18 - Sobrancelha repreensiva

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POV Hannah Alter



Observo todo o caminho que ela faz até a cadeira ao meu lado e estico o braço em sua direção. Quando ela segura a minha mão é uma sensação estranha, era quase confortável. Não. Definitivamente era confortável. Mas durou pouco. Quando o álcool entrou em contato com a ferida, eu não passei de uma criança que teve o joelho ralado. Precisei fechar os olhos e morder o lábio com força para não dar uns gritinhos de dor que seriam, com certeza, ridiculos e eu não faria esse papelão na frente dela. Instintivamente eu tentei puxar a mão, mas ela segurava com força, então era em vão.



Depois de um tempo o desconforto maior passou conforme ela colocava o curativo. Escuto em silêncio suas palavras, pareciam ser sinceras. Ela não me aborrecia exatamente. Talvez só um pouco, mas não ela em si, as circunstâncias. Me contento em dizer apenas um obrigada, com um sorriso tímido demais para se fazer perceptível, quando ela retorna ao seu lugar.



Infelizmente foi apenas um breve momento de descontração pois logo voltamos à realidade dos estudos, mas até que eu não estava mais decidida a reagir negativamente a tudo. Vou apenas fazer as coisas do jeito dela.



Pego seu caderno, não muito satisfeita, e passo o olho rapidamente para me preparar psicologicamente para, de fato, tentar prestar atenção.



Até tentei ler, de verdade, mas seu olhar em mim estava me desconcentrando um pouco. Eu acabava olhando para ela, por simples reflexo, mas logo era repreendida com sua sobrancelha erguida e voltava a enfiar a cara no texto. Numa dessas deixei escapar um sorriso, ela deve ser muito mandona.



Uma mandona certinha e uma teimosa rebelde, o que poderia dar errado?



Me distraí com esse pensamento por alguns minutos. mas consegui, finalmente, terminar de ler.



- Pronto... - Devolvo o caderno a ela - Juro que dessa vez eu prestei atenção.



Ela parecia não estar muito certa da veracidade das minhas palavras, pela forma desconfiada como me olhou, mas engoliu mesmo assim.



Certamente ela me passaria algum dever agora e eu certamente tentaria fugir disso, então me adianto a puxar algum outro assunto que a distraísse.



- O que você fez de tão ruim pra ter que ficar aqui comigo depois da aula? Você não preferia estar fazendo outra coisa? Sair com suas amigas ou... Namorado, sei lá.



A verdade era que eu não sabia nada sobre ela e, se vamos ter que conviver por tanto tempo, acho que eu preferia conhecê-la melhor. Mas, além disso, eu estava realmente curiosa para saber.


Don't call me angel - Harelly Pt. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora