2 - Hannah

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POV Hannah Alter




Apesar de ter ignorado o despertador quando tocou às 6 em ponto, não pude fazer o mesmo quando, às 6h03, meu pai entrou no quarto aos berros.





Edgar: - Acorda! Se você atrasar, vai ser expulsa. Da escola e dessa casa.





Meus punhos cerraram, assim como meus olhos, quando ele bateu a porta ao sair.





Ele nunca me acordou para ir a escola antes, mas agora parecia estar empenhado a infernizar minha vida.





Não havia um mês desde que voltei do reformatório, mas já achava melhor nunca ter saído de lá. Esse homem, que tenho o desprazer de chamar de pai, nem sequer se importava com o motivo que me fez ser presa, apenas achava que isso era uma vergonha, uma mancha, que fazia de tudo para esconder de seus amigos empresários. Porcos como ele.





Decidi me comportar apenas para o bem emocional da minha mãe, que não precisava de mais uma dor de cabeça, e para que ele não me expulsasse de casa, me afastando de Eva. Uma das condições, era voltar para a escola. A condição da escola era que eu não fosse, basicamente, eu mesma.





Dou um beijo na testa de Eva antes de ir me arrumar. Não demoro muito, um banho, uma calça jeans, um casaco, lápis de olho bem forte, um perfume e estava pronta.





A vantagem de ser quase invisível aos olhos de Edgar - com exceção dos momentos em que ele briga comigo - era poder ir para a escola sozinha e ter meu próprio carro, que ele fez questão de comprar pra mim para que não precisasse ficar trancado comigo por 20 minutos no caminho.





Não sabia dizer se ele ainda estava em casa ou se já havia saído, mas pego minha mochila e chaves e vou, sem nem mesmo tomar café. Precisava chegar bem cedo hoje para encontrar com a diretora que me daria o sermão básico e avisaria as regras e meu plano de estudos para o semestre.





Nunca fui uma má aluna, mas depois de um ano de reformatório eu não estava nem aí para a escola. Não estava nem aí para nada...





Cheguei na escola às 7h em ponto, indo direto para a secretaria, onde uma já conhecida senhorinha de óculos, ranzinza, me disse para esperar pelo orientador, Sr. Smith, que apareceu 10 minutos depois apenas para me pedir para esperar novamente.





Pra que me fazer chegar cedo se tenho que esperar meia hora? - Reviro os olhos após longos minutos aguardando, quando ele finalmente me pede para acompanhá-lo.





Ele me leva até a sala da diretora, que estava conversando com outra aluna quando entramos pela porta.





Sr. Smith: A senhorita Alter...





Depois que meus olhos se encontraram com os da desconhecida aluna, que fez questão de não me encarar, fui praticamente empurrada para dentro da sala antes que a porta se fechasse atrás de mim.





Sra. White: Hannah, por favor, sente-se.





Ela aponta a poltrona ao lado da loira, onde não me demoro a sentar, jogando minha mochila no chão e cruzando os braços na altura dos peitos, sem dizer uma palavra.





Sra. White: Eu estava agora mesmo falando sobre você com a senhorita Miller. Como você perdeu praticamente todo o ano passado e terá que repetir, decidimos colocá-la no programa de mentoria para que possa se reacostumar com o ritmo da escola e não correr o risco de ficar prejudicada.





- Essa é a desculpa para me deixar com uma babá que vai vigiar tudo o que faço?





Ok, Hannah, meio cedo para a rebeldia... - Tento lembrar a mim mesma de que preciso me comportar.





- Tudo bem, entendi.





Sra. White: Todos os dias, depois das aulas, vocês terão duas horas para revisar as matérias. A senhorita Miller é da sua turma e a melhor, então sinta-se privilegiada por ter esse acompanhamento especial.





Meus olhos doeram com a força que fiz para não revirá-los e apenas dei de ombros.





Sra. White: Qualquer ajuda que você precisar pode pedir a ela. E espero que não tenhamos nenhum problema.





Ela me lança um olhar de aviso. Era óbvio que ela ficaria de olho em mim e usaria essa tal Miller para contar tudo para ela. É melhor eu ficar esperta.





- É só isso?





Sra White: Sim, podem se retirar. Ah... Após o sinal da última aula, vá direto para a sala dos monitores. É lá que vocês vão ficar.





Eu mal espero que ela termine de falar e já estou fora da sala. Fico encostada ao lado da porta, com a mochila pendurada em um dos ombros e espero pela outra aluna.





Os corredores ainda estavam vazios, era cedo ainda, faltavam uns 20 minutos para o primeiro sinal.





Quando a loira sai pela porta, eu paro em sua frente, acabo me divertindo com a expressão de medo que tomou conta do seu rosto, mas não demonstro isso.





- Então, Miller? Eu não quero problemas com você então acho melhor você não dificultar minha vida, pode ser?





Me parecia uma boa ideia me aproveitar da má fama que ganhei causando um pouco de terror, ela parecia ser suscetível a isso.


Don't call me angel - Harelly Pt. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora