39 - Prometo que não ronco

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POV Mirelly Miller
     
          O resto da semana se passou, e como o esperado, Hannah estava se interessando cada vez mais pelas aulas, eu estava contente por aquilo, a garota que todos chamavam de caso perdido, na verdade é uma pessoa maravilhosa e muito linda. De fato, é a garota mais linda da escola inteira, não tinha como não reparar na beleza daquela menina, seu sorriso, seus olhos, o jeito que mordia o lábio enquanto prestava atenção na aula, era tudo perfeito, mas até hoje fico me perguntando. Porque eu estou reparando tanto nela? Eu não tenho a resposta pra isso, a única coisa que eu sei, é que estava amando passar esse tempo com ela. Eu não sei se era coisa da minha cabeça, mas eu sentia como se ela estivesse flertando comigo, suas piadinhas, suas risadas e até seu olhar me faziam tremer, era estranho, mas um estranho bom.

Ja era sexta feira, finalmente o dia do acampamento estava chegando, eu estava bem ansiosa, e parece que Hannah tinha se acostumado com a ideia também. As ordens da diretora foram para todos que participariam do acampamento, estivessem na escola as 19h para pegar o ônibus que nos levaria para a viagem.

       As aulas foram tão rápidas que quase nem percebi, nas aulas extras com Hannah, foi fantástico, dessa vez ela não teve escapatória e a fiz completar os exercícios de matemática e fiquei contente ao ver que ela conseguiu acertar 70% das questões.

         ── Caramba, Hannah, você realmente tem a melhor professora que alguém poderia ter!

       Falo convencida e sorrio a olhando. Ergo uma sobrancelha ao ouvi-la e acabo fazendo uma careta e rindo em seguida.

          ── Que horror, Hannah, você é terrível!

      Falo fazendo uma careta tentando tirar a cena que estava imaginando e nego com a cabeça.

── Mas se quiser, a tia Mi pode trocar suas fraldas, só continue sendo comportada que no final ganha um pirulito!

        Falo a provocando e me seguro para não rir da cara de indignação que ela fez. Depois da aula, fomos para seu carro e seguimos para minha casa, chegamos la em pouco tempo. Quando estava me preparando para me virar e beija-la, sou surpreendida com sua aproximação repentina e fiquei imóvel no meu lugar. Assim que sua boca encostou em minha bochecha engoli em seco e fiquei paralisada sentindo um arrepio invadir meu corpo inteiro em questão de segundos, se eu não me conhecesse tão bem, poderia dizer que fiquei extasiada com apenas um simples gesto inocente. Será que é assim que ela se sente sempre que eu faço isso?

Fiquei me perguntando internamente. Sua respiração contra minha pele estava ofegante, assim como a minha, assim que se afastou, a encarei por alguns segundos e tentei agir normalmente enquanto abria a porta do carro, mas acho que não funcionou muito, já que eu me encontrava tão perdida que mal conseguia achar a trava da porta. Sai do carro assim que minhas pernas pararam de tremer e fechei a porta, minha atenção foi direto para sua boca e não consegui responde-la, apenas observei sua língua passar entre seus lábios, me fazendo apertar a alça de minha bolsa. Assim que ela deu a partida, permaneci ali parada, até ela sumir da minha vista e eu finalmente soltar todo o ar que acabei prendendo durante todo aquele tempo. Respirei fundo algumas vezes e então tomei coragem para entrar em casa, e para a minha surpresa, meu pai estava la preparando o almoço. Ergui uma sobrancelha e coloquei minha bolsa sobre uma das cadeiras da mesa.

         Bruce: -Você está bem, filha? Me parece assustada, sei la, está vermelha... Veio correndo?

Até meu pai notou que eu estava estranha, com certeza Hannah percebeu o quanto aquele simples ato mexeu comigo. Engoli em seco e sorri meio sem graça negando com a cabeça.

          ── O que? Não, eu to bem, vim de carona com uma amiga, aquela que estou ajudando com as aulas extras.

         Bruce: -Sério? Que legal, vou querer conhece-la um dia, viu.

         ── Um dia eu trago ela aqui... Mas, que milagre é esse? Você esta em casa cedo, aconteceu alguma coisa?

        Bruce: -Não, só lembrei que hoje você vai para o acampamento, e pra deixar você organizar tudo direito e sem pressa, resolvi adiantar as coisas pra você.

           ── Você é o melhor pai do mundo, sabia?

      Sorrio me aproximando dele e o abraço, ele me da um beijo na testa e então me afasto e falo pra ele que estaria no quarto e então subi direto para o cômodo.

                          (...)
    
           Ja tinha tudo pronto, verifiquei minha mala umas três vezes para ter total certeza de que não estava esquecendo nada, então, quando me sentei na cama para descansar, meu celular vibrou, peguei o mesmo e um sorriso automático se formou ao ver na notificação que era Hannah. Desbloqueei o aparelho e entrei na conversa, li a mensagem e acabei rindo baixo vendo seu drama.


"Bad girl birrenta.

      Eu não tenho uma barraca reserva, mas a minha é bem grande, cabe nós duas tranquilamente, não se importaria de dormir comigo, né? Prometo que não ronco"


       Enviei a mensagem pra ela e acabei rindo baixo, mas logo me toquei. Eu iria dormir com ela, se eu fiquei daquele jeito com apenas um beijo na bochecha, o que aconteceria se dividirmos a barraca? Bom, não seria nada demais, assim eu espero.

Don't call me angel - Harelly Pt. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora