POV Hannah Alter
Bloqueio o celular e o coloco na mesa de cabeceira após me despedir de Mirelly. A última mensagem que enviei teve o intuito apenas de provocá-la, não era sério... A princípio. Mas eu estava cheia de adrenalina e não conseguiria dormir tão fácil, bater em um filho da puta e depois passar por uma briga tensa com a namorada seguida de uma crise de ciúme inesperada, da parte dela, certamente me serviu como um botão de ligar. Precisaria extravasar, de alguma forma. E aquela era a mais viável.
Apenas me certifico de que Eva estava realmente dormindo e desço minha mão — ainda dolorida após uma sequência de socos que deixaram mais alguns hematomas — até minha calcinha apenas para constatar que ela não precisou se esforçar nada hoje para me deixar molhada. Quando puxo a calcinha para o lado e começo a acariciar a mim mesma, tudo que tinha em mente era uma imagem de Mirelly brava e com ciúme. Seu rosto vermelho, enfurecido. Sua vontade de me bater não fazia nada além de me deixar com tesão. Ela poderia até ser uma boa lutadora, mas onde quer que aquelas mãozinhas pequenas e fortes me tocassem transformaria qualquer dor em prazer. Lembro da sua mão em meu pescoço quando preciso morder o cobertor para não fazer barulho enquanto gozava baixinho. Ela não ficaria nada satisfeita se soubesse que eu estava realmente fazendo isso enquanto ela estava tão brava, isso me faz rir sozinha enquanto controlava minha respiração, com o coração acelerado.
[Manhã seguinte]
Acordo com o despertador às 6h e já pude sentir a dor na mão antes mesmo de abrir os olhos, agora que a adrenalina havia passado. Mas isso serviu apenas para me lembrar do quão satisfeita estava por saber que aquele cara teve o que mereceu.
Tomo um longo banho frio, que teve um efeito relaxante, e vou para o quarto procurar alguma roupa no closet. Eu sabia que desafiar Mirelly daquele jeito tinha grandes chances de dar merda, mas seria ótimo para mim fazer com que ela sentisse o mesmo que eu ao pensar que os outros olhavam para seus vídeos com desejo. Ela poderia até não concordar, mas a diferença entre os dois casos era enorme. Eu usar uma roupa curta na escola não era nada comparado a ela rebolando para qualquer um ver.
Escolho uma saia preta que não usava há algum tempo — apesar de reconhecer que ficava bonita em mim, preferia sempre usar calças e casacos largos — e um cropped tomara que caia com mangas compridas. Os braços ficariam tampados para compensar a barriga que estava exposta e fiz questão de abaixar um pouco a barra da saia para que meu piercing ficasse à mostra. Já que eu estava cavando minha própria cova, decidi ir fundo e coloquei uma meia arrastão com um par de botas over the knee, de couro, em homenagem a ela. Termino a caracterização com uma gargantilha de espinhos e uma coleirinha em formato de corrente, tinha certeza de que ela não iria reclamar dessa parte.
Quando termino de me arrumar, resisto a vontade de mandá-la uma foto por preferir esperar para ver pessoalmente sua reação. Pego o celular e envio apenas uma mensagem.
"Mirelly:
Bom dia, princesa
Sonhei com você essa noite. Mas foi antes de dormir...
Ps: Nunca estive tão animada para ir pra escola."
Guardo o celular no bolso e desço para a cozinha. Por um milagre, minha mãe estava lá. Parecia ter se passado uma eternidade desde a última vez que a vi e nem fazia tanto tempo assim. Meu sorriso se desfaz no momento em que cruzei com ela.
Helena: Bom dia, querida.
— Bom dia... — Respondo pegando as chaves do meu carro.
Helena: Tem certeza que vai vestida assim pra escola?
— Não se preocupe, ninguém nota minha existência lá.
Eu tinha a intenção de tomar café, mas não ficaria ali para ser obrigada a conviver com minha mãe. Apenas vou até a garagem e entro no carro, ligando o rádio e saio rapidamente.
Quando saio do carro no estacionamento da escola, avisto de longe Mirelly e Tina sentadas no corrimão da escada, próximo à porta de entrada. Coloco uma alça da mochila nas costas e caminho em direção a elas. Ainda não estava próxima o suficiente para identificar a expressão na cara de Mirelly, mas sei que ela olhou para mim e, em seguida, entrou na escola, provavelmente para não falar comigo, deixando Tina sozinha, que, ao chegar mais perto, pude ver que me olhava com a boca aberta, como se tivesse acabado de escutar alguma fofoca quentíssima.
Tina: Hannah do céu! Veio vestida pra matar hoje? Por isso que a Mirelly saiu puta daquele jeito?
— Ela tá puta?
Tina: E não tá pouco não. Se eu fosse você, tomava cuidado.
Ela estava morrendo de rir enquanto elogiava minha roupa, mas eu não dei muita atenção. A opinião dela não me importava, nem a de ninguém além de Mirelly.
Tina: Vai atrás dela?
— Tenho que enfrentar a fera, né?
Tina: Boa sorte então, você vai presenciar o anjinho virando demônio. Se nunca a viu brava, está prestes a ver.
Não que eu estivesse com medo, mas com ela falando assim sinto até um arrepio subir pelo meu corpo. Talvez fosse melhor ter desistido dessa ideia quando tive chance, mas agora já era tarde, precisava terminar o que comecei.
— Aposto que não vai passar de um gatinho mostrando as unhas...
Tina: Você é corajosa, viu?
Abro a porta e entro na escola, os corredores estavam cheios, mas não tanto quanto ficavam na hora que o sinal tocava, ainda faltavam alguns minutos até que desse a hora da aula. Tina vinha logo atrás de mim enquanto andamos até nossa sala onde, acredito eu, Mirelly estava.
Quando entramos na sala, percebo que não havia nenhum professor e uma dúzia de alunos que já se encontrava ali fez silêncio no exato momento em que coloquei meus pés pra dentro. Como de costume, ignorei completamente a todos, olhando apenas para Mirelly, que estava sentada na primeira cadeira, com as bochechas vermelhas, o cenho franzido e os braços cruzados, com um bico que se dividia entre o lindo e o assustador. Ela se recusou a olhar para mim quando passei em sua frente para ir até o meu lugar na cadeira atrás dela. Quando me sento, ajeitando a saia, vejo Tina sentada ao lado dela, olhando para nós duas, se divertindo.
Tina: Nossa, isso tá melhor que big brother!
Me inclino para frente para ficar próxima ao seu ouvido.
— Não vai falar comigo? — Falo baixo, mas antes que eu pudesse saber se ela responderia ou não, um grupo de quatro garotos cerca os lados da minha cadeira e Tom era um deles. Aumento o tom de voz já revirando os olhos — O que foi dessa vez?
Tom: Não sabia que aceitavam prostitutas na escola. Até que você tá gostosa. Quanto é o programa?
Ele riu junto com seus amigos e eu respiro fundo enquanto os demais alunos começaram a prestar atenção na conversa, apreensivos.
— Pergunta pra tua mãe, ela que me deu aula na escola de vagabunda!
Ele dá um soco no braço da minha cadeira e eu fico em pé imediatamente, pronta para acertá-lo a qualquer momento.
Tom: Eu tô sabendo da festinha que teve na sua casa, minha irmã tava lá e me contou. A Maria.
Puta merda...
Se eu soubesse que ela era irmã desse crápula, eu nunca teria falado pra Eva convidá-la pra dormir lá em casa. Eu não sabia o que ela tinha contado pra ele, mas estava prestes a descobrir.
Tom: Acho que você ignorou o que eu te disse no acampamento, né?
Ele olhou de mim até a Mirelly e em seguida falou em voz alta pra garantir que todo mundo escutasse.
Tom: Aí, galera! Temos um casal de sapatão na turma, sabiam dessa?
O restante dos alunos começaram a cochichar entre si e meus punhos se fecham com força, ignorando completamente a dor que ainda sentia na mão.
— Sei que tá com inveja, mas você não teria chance nenhuma com ela de qualquer jeito... Porque ela tem um cérebro, sabe o que é isso?
Tom: Eu não sei o que você ainda tá fazendo nessa escola. Você tinha que voltar pro reformatório, lá é o seu lugar.
— Eu posso voltar pra lá hoje mesmo depois de quebrar a sua cara, quer ver?
Nessa hora, Mirelly se levantou e pude olhar diretamente para ela pela primeira vez no dia. Ela não disse nada, mas vi em seus olhos, mesmo ainda brava, como me implorava pra não fazer nada. Trinco o maxilar, rangendo os dentes com força, me controlando para atender seu pedido silencioso.
Tom: Acho melhor você e a putinha da sua irmã ficarem longe da Maria.
Ainda olhava pra Mirelly quando ele disse a última frase. Meus lábios apenas deixaram sair um quase inaudível "Desculpa" para ela quando me viro para Tom e o empurro com força para trás, fazendo com que ele caísse por cima da cadeira de Tina, que, por sorte, levantou correndo antes que acontecesse. Eu já estava com o braço para o alto pronta dar um soco nele, mas as duas, Tina e Mirelly, entram na minha frente e me seguram. Me solto, em seguida, e saio da sala apressada, para não fazer nenhuma besteira que me fizesse ser expulsa, pude ouvir Tom gritando do lado de dentro.
Tom: Ela é louca! É um perigo pra todo mundo aqui. Vocês sabem o que ela fez ano passado com o Kevin. Ele ficou em coma por causa dela.
Respiro fundo encostada na parede do lado de fora da sala, contando até 10 lembrando da fala da psicóloga, tentando me acalmar. Pouco tempo depois, Mirelly sai e me agarra pelo pulso, me levando até a sala dos monitores. Eu estava pronta para um sermão, vendo sua cara de brava, mas ela apenas segura minha mão com força. Talvez estivesse pensando qual tópico usaria primeiro para começar a gritar comigo. Sei que ela também estaria brava com Tom pelas coisas que me disse, mas estaria mais ainda comigo por me descontrolar e por ter dado a ele a chance de me chamar de prostituta ao ir vestida daquele jeito pra escola.
Quando ela ia abrir a boca para começar a falar, uma menina aparece na porta, perguntando em direção a mim se estava tudo bem. Nós duas olhamos para ela e Mirelly pareceu conhecê-la, eu sabia que era da nossa turma, mas não tinha ideia de qual era seu nome ou o que ela queria ali.
— Quem é você? — Falo impaciente após ser interrompida.
Ashley: Eu sou a Ashley... Somos da mesma sala.
— E o que você quer?
Ashley: Ah, eu só... A Tina contou pra gente o que rolou ano passado e...
Olho para Mirelly na mesma hora, certamente ela contou para Tina sobre o que rolou com Eva ano passado e agora toda a escola sabia também. Isso não me deixou brava, por incrível que pareça, talvez assim as pessoas me encham menos o saco, agora que sabem a verdade.
Ashley: Só queria dizer que o Tom foi um babaca com você e que, pelo menos as meninas, estão do seu lado agora.
Dou de ombros enquanto continuava a olhar para Mirelly, só queria que aquela garota saísse logo dali.
Ashley: Se a Sra White falar alguma coisa, vamos dizer que a culpa foi dele.
— Obrigada. Você pode nos dar licença? — Olho para ela e tento não ser tão grossa, mas isso não funcionava muito comigo.
Ashley: Claro...
Ela começou a fechar a porta e eu voltei minha atenção para Mirelly, que parecia estar mais brava ainda agora, mas não entendi o motivo. Olhei confusa para ela, ignorando quando a menina voltou a abrir a porta.
Ashley: A propósito... Gostei do piercing.
Ah...
Ela saiu da sala, fechando a porta, e me deixou com uma Mirelly furiosa. Mas agora eu já sabia o motivo.
![](https://img.wattpad.com/cover/323427516-288-k823084.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Don't call me angel - Harelly Pt. 1
FanficClichezinho lésbico bem boiolinha 💜 Dasha Taran como Hannah Duda Reis como Mirelly *Em formato de ações de RPG* (Um dia edito) TEM CONTINUAÇÃO NO PERFIL!!!