Milão – Itália.
Arthur sabia que alguma coisa de muito ruim tinha acontecido ou estava para acontecer e a ideia de ser com Carla lhe causava arrepios. Ainda que tivesse certeza que alguma coisa era com ela.
Nunca lhe aconteceu uma coisa como esta, esse tipo de pressentimento nem com Carla nem com ninguém. Nunca se sentiu tão interligado à ela como horas atrás e nem tão desesperado a ponto de rodar sozinho em uma corrida importante. Definitivamente alguma coisa estava errada.
Abriu a porta do apartamento e estranhou ao ver tudo escuro, nem a luz da escada acessa. Junior e Mário Sérgio vieram correndo, feito dois desesperados, pulando em cima dele, acendeu todas as luzes e começou a ficar preocupado, não tinha nenhum barulho de nada no apartamento, nem de Carla nem de sua mãe.
Arthur: Carlinha? — falou alto perto da escada. — Cheguei amor! — esperou um pouco e não ouviu nenhum barulho e então subiu para o quarto e nada de Carla.
Procurou nos outros quartos e não achou nem Carla e nem Beatriz. Desceu novamente e procurou pelos outros lugares e ele estava sozinho. Pegou o telefone e já estava discando o número de Carla quando viu um envelope em cima da mesinha de centro. Largou o telefone e pegou o envelope reconhecendo a letra de Carla escrita Arthur.
Já estava praticamente com o coração na boca somente de tirar o papel de dentro do envelope e ver algumas coisas escritas. Engoliu em seco e começou a ler.
"Thur,
Durante muito tempo eu procurei alguém como você, perfeito em tudo o que faz. Sempre acreditei que um dia meu príncipe encantado iria chegar e eu sei que ele chegou. Mas eu não esperava que fosse alguém como você, assim sabe, piloto, teimoso, um pouquinho mimado.
Em todo esse tempo convivi com as diferenças e olha, são muitas. E não posso negar que aprendi muito com elas. E eu ainda te acho meu príncipe encantado. Você foi é vai ser para sempre a melhor coisa que aconteceu na minha vida, o meu sonho realizado, meu conto de fadas, ainda que agora eu saiba que o meu castelo está caindo. Mas você sabe que nada dura para sempre.
Quando tudo começou eu achava que isso era sim meu conto de fadas, a história pela qual eu sempre esperei a minha vida toda, a que eu sempre fiz planos com a Sarah, mas ao entrar no seu mundo, na sua família e no seu coração, eu descobri que tudo não era tão perfeito assim. O que era imaginável para mim se tornou tão banal, chato até. Nunca te escondi nada – exceto uma coisa – e você sempre soube de tudo o que se passava comigo, sempre soube que eu não gostava do seu mundinho, cheio de carrinhos potentes e muito dinheiro. Assim como você não gostava do meu.
Mas eu aprendi a aturar, por você, somente por você. Aturei o ronco insuportável dos motores, suas fãs assanhadas, sua falta de tempo, sua equipe que não deixava ninguém em paz e seus amiguinhos ricos que pensam que são seu pai. Mas tudo também cansa Arthur. Cansa não ser reconhecida em seu próprio trabalho, cansa só te conhecerem porque namora com alguém famoso, cansa aturar todos que te cercam e cansa demais seu descaso com o meu trabalho.
E hoje aconteceu uma coisa com sua mãe que só me fez enxergar o quanto nos somos diferentes, não temos nada a ver um com o outro. Na verdade ela somente abriu meus olhos, custava a acreditar nisto, custava muito acreditar que meu conto de fadas estava desmoronando. A culpa não é totalmente sua, eu errei muito em nossa relação. E tantos erros são insuportáveis e imperdoáveis.
Eu agradeço a você por tudo o que aconteceu, por sempre me tratar como a melhor pessoa do mundo, mesmo eu não merecendo, por ter paciência, ter cuidado de mim e acima de tudo me amado. Mas após tantas coisas que aconteceram, para mim não dá mais, estou sim sendo fraca e pulando do barco na pior hora, mas não quero que ele afunde de vez, por isso estou fazendo isso. Me perdoe Arthur.
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Arthur: O Piloto 🏎
FanfictionSinopse : Fórmula 1. Um mundo tão exclusivo, seletivo, luxuoso e nobre para poucos abastados e suas escuderias. Um mundo onde mulheres eram meras coadjuvantes. Para Arthur Picoli, o atual tri campeão mundial e queridinho do mundo, as corridas eram...