Capítulo 68

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||Thomas Garcia Campos||

Passei perfume e ajeitei minha correntinha, tirando ela de dentro da camisa.

Me virei pra pegar a carteira e o meu celular em cima da cama, até ver o nome da Ana Luísa aparecendo no visor, indicando uma chamada dela.

Ligação On📲

-Oi. - falei sem muita importância e escutei a respiração funda dela

-Cara, sinceramente, isso não era pra ser tratado pelo celular. Mais não tem outra forma, pelo visto. - falou com um tom frio - Se for pra fingir que nada tá acontecendo, Thomas, você me avisa que eu sumo da sua vida. Eu não vou tá encomodando ninguém. Muito menos pegando no pé de quem não quer nada!

-Pirou, Ana Luísa? Qual foi caralho? Do nada tu me liga mais cedo, fala pra mim que possívelmente vai morar aí, na viagem que só era pra ser uma semana, com um filho da puta que é cheio das más intenções pro teu lado, e o errado sou eu? Tu quer que eu fiquei como, porra!? Me fala! - falei puto, e ela gargalhou irônica

-Eu tô falando sobre a gente, Thomas! Eu não tô falando do Arthur, eu não tô falando do meu trabalho, eu não tô falando do planeta Terra e dos problemas que tem nele. - respirei fundo, tentando não perder a paciência - Cara, a gente tava numa boa, semana passada, do nada você muda comigo, fica frio, distante, eu ligo pra você, e você mal conversa.

-Tu que o que, Ana Luísa? Papo reto mermo! - falei grosso

-Eu quero você, porra! Que saco, vai pra casa do caralho, Thomas. - gritou bolada e eu ri negando, desacreditado mermo - Foda-se oque eu tenho que fazer, as consequências disso, ou tudo a nossa volta. Eu não quero saber de nada porra, será que é tão difícil te querer numa paz? Vai se fuder!

-Quando foi que eu abrir a boca pra falar que eu não te quero, maluca? Deixa de ser psicopata, garotinha. - falei rindo - Não consigo agir como se tivesse tudo bem cara, pra mim não é assim que as coisas funcionam. Não adianta te querer, se tu tá na casa do caralho, sua filha da puta.

-Vou te sequestrar pra cá, sinceramente. Você e uma garrafa de água de dois litros, eu passo um mês de boa, trancado em um quarto. - falou na maior paz e eu dei risada - Para de ser assim comigo, eu tô tentando, pela gente. - murmurou mais calma

-Porra, eu também tô... Mais tá foda, Ana Luísa! - falei gesticulando, como se ela fosse ver algum bagulho - Tu vai me deixar doido qualquer dia desses, caralho. - ela deu risada

-Eu te amo, escroto. - falou manhosa, me desmontando real

-Pô diaba, tu sabe que eu te amo, filha da puta. - murmurei coçando a cabeça e ouvi a risada dela

Ouvi a companhia do Apê tocando e suspirei fundo, guardando a minha carteira no bolso.

-Vou sair com os moleque, Ryan agitou pra um role hoje, um barzinho perto da praia. Geral tá indo com a gente.

-Manda beijo pras meninas, se cuida, fica esperto eu hein? Qualquer bagulho chega rapidinho nos meus ouvidos. - ameaçou e eu ri - Te amo, bebê.

-Se cuida garota, te amo.

Ligação Off📲

Guardei o celular no bolso e sai do quarto, indo abrir a porta.

-Tem que vir buscar a donzela em casa pra não se perder no caminho, é caralho? - Ryan falou cruzando os braços e eu revirei os olhos, pegando a chave da minha Evoque nova em cima da bancada

-Mete o pé logo caralho, sem tempo pro teu falatório. - murmurei chamando o elevador e ele riu

-Todo putinho, o Thomas de cinco messes atrás voltou. - falou entrando no elevador junto comigo

-Quero nem bater boca hoje. - olhei pra ele, fechando a cara, e ele levantou as mãos pra cima, se calando

Assim que a gente chegou no estacionamento, segui pro meu carro, destravando, e entrei do meu lado, enquanto o Ryan fez o mesmo.

Liguei o carro e arranquei com o mesmo em direção ao bar.

[...]

Tava na minha, bebendo na paz a minha cerveja, enquanto o resto do pessoal conversava. Uma vez ou outra eu entrava na conversa, mais preferia tá na minha mermo.

-Não vejo a hora da Ana Luísa chegar, papo reto mesmo, o chefinho tá puto e é por causa da cremosa. - Ryan falou rindo e eu neguei, levando meu copo de cerveja até a boca - Eu não aguento mais ele me xingando, me sinto uma puta desvalorizada!

-Tá até fumando pô. O bagulho não tá bom mesmo! - o Apolo apontou pro cigarro que eu tinha entre os dedos

-Dois irritantes do caralho, vão procurar oque fazer. - falei batendo a cinza do cigarro

Já tava tarde pra caralho, o primeiro bar a gente já tinha fechado. A ideia foi a de sempre, vir pra lapa, lançar a famosa saidera.

-Não, mais sinceramente, role sem Ana Luísa, não é um role que se prese. - Kamila falou com a Maya, que concordou fazendo uma cara triste

Respirei fundo e desviei o meu olhar pra rua. Já tava fingindo desse assunto com a Ana Luísa mermo, invento de sair, pra esses filhos da puta tá no meu ouvido igual papagaio.

É de fuder mesmo!

Me levantei jogando a piola de cigarro na rua, e caminhei pra dentro do bar, indo em busca de um banheiro.

Assim que encontrei, entre indo dar um mijão e sai lavando as mãos.

Fui caminhando de volta pra mesa, até a desgraçada da Mia puxar o meu braço pra trás, querendo fingir ter esbarrado em mim.

Só quem tem o direito de esbarrar em mim, é minha gostosa!

-Caralho mermã, o bar é tão pequeno assim pra tu não ter espaço pra passar? Tem que sair derrubando os outros. - murmurei já puto, fechando ainda mais a cara

-Que nada, as vezes o destino faz a gente tropeçar em certas pedras. - murmurou jogando o cabelo pro lado, com um sorriso cínico na boca - Não tem medo de ser corno não, Thomas? Acho que você deveria ser mais esperto. Tua mulherzinha tem um certo admirador no pé dela lá. As vezes bate uma carência, a gente acaba fazendo merda sem pensar...

-Gente da tua laia que faz coisas desse tipo, a Ana Luísa, minha mulher, não. - falei cruzando os braços, encarando bem os olhos dela - Deveria dar esse conselho pro teu namorado, né pô? Que vive dando corda pra tu aí, nem faz ideia das merda que tu aprontar pelas costas dele. Fica esperta tu, caralho. O Apolo tá cego mais ele não é bobo! - ela fechou o sorriso na hora - Uma hora ou outra ele vai pegar um vacilo teu, não vai demorar muito, ele vai descobrir quem tu é mermo.

Dei as costas, deixando ela lá, e voltei pra mesa. Tirei minha carteira do bolso e coloquei duas notas de cem em cima da mesa. Falei com geral e fui me saindo dali.

Já tava chato pra caralho, só tava precisando de um motivo pra meter o pé pra casa de vez.

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