Capítulo 20 :

985 74 45
                                    


Arthur desviou os olhos da TV e olhou novamente para ela, Carla olhava para baixo, fitando suas próprias pernas com as duas mãos juntas.

Arthur: Você parece tão nervosa. — abriu um sorriso e ela o olhou. — Fica tranquila que eu não vou te atacar.

Carla: Não é isso não. — sorriu timidamente e arrumou uma mecha de cabelo atrás da orelha. — É que eu não estou entendendo o que eu estou fazendo aqui, sabe? É tudo tão estranho. — olhou em volta e Arthur assentiu, sorrindo. Ele sabia do que ela falava.

Arthur: Não foi certo te obrigar a vir aqui, mas se eu não fizesse isso você ia continuar me enrolando com as suas desculpas. — ao dizer aquilo, Carla corou fortemente.

Carla: Não eram desculpas, eu realmente não podia. — defendeu-se, sem saber muito bem o que dizer. Ainda estava tão envergonhada por saber que ele tinha ouvido sua conversa com Sarah.

Arthur: Ah claro. — disse, um tanto sarcástico. — E como foi seu comercial com o Viana?

Carla: Não posso dizer que foi legal porque estarei mentindo, muito mesmo! — sorriu de canto para ele que revirou os olhos. Novamente ficaram em silêncio e ela juntou as mãos novamente, estalando um dos seus dedos. Arthur olhou para ela e segurou a mão dela, impedindo que ela estralasse o segundo.

Arthur: Calma! Já disse e repito, eu não vou te atacar, não sou nenhum piloto safado .— olhou para ela com uma das sobrancelhas arqueadas e Carla parou, arregalou os olhos e aos poucos foi ficando com a face vermelha. Ela tampou o rosto com uma das mãos e ele abriu um sorriso, vendo ela completamente envergonhada. 

Carla: Eu mato a Sarah! — cerrou os punhos, ainda não acreditando que tinha cometido aquela gafe com ele. Ele riu e passou o polegar sob a palma da mão dela.

Arthur: Não faça isso, ela é uma pessoa muito legal. — riu ainda mais por Carla está a cada segundo mais vermelha.

Carla: Também acho. — respirou fundo, prometendo matar Sarah da próxima vez que a visse. — Eu deveria me desculpar? — olhou para ele, que abriu um sorriso lindo e começou a rir.

Arthur: Só se já estiver arrependida do que falou. — deu de ombros e Carla riu, balançando a cabeça. — Então me peça quando eu te mostrar que você estava errada. — olhou fixamente para ela que ficou sem palavras e apenas sorriu. Que homem era aquele, meu Deus?

Os dois seguiram conversando por horas. Foi incrível ver como o papo fluía de maneira natural entre eles. Conversavam sobre tudo, desde os trabalhos de ambos, onde Arthur explicava alguns casos que já aconteceram com ele e Carla não entendia, o que fazia com que ele desse risada ao ver o quanto ela não gostava de Fórmula 1. Ele contava algumas coisas dos bastidores da F1, que fazia ambos gargalharem, enquanto Carla falava do seu trabalho, das viagens que já tinha feito e de como era legal fotografar. Passaram pelos assuntos familiares, falando o quanto Thaís era adorável e logo depois Arthur soube da paixão e fanatismo da avó de Carla por ele.

Quando sua barriga já doía de tanto rir, após Arthur contar uma situação inusitada que passou por não saber nada de alemão e ter que ir a um jantar com uma escuderia alemã e pagar o maior mico da vida dele, ambos já estavam jogados sob o tapete felpudo, encostados no sofá e gargalhando alto. Carla olhou no relógio da parede e se surpreendeu com a hora, que já passava das onze da noite. Ficaram mais de quatro horas conversando e parecia que não tinham falado nada ainda. Tinha sido uma noite incrível do lado de uma companhia inusitadamente engraçada e agradável.

Anunciou que ia embora e levantou do tapete, fazendo Arthur reclamar e dizer que estava muito tarde. Como solução, disse que ela poderia dormir no apartamento, pois era perigoso dirigir pela cidade a essa horas. Carla arregalou os olhos e Arthur, percebendo o espanto dela, disse que ela dormiria em outro quarto que não o dele.

Carla: Melhor não, falei para minha mãe que iria dormir em casa e ela fica me esperando. — achou uma desculpa para fugir.

Nem nos sonhos dele que iria a levar para cama tão fácil assim. Que ele não era nenhum safado ela já sabia, mas também não iria fazer as coisas de um modo tão rápido como ele estava propondo. Arthur apenas riu dela, que no alto de seus vinte e dois anos, ainda era tão dependente da mãe.

Arthur: Já falei que não te ataco de noite! — abriu um sorriso e Carla revirou os olhos.

Carla: Eu sei, meu trauma já passou. — ela deu de ombros e ambos caíram na gargalhada. — Mas não tem perigo de eu ir pra casa, moro há quinze minutos daqui. — pegou sua bolsa que estava em cima do sofá e foi saindo da sala.

Arthur: Se você diz... — seguiu ela que já estava perto da porta, antes dela abrir, ele a segurou pelo braço e Carla virou, sentindo seu corpo gelar ao sentir o toque dele. — Está pensando que eu esqueci?

Carla: Do que?

Arthur: Sobre Arraial.

Carla: Ah claro... — parou para pensar que a ideia daquela agora parecia extremamente tentadora. Passar um final de semana com Arthur em um paraíso, mas o que a impedia de dizer sim, além de seu orgulho, era saber que Daniela iria.

Arthur: E então? — olhando sério para ela.

Carla: Ah eu não sei porque...

Arthur: Te pego na sua casa na sexta feira às dez da manhã. — soltou ela e Carla o olhou espantada. Ele estava conhecendo Carla e já tinha aprendido que quanto mais perguntas você fizesse, mas ela fugiria. O jeito era não fazer pergunta nenhuma.

Carla: Mas eu não...

Arthur: Vamos de helicóptero junto com mais amigas suas da agência. Está bom para você? — abriu um sorriso ao ver Carla com os olhos completamente perdidos.

Carla: Eu tenho trabalho na segunda-feira! — tentando por fim falar o que ele não deixava e dessa vez não era nenhuma desculpas, era a segunda parte de gravação do comercial com Viana.

Arthur: Damos um jeito. — deu de ombros e Carla não soube mais o que falar. Respirou fundo e abriu a porta.

Carla: Boa noite.

Arthur: Boa noite, até sexta feira.

Carla: Até. — disse ainda pasma com a atitude dele. Apertou o botão do elevador e virou novamente para ele — Ah, melhor você não ir me buscar em casa, marca um lugar que eu vou.

Arthur: Por que não?

Carla: Não quero matar minha avó do coração e não quero explicar para minha mãe porque estou indo viajar com uma pessoa que ela nem conhece. — explicou para ele que ficou um pouco pensativo.

Arthur: Todos me conhecem.

Carla: Você entendeu o que eu quis dizer. — revirou os olhos e sorriu.

Arthur: Até sexta-feira, Carla. Na sua casa, às dez da manhã. Não esquece. — foi até ela e lhe deu um beijo no rosto, Carla retribuiu vencida pela insistência dele.

O elevador chegou e ela logo tratou de entrar e sair dali o mais rápido possível. No mesmo segundo que a porta do elevador se fechou ela encostou-se à parede gelada do elevador, não acreditando em tudo que aconteceu com ela. Parecia uma loucura! E era uma grande loucura! Saiu do prédio ainda tremendo por inteira e logo entrou no carro nem conseguindo olhar para o prédio, seu coração estava acelerado e não tinha jeito de fazer com que ele parasse de bater tão forte. Tinha que admitir a única verdade que nesse momento tão confuso de sua vida sabia: Arthur era um fofo e ela estava encantada por ele.

Porém tinha Daniela e todas as outras que já passaram por ele. Não queria que acontecesse com ela o mesmo que aconteceu com Daniela e com todas.

Comentem

Arthur: O Piloto 🏎Onde histórias criam vida. Descubra agora