Don't call me angel - Harelly Pt. 1

63 - Quer ajuda?

POV Hannah Alter

Ela estava mesmo fazendo isso? A encarei decepcionada por alguns segundos quando me disse que iria dormir. Não estava triste por não poder continuar, mas por ela não querer falar comigo. Por me dispensar dessa forma. Por agir como se nada tivesse acontecido.

- Pode deixar... - A tristeza dá lugar a raiva e apenas consigo concordar em fazer como ela queria, ignorando o sorriso forçado que me deu.

Senti meu peito estufar pela raiva repentina enquanto meus dentes rangiam depois que ela simplesmente se virou e concluí que não queria mesmo falar comigo.

Coloquei meus fones de ouvido e pus uma playlist aleatória para tocar, na tentativa de me acalmar ou, pelo menos, distrair, mas não consegui. Estava agitada. Não conseguiria ficar ali do lado dela desse jeito depois do que fizemos. Levantei e fui até o banheiro do ônibus que ficava praticamente atrás dos nossos lugares, lavei o rosto e me encarei no espelho, brava, antes de dar um soco no mesmo, não contendo a raiva. Uma rachadura se formou, mas, felizmente, ele não quebrou, apenas trincou. Respiro fundo antes de criar coragem para voltar ao meu lugar.

Demorou um pouco, cerca de 1h, até que eu constatasse que ela havia dormido. Sabia disso pois ela agora estava virada para mim e tinha uma expressão plena em seu rosto. Certamente não ficaria assim se estivesse acordada. Fiquei acordada sozinha por mais 2h até que o ônibus fizesse uma parada em um posto de gasolina. Decidi não acordá-la.

Desci do ônibus com alguns poucos alunos que ainda estavam acordados e fui até a loja de conveniência comprar algo para que ela comesse quando acordasse. Encontrei um pacotinho de barra de cereal, seria motivo suficiente para me fazer rir se eu não estivesse me sentindo tão mal naquele momento. Peguei dois pacotes e uma garrafa de suco e, ao voltar para o ônibus, os coloco no banco onde eu estava sentada, ao seu lado.

Olho para ela, que dormia feito um bebê, com o coração apertado mais uma vez e vou para o andar de baixo procurar um lugar onde eu não tivesse que ficar olhando para ela ou até mesmo sentindo seu cheiro. Já estava quase amanhecendo quando consegui, finalmente, pegar no sono.

Quando acordei, com o sol queimando meu rosto encostado na janela, o ônibus estava estacionando num local que parecia ser o interior de uma floresta. Não se via nada além de árvores e arbustos. Esfrego os olhos com as mãos e olho ao redor, um pouco perdida. Aos poucos, os professores acordavam os adormecidos e fomos saindo um por um.

Fui uma das primeiras a deixar o ônibus, indo logo pegar minha mala. Não sabia o que fazer depois disso. Fico apenas parada sentada na mala aguardando instruções. Estava com uma expressao definitivamente confusa quando vejo Mirelly sair do ônibus. Nossos olhos se encontraram antes que fosse pegar - tentar - a mala dela do bagageiro. Ela parecia ser menor do que a mala e tinha muita dificuldade para puxá-la para fora. Assisti a cena por alguns segundos antes de revirar os olhos e ir até ela.

- Quer ajuda? - Me encosto no ônibus, na sua frente.