Don't call me angel - Harelly Pt. 1

10 - Deuses gregos gostosos? (Foto: Edgar e Eva)

POV Hannah Alter

É sério que também vai me passar dever de casa? Eu devo estar mesmo pagando todos os meus pecados.

Não disfarço minha cara de insatisfação quando recebo sua tarefa, mas ao menos não era geografia. Eu posso mesmo escrever sobre o livro, uma vez que já o conhecia. Eva poderia me ajudar também. Não era algo completamente ruim. Se eu copiasse algum resumo da internet apenas por preguiça, ela certamente descobriria e faria questão de tornar essas aulas insuportáveis.

Fico uns minutos pensando até perceber que ela ainda estava me encarando, aguardando minha resposta.

- Tanto faz... - Dou de ombros, tentando parecer indiferente quando, na verdade, até que gostei da ideia - Posso ir embora então?

Eu já estava arrumando minhas coisas sem nem mesmo esperar sua resposta, não queria correr o risco de que ela tivesse alguma outra ideia que me obrigasse a ficar ali. Praticamente corro para fora da sala sem falar mais nada, mas tenho uma, agora rara, crise de consciência e volto, me apoiando na lateral da porta enquanto ela termina de guardar seus livros.

- Você quer carona?

Pareço tê-la pego de surpresa. Ela não tinha cara de quem tinha idade para dirigir e como estava sendo obrigada a ficar depois da aula só por minha causa achei que era o mínimo que eu poderia fazer.

Ela pensou por uns segundos, parecia não saber o que responder e eu acho que já havia entendido. Provavelmente não queria ser vista comigo fora da escola. Bem, ao menos ofereci. Faço um simples gesto com a cabeça quando ela nega dizendo ter que falar com a diretora e saio, sem mais.

Chego em casa pouco tempo depois e encontro minha mãe na cozinha. Uns anos atrás eu a abraçaria, ouviria algumas palavras de afeto, mas, apesar de saber que a escolha de se afastar partiu de mim, eu apenas a cumprimento e pergunto sobre Eva.

Helena: Ela já chegou da escola, deve estar no quarto.

Percebo em seu rosto a intenção de puxar algum assunto e me retiro antes de dar a oportunidade para que o fizesse.

Jogo minha mochila em qualquer canto e me jogo, em seguida, na cama de Eva, que estava deitada mexendo em seu celular.

- E aí, tampinha?

Ela prontamente se aconchegou no meu braço. Se tem uma coisa que eu ainda valorizava, era minha relação com ela. Era a única pessoa em quem eu confiava e a única com quem eu ainda realmente me importava. Mal via a hora de poder sair definitivamente daquela casa e levá-la comigo. Não precisaríamos dos dois para nada e, talvez assim, minha mãe fosse finalmente capaz de deixar Edgar.

- Você lembra dos livros que eu lia pra você quando era mais nova?

Eva: Qual deles?

- O da mitologia grega

Eva: Aquele dos deuses gregos gostosos?

- Credo, garota - Taco o travesseiro na cara dela enquanto ela ria - É só isso que você absorveu da história?

Eva: É o que importa né?

- Não sou obrigada a ouvir isso - Coloco os dedos nos ouvidos - Você é muito nova pra isso.

Eva: Ei, eu não sou mais criança, viu?

- É sim. - Saio da cama dela batendo o pé e pegando minha mochila, colocando em cima da escrivaninha, onde me sento, cruzando as pernas e procuro nas prateleiras em frente o livro que deveria ler.