Don't call me angel - Harelly Pt. 1

117 - Ração de cobra

POV Hannah Alter


Ela era definitivamente mais descuidada que eu, talvez por não ter medo do pai como eu tinha, mas também não me importo em receber seu selinho, apesar de ter servido apenas pra me deixar com mais vontade de beijá-la. Com sua proximidade, pude sentir seu cheiro novamente, fecho meus olhos por um rápido momento pra inspirar o suficiente, mas abro em seguida.

— Eu também. — Sorrio para ela, que pareceu esquecer de me apresentar a Tina por um momento, mas fez isso logo em seguida.

Quando a morena estende a mão ao seu lado, respiro fundo e levanto a minha para cumprimentá-la. Pareceu ir tudo bem até que ela me puxa para um abraço. Mirelly teria percebido meu olhar de pavor nesse momento se eu não tivesse virado o rosto para o lado oposto em que estava. Meu corpo trava por um momento, sem saber o que fazer, mas lembro que Tina não era qualquer pessoa, era sua melhor amiga, então acabo retribuindo o abraço.

A princípio, me pareceu ser gente boa, apesar de parecer ser praticamente uma versão mais velha da Eva, talvez isso explique o gostar e não gostar ao mesmo tempo. Em outra ocasião, eu não diria nada a ela nesse momento, apenas daria um sorriso qualquer e ficaria em silêncio, como de costume. Mas quando se tratava de Mirelly era diferente.

— Eu queria conhecer a pessoa que minha namorada deixa chamá-la de gatinha. — Apesar de ser verdade, encaro como uma brincadeira e deixo que meu tom de voz demonstre isso.

O importante é que ela saberia que eu não estava disposta a brigar ou a afastar as duas, mas que estava disposta a mostrar que agora ela era minha.

— É um prazer te conhecer também. E não liga pra ela, quanto mais vergonha ela passar, melhor. — Falo depois que Mirelly acerta sua nuca, me fazendo rir e caminhamos para o carro em seguida — Espero que vocês estejam preparadas, elas estão atacadas hoje...

Aguardo que as duas entrem e vou para o meu lugar em seguida, com minha namorada ao meu lado. Tina pareceu ter se dado bem com as meninas pois estavam todas quase gritando de tanta animação. Quando me viro para encarar Mirelly, sua boca me rouba mais um selinho, com menos pressa dessa vez. Sorrio ainda com a boca na sua e mordo o lábio quando ela os solta.

— Você também está linda. — Falo sorrindo, enquanto viro para frente e dou partida no carro.


(...)


Como já era de se esperar, não precisou de muito tempo até meu inferno recomeçar. Pouco depois de pegarmos a avenida para seguir até o shopping, Eva coloca One Direction para tocar. A bagunça nos bancos de trás estava formada enquanto elas cantavam alto e eu tentava fingir que aquilo não estava acontecendo.


*Eva*: Vai cunhada!


Tomo um susto quando ela bota a sua cara no banco da frente, entre nós duas, e coloca a mão fechada fingindo ser um microfone na frente de Mirelly.

Ela não vai fazer isso... — Eu a olho rindo enquanto ela parece pensar duas vezes olhando para a mão de Eva e nego com a cabeça quando ela a segura e começa a cantar também.

— Eu tô cercada por menininhas... — Falo mesmo sem poder ser ouvida por ninguém por conta da gritaria.


Tive que aturar isso durante todo o caminho até o shopping, simplesmente fui silenciada. Mas confesso que estava sendo divertido. Ver minha irmã e minha namorada socializando assim, era uma coisa nova, algo que me fazia bem, como felicidade gratuita e fácil.

Quando chegamos, as mais novas se despediram numa cena demorada e saíram do carro.

— Daqui a 2h busco vocês ein! — Coloco a cabeça para fora da janela para falar com Eva — Qualquer coisa manda mensagem.

Ela confirma com a cabeça e da um tchauzinho antes de seguir andando com as outras duas para dentro do shopping.

— Eu preciso passar no mercado pra comprar ração de cobra pra elas senão vão me devorar antes do amanhecer. Tem problema? — Ela responde que não e Tina, que estava sentada num dos bancos da parte traseira da van, veio para o banco que antes estava ocupado pela Eva.