei comer escargot, que estudei em escola pública a minha vida toda e que o meu maior sonho que obviamente eu nunca vou realizar é rodar o mundo e ser alguém na vida e que tudo isso é muito substituível para você, entende? Enquanto eu estarei aqui, com o sítio sem quartos, a cerveja ruim e o karaokê, respondendo a todos porque não deu certo. — ao final, ela estava com os olhos cheios de lágrimas e ele não sabia o que falar.

Arthur: Eu daria tudo para ser tão bem acolhido como fui há meia hora aqui pela a minha família, Carla. — disse olhando nos olhos dela. — Eu gosto de você e para estar com você, faria qualquer coisa. Até tomar cerveja ruim e cantar no karaokê. — abriu um sorriso ao ver os olhos dela brilhando pelas lágrimas. — Quando eu estava na porta e olhei para todas aquelas pessoas, eu me dei conta que mesmo desconhecidos, eles já eram importantes para mim, porque simplesmente são para você. E mais, ninguém precisa saber comer escargot ou estudar em uma escola cara para ser alguém na vida, basta ter o que você tem aqui nessa casa, uma família muito bem estruturada e amor.

Finalizou com um sorriso e surpreendeu-se quando Carla pulou em cima dele e o abraçou. Ela não era de demonstrar sentimentos como estava fazendo agora, então ele aproveitaria o quanto pudesse.

Comentem

Arthur: O Piloto 🏎Onde histórias criam vida. Descubra agora