Capítulo 46

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||Thomas Garcia Campos||

Me sentei do lado da Ana Luísa, vendo ela com os olhos brilhando, encarando a iluminação perfeita da cidade, a visão foda pelo que tinha de cima do morro do Pão de Açúcar.

-Nunca tinha vindo aqui? - perguntei olhando pra ela

-Acredita que não? - deu risada - Nascida e criada no Rio, e nunca tinha pisado aqui. Agora tô vendo o quanto eu perdi.

-A nova raponzel. - neguei com a cabeça e ela bateu no meu braço, dando risada - Tô mentindo, pô?

-Eu saio sim, Thomas. Só nunca tinha vindo aqui! - olhou pra frente - Meus rolês eram outro estilo. Nada calmo, sempre gostei de coisa agitada, com muitas pessoas. - me olhou - Até que você tá sendo legalzinho ultimamente.

-Tem muita coisa sobre mim, que tu não sabe. - mumurei desviando meu olhar do dela

-Tenho todo tempo do mundo pra saber. - senti a mão dela entrelaçando na minha, e voltei a olhar pros olhos dela - Nunca vou te julgar, pô. Acho até que já te demostrei isso! Você era uma pessoa completamente fechada comigo, e olha o quanto a gente evoluiu em dois messes de convivência? - deu risada - Eu não ia com a sua cara, mais você também não ia com a minha. Não acha que tá na hora da gente concretizar essa amizade?

-Não sou teu amigo. - dei de ombros, soltando minha mão da dela, virando o rosto, respirando fundo

-Você entendeu oque eu quis dizer, Thomas. - suspirou - Me desculpa pelo oque eu vou te falar agora, mais eu preciso esclarecer isso. - mumurou e eu olhei de canto pra ela - Quando eu falava que você era diferente do Apolo, eu não tava comparando você a ele. Eu tinha um visão diferente de vocês dois, eu conhecia melhor ele, e menos vocês. Se eu errei, me desculpa, eu não te conhecia o suficiente pra opinar alguma coisa. Eu só não tinha chegado a conversar contigo, tentar entender teu jeito, sei lá...

-Me conhece agora? - mumurei sério, sem olhar pra ela

-Ainda não, como eu gostaria, mais eu já conheço. - olhei pra ela, vendo a mesma sorrir fraco - A gente é igual nisso, sabia? De querer se fechar pras pessoas, com medo de mostrar nossas fragilidades, e nos tornarmos vulneráveis. A diferença, é que você é muito mais fechado doque eu.

-Cresci assim Ana Luísa, não foi um bagulho que eu escolhi ser, eu apenas sou assim, vou morrer assim. - falei um pouco grosso, e ela respirou fundo

-Não tô pedindo pra você mudar, cara. Eu só tô te falando que eu te entendo, mesmo você não me dando abertura pra te ajudar a ver as coisas de uma forma diferente. A gente podia superar isso juntos, oque tu acha? - deitou a cabeça no meu ombro, me olhando com um sorriso no rosto, igual criança

-Tô repensando se realmente valeu a pena ter ficado contigo. Namoral neguinha, tu fala demais. - fiz careta e ela gargalhou, me batendo - Para de ser agressiva, diaba do caralho!

Ela respirou fundo, e fechou os olhos, ficando em silêncio. Olhei pra ela, e fiquei na minha, voltando a olhar pra frente, vendo o Rio de Janeiro gigante, completamente iluminado.

-Eu acho que a gente tá envolvido demais. - ouvi a Ana Luísa mumurar, e olhei pra ela, vendo a mesma de olhos fechados

-Endoidou, foi? - perguntei sem entender, e ela se afastou, me olhando

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