Capítulo 141 :

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A tarde que passou ao lado de Lucy foi perfeita e seria mais perfeito ainda após voltar à agência e assinar o contrato não se desse conta que teria quinze minutos para chegar ao restaurante, para o tal jantar com os patrocinadores.

Arthur ficaria chateado com ela por não comparecer. Saiu quase correndo da agência, indo direto para casa. Ele não estava mais lá e já devia estar a esperando no restaurante e então saiu correndo para o quarto arrancando do closet o primeiro vestido que viu na frente. Em menos de dez minutos estava saindo do apartamento tropeçando em tudo e correndo para pegar sua bolsa e a chave do carro.

O Gold era o melhor restaurante da cidade, tinha ido lá apenas duas vezes com Arthur para um almoço e um jantar e não teve surpresa nenhuma ao chegar lá e ver que o restaurante tinha sido fechado para a reuniãozinha da Ferrari e seus patrocinadores.

Deixou o carro com o manobrista e deu seu nome para a recepcionista que disse que estavam todos à sua espera. Engoliu em seco e seguiu o maître que a levou até o fundo do restaurante onde duas mesas enormes estavam uma ao lado da outra, cercada de pessoas em volta. Firmou a vista e dez segundos depois achou Arthur, ao lado de Stefano e Gustavo, sabia que só foi capaz desse feito já que ele levantou da mesa e veio em sua direção, ou continuaria o procurando por um bom tempo em meio daquelas pessoas, homens com suas mulheres perfeitas, fingindo serem um casal perfeito. Já estava se habituando à eles...

Arthur: Onde você se meteu Carla? Está atrasada! — perguntou ao chegar perto dela, passando o braço por sua cintura.

Carla: Desculpa, eu acabei me atrasando sem querer.

Arthur: Onde estava? — olhou sério para ela que deu um sorriso de canto, nervosa.

Carla: Depois eu te conto.

Quando finalmente terminou de falar com todas as pessoas presentes no estabelecimento, o jantar chegou. Depois de tanto nervoso de chegar ao restaurante no horário, sentia seu estômago trancado, pedindo um Gnocchi simples, comeu três garfadas e logo parou, prestando atenção na conversa em italiano de Arthur e Stefano. Não entendia completamente nada, algumas palavras soltas que não faziam sentido, mas se recusava a olhar para seu prato novamente.

Após alguns minutos a sobremesa foi servida, comeu apenas uma colherada do sorvete Imperial que lhe foi servido somente porque Arthur colocou a colher em frente dela, não gostou da reviravolta que seu estômago deu ao sentir o gosto das frutas cristalizadas e da cereja em calda. Tomou praticamente toda sua taça de água e ainda assim aquela reviravolta não tinha cessado.

A noite acabou após o café com biscoitinhos do qual passou longe, dando a desculpa de ir ao toalete. Assim que se despediu de todos, deixou o restaurante ao lado de Arthur que já a esperava na rua dentro do carro dele.

Ela estacionou ao lado dele e buzinou, vendo que ele deu um sorriso antes de acelerar com força pelas ruas vazias. Foi o único momento de alívio que ela teve nas últimas horas. Pela primeira vez pisou fundo no acelerador e tentou cortar Arthur na avenida, fazendo com que ele desse uma gargalhada intensa dentro do carro. Ela estava tentando apostar uma corrida com ele?

Ele pisou mais ainda no acelerador, vendo uma velocidade no velocímetro que sabia que Carla não acompanharia. Para sua total surpresa, em segundos ela estava logo ao seu lado, acenando para ele. Riu ainda mais e apertou o botão do portão do prédio.

Carla: Não acredito que você aposta corrida até com sua noiva, Picoli. — gritou na garagem assim que desceu do carro segurando suas sandálias de salto que foram tiradas no meio da corridinha deles.

Arthur saiu da Ferrari que tinha acabado de chegar da fábrica com um sorriso no rosto.

Arthur: E não acredito que você pisou fundo para me provocar. — puxou ela pela cintura ouvindo o riso dela. — Você estava dirigindo descalça? — mirou os pés descalços dela no chão. Ela deu de ombros e viu ele bufar. — De qualquer jeito, eu ganhei. — deu de ombros e a puxou pela cintura para entrar no elevador, vendo que ela revirava os olhos.

Carla: Você mudou de perfume? — franziu a testa e cheirou o pescoço dele, sentindo seu estômago dar uma pontada.

Arthur: Não, por que? — olhou para ela confuso.

Carla: Ele está insuportavelmente doce demais. — fez cara de nojo e Arthur abriu a boca, chocado.

Arthur: Não era você que falava que adorava esse perfume?

Carla: Enquanto você não tiver certeza que mudou de perfume, mantenha-se longe de mim. — empurrou ele e saiu do elevador no mesmo segundo que a porta abriu.

Arthur continuou parado alguns segundos a mais até sair atrás dela, que já subia as escadas. Entrou no quarto e viu que Carla estava sentada na cama, olhando para a parede.

Arthur: Quer alguma coisa?

Carla: Quero dormir, estou com dor de cabeça. — fez uma carinha de dor e ele se aproximou dela, sentando ao seu lado e lhe dando um beijo na cabeça. — Longe Arthur.

Arthur: Mas Carla? Por que isso agora?

Carla: Acho que preciso dormir, amanhã tudo ficará bem. — deu um selinho nele e levantou da cama, Arthur a puxou novamente.

Arthur: Onde você foi hoje?

Carla: Ah Thur, deixa eu dormir. Amanhã eu te falo. — entrou no banheiro para escovar os dentes e trocar de roupa, quando voltou ao quarto Arthur estava puxando o edredom para ela entrar debaixo de cara fechada e um bico enorme. — Thur, a história é longa. E se você não entender, não é um bom dia para brigar com você.

Arthur: Carla eu quero saber! Tenho o direito, não tenho?

Carla: Eu não vou brigar com você, aviso desde já.

Arthur: Conta logo. — sentou ao lado dela

Carla: Quando eu fui pedir demissão lá na Elite, a Adriana me deu um telefone de uma mulher aqui de Milão chamada Lucy, então hoje fui até ela, que é dona de uma agência de Modelos.

Ela olhou para ele que estava parado, olhando fixamente para o rosto dela. Sem expressão alguma.

Carla: Enfim, eu estou contratada amor! Sou modelo de uma das melhores agências do mundo! E sábado já tenho um desfile... É coisa pequena ainda mas...

Arthur: Você não vai. — olhou sério para ela que deu um sorriso e logo começou a rir.

Carla: Posso saber o por que?

Arthur: Eu não quero que você trabalhe! Não está ótima nossa vida assim? Deixa tudo como está Carlinha. — segurou o braço dela e lhe deu um sorriso animador.

Carla: Está ficando louco Arthú? — arregalou os olhos, mirando-o descrente que ele tinha acabado de falar aquilo.

Arthur: Só estou falando que não quero que você trabalhe.

Carla: Vai ficar querendo Thur. — começou a rir novamente. — Está ótima nossa vida aqui, mas eu já estou cansando de ficar batendo perna pelas lojas, daqui a pouco não tenho onde enfiar roupas. E o pior ainda, ficar comprando essas roupas com o seu dinheiro! — olhou para ele que agora voltou com a cara fechada de minutos atrás. — Eu gosto de trabalhar e queria que você me apoiasse nessa. É importante para mim. — olhou para ele com os olhos úmidos.

Arthur: Eu entendo você, mas não me peça para participar dessa loucura, você sabe que eu odeio ver você na frente dos outros, com roupas minúsculas. Me desculpa mas não dá.

Carla: Tudo bem. — piscou ainda sem entender muito bem o que ele tinha acabado de dizer. — Vou dormir. — entrou debaixo das cobertas e virou de costas para ele.

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Arthur: O Piloto 🏎Onde histórias criam vida. Descubra agora