Capítulo 65 :

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Carla e Arthur entraram no carro e ele logo acelerou, ganhando uma velocidade absurda em poucos segundos. Carla tirou seu sapato e abraçou seus joelhos, colocando a cabeça entre eles. Lágrimas começaram a correr pelo seu rosto e se policiava para não começar a soluçar ali. Arthur não falava nada, ainda estava sem reação, descontava toda sua raiva no carro, pisando fundo no acelerador.

Arthur olhou de relance e viu Carla encolhida feito uma bola ali do seu lado e não soube o que fazer, sabia que ela estava chorando e mil coisas passavam por sua cabeça. Não sabia como agir com ela, nunca tinha estado em uma situação dessas, nem com Carla como com nenhuma outra mulher. Dirigiu em silêncio, sendo torturado a cada soluço que escapava da garganta dela.

Aquela noite não era para ser assim, em sua imaginação tudo sairia perfeito e logo depois do jantar em família iriam para seu apartamento e antes de caírem na cama aos beijos para mais uma das intermináveis e maravilhosas noites ao lado de Carla, chegariam na garagem e mostraria a surpresa que preparou para ela, sabia que ela seria bem capaz de não gostar e ir mandar ele ir a merda porém, depois disso acalmaria ela e aconteceria o que descreveu. Mas nada saiu como queria. Entrou na garagem do prédio e rapidamente desligou o carro e olhou para Carla que permanecia na mesma posição.

Arthur: Carlinha... — alisou o cabelo dela. — Carlinha não fica assim, por favor. Minha mãe está ficando louca, eu acho. Não vale a pena ficar nesse estado por ela. — abraçou ela que ainda se controlava para não começar a chorar forte, apesar de que sabia que isso seria ótimo. — Olha para mim. — com certa dificuldade pegou no queixo dela e puxou o rosto de Carla para cima.

Carla: Não. — empurrou a mão dele, o que foi inútil já que ele a puxou pelos braços. — O que foi Arthur? — mirou-o seria, livrou um braço das mãos dele e com ele limpou debaixo do seu olho, vendo seu dedo todo sujo de maquiagem. Devia estar horrorosa com a maquiagem toda borrada, mas naquele momento o que menos lhe importava era sua aparência.

Arthur: Por favor, não fica assim. É exatamente desse jeito que minha mãe quer te ver. — segurou o rosto dela com as duas mãos e com o polegar limpou as lágrimas. — Para de chorar.

Carla: Ok Ok Ok. — limpou a bochecha onde escorria uma lágrima e olhou para Arthur.

Arthur: Vem vamos subir.

Saiu do carro e ajudou Carla a descer, pegou a bolsa dela das mãos dela e foi em direção ao elevador com ela que estava quieta. E isso era uma coisa que Carla não era. O elevador chegou e os dois entraram, aí que se lembrou da surpresa que tinha feito para ela.

Arthur: Carlinha seu carro! — colocou a mão na porta do elevador que travou por alguns segundos. Puxou ela de dentro do elevador e fingiu não ver a careta atrapalhada que Carla fez.

Carla: Carro agora não Arthur. — fez uma carinha de cachorro sem dono, mas que nem colou para ele. Continuou puxando Carla para perto de onde tinha deixado o seu carro e o carro dela. –- Picoli! — gritou para ele que começou a rir.

Arthur: Você nunca me chamou de Picoli. — olhou para ele que deu um sorrisinho de leve.

Carla: Existe uma primeira vez para tudo meu bem. — olhou para ele que gargalhou e por um momento, somente de escutar aquela gargalhada dele, Carla até se esqueceu de Beatriz. Viu tudo ficar preto e sentiu Arthur lhe abraçando por trás e levou alguns segundos para entender que foi ele quem tapou seus olhos com as mãos. — O que...?

Arthur: Mais um pouquinho... Um pouquinho... — foi andando com ela até uma parte isolada do estacionamento, onde tinha pouquíssimos carros. — Só mais um pouquinho. — parou com ela em frente ao carro dela. — Pronto. — tirou as mãos dos olhos dela e a única coisa que Carla fez foi... Bem ela não fez nada! Ficou parada olhando para o carro. Aquele não era seu carro! Podia ser parecido, mas definitivamente não era! Arthur sorria feito um retardado esperando alguma reação de Carla.

Carla: O que significa isso? — apontou para o carro vermelho enfeitado com um enorme laço vermelho e branco. Debaixo do laço, estava o carro que ela sempre sonhou em ter, mas que obviamente era muito mais caro do que ela podia pagar. Aproximou-se com cuidado do New Beatle novinho e brilhante, se dando conta do tamanho daquela loucura.

Arthur: Seu carro. — deu um sorrisão para ela que teve que contar até dez para não voar em cima dele.

Carla: Isso não é o meu carro!

Arthur: Esse é o seu novo carro. — sorriu novamente para ela que agora contou mais três vezes até dez e respirou fundo.

Carla: Engraçado Arthur... Agora cadê o meu carro de verdade? — cruzou os braços e mirou-o que estava literalmente sem ação.

Arthur: O que foi? Você não gostou? — segurou a mão dela que brutalmente tirou sua mão de cima da dele.

Carla: Sua mãe acaba de me chamar de interesseira e você me dá um carro? Você é louco ou o que? — cruzou os braços e encostou-se à parede branca e preta da garagem do prédio e mirou Arthur que parecia ainda processar a frase que acabara de falar.

Arthur: Mas foi um presente... Carla é sério, qualquer dia seu carro ia quebrar e nunca mais funcionar. É muito perigoso andar com um carro velho nessa cidade louca.

Carla: Não importa. Você não podia ter feito isso, Arthur. Tem ideia do quanto custa um carro desse?

Arthur: Carla, não me importa o quanto custou. Eu quero ver você bem, segura e feliz. — aproximou-se dela, tocando o rosto delicado e agora retorcido de raiva. — Eu comprei com todo amor e carinho.

Carla: Mas não é justo, Arthur. É muito caro... Eu nunca vou poder retribuir um presente assim.

Arthur: E quem disse que você já não me retribuiu? — arqueou a sobrancelha e ela negou com a cabeça. — Por favor, aceite. É para o seu bem e me fará bem também. Não há motivos para ser rico e não poder deixar quem eu gosto bem e segura.

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Arthur: O Piloto 🏎Onde histórias criam vida. Descubra agora