Don't call me angel - Harelly Pt. 1

4 - Se você não contar, eu também não conto...

POV Hannah Alter

Senhorita Hannah? Você tem o quê? 60 anos?

Apenas escuto o que ela diz. Que não facilitaria para mim, já era de se esperar. Eu não tinha nenhuma intenção de perturbá-la, apenas queria ficar quieta no meu canto e não fazer nada sem que ela dissesse isso à Sra White. Mas pelo visto ela é só mais uma nerdzinha puxa saco que não vai me deixar em paz e vai me obrigar a fazer tudo que não quero.

Mirelly... Eu tinha zero intenção de chamá-la pelo nome. Preferia mesmo não ter que chamá-la em momento algum.

Dispenso sua companhia quando ela começa a andar e passo apressadamente na sua frente em direção à sala que frequentei por poucos meses no ano passado.

Passo toda a aula rabiscando, desenhando e escrevendo coisas aleatórias no meu caderno. E pensar que ainda teria duas horas extras disso todos os dias... Olho, desgostosa, a loira pelas costas. Certamente ela seria a primeira da fila e eu, claro, a última, tentando evitar, sem sucesso, os olhares curiosos e os cochichos daqueles que já sabiam quem eu era.

Durante o intervalo, fui até o refeitório apenas buscar algo para comer e, quando me viro para sair dali o mais rápido possivel, esbarro na minha mais nova babá, não muito forte, mas o suficiente para fazê-la dar uns passos pra trás. Não esboço nenhuma reação enquanto a encaro. Ao que parece, tenho que me acostumar a - literalmente - dar de cara com ela o tempo todo na escola esse ano.

Apesar de seus protestos, saio sem dizer nada e vou para uma área afastada atrás dos prédios da escola, comer longe de todos os abutres e poder fumar um cigarro sem ser expulsa.

Coloco Road to Nowhere para tocar no celular enquanto aguardo o tempo passar para voltar pra aula. Aula essa que pareceu demorar uma eternidade, me fazendo agradecer internamente quando o sinal tocou. Coloco nos ombros minha mochila, que já estava pronta, e vou para a próxima tortura, na sala dos monitores.

Lá, sento em uma cadeira e puxo outra para colocar meus pés e observo quando ela entra na sala, parecia um pouco nervosa e que ficava ainda mais com o meu silêncio.

- Sabe, podemos transformar essas duas horas em uma... Se você não contar, eu também não conto. - Não custava tentar.