||Thomas Garcia Campos||
Fazia uma semana que a Ana Luísa tinha tido alta do hospital, e sem dúvida nenhuma, a tarefa mais difícil tava sendo colocar na cabeça dela que não podia fazer esforço.
Reclamava o tempo inteiro de não poder trabalhar e fazer as paradas dela por conta própria.
O mais foda, era controlar minha paciência, que eu já não tinha, mas dessa vez foi toda pra casa do caralho.
Hoje não seria diferente.
Encarei seu rosto emburrado e seus braços cruzados enquanto me olhava, sentada no sofá. Passei a mão na minha nuca e joguei a cabeça pra trás, respirando fundo.
-Eu queria mesmo entender qual a necessidade de eu te explicar um bagulho tão simples. - falei abrindo os olhos aos poucos, contando até dez mentalmente - Uma coisa que tu mesmo deveria se tocar, mas não faz.
-Thomas, a Mia tá na mesma situação que eu, mas de um jeito bem pior. - volto a falar alto - A nossa filha tá bem, mesmo com o susto que a gente tomou, a gente sabe e tem a certeza que ela tá bem! É o Davi? Quem garante pra Mia que ele tá bem? - se levantou do sofá, vindo pra minha frente, encarnado o meu rosto
Por que caralho essa mulher tinha que ser tão teimosa?
-E tu indo lá vai servir de algum bagulho? Tu é médica por acaso? - fechei a cara olhando pra ela - Tô ligando que a situação não é fácil, mais tu não pode tirar isso como se a situação dela fosse a mais grave. Pensa na tua situação! Pensa na tua filha. Não banca a mulher maravilha que tu não é, tu não tem peito de aço. Pensa nas consequências dos teus atos e lembra que tudo oque tu fizer, vai afetar a tua filha.
-Eu sei, porra!
-Não sabe Ana Luísa, não sabe. - alterei a minha voz, e logo respirei fundo, tentando controlar a minha sanidade - Se tu soubesse mesmo, eu não precisava ficar vinte e quarto horas por dia, te falando que tu não pode tá fazendo esforço desnecessário.
-Eu só quero ir no hospital! - abriu os braços bolada - Custa tanto pra ti me levar lá? Se não quiser, eu vou sozinha. Vou ir e pronto. - me olhou igual uma criança mimada
Já imagino a Júlia, se puxar o jeito mimado e teimoso da mãe. Caralho, eu tô muito fudido.
-Não vai! - falei firme, olhando nos olhos dela - Se fosse tu que tivesse na situação dela, tu acha mesmo que ela moveria um dedo pra te ver? Se toca, porra. Olha o mal que aquela mulher fez pra gente! Não é por que passou por meio mundo de merda que virou uma santa. Esse papel de boazinha comigo não rola.
-Certo você também não foi na história. Não banca de coitado por que comigo não cola. Colar a culpa toda na garota é fácil né? - gargalhou irônica - Ficava de gracinha com ela antigamente e agora vem meter essa pra cima de mim.
-Engraçado que não fui eu que dopei ninguém pra acabar com o namoro dos outros. - debochei olhando pra ela - Quero que tu me diga quantas vezes eu dei em cima daquela filha da puta. Nenhuma! Sempre tratei ela, como tratei a Maya. Levava na amizade. Tem geral de prova. Tu sabe, não paga de louca não. - falei por fim, dando as costas e indo pra cozinha
Já tava de saco cheio desse papo. Não aguentava mais a Ana Luísa o tempo inteiro no meu ouvido, desde que voltou do hospital, vive na minha mente querendo ir ver a outra lá.
Tô ligado em tudo oque aconteceu. De fato, sei que ela não merecia, nem uma mulher merece ter passado por essas porra que ela passou. Sou pelo certo, independente de gostar dela ou não.
Mas a verdade tem que ser dita! Se fosse a garotinha que tivesse na pele dela, ela não moveria um dedo pra fazer caralho nenhum. Se fosse tão boa quanto tá fingindo ser agora, não tinha feito oque fez com a amiga.
Se fode caralho. Não tem essa de ninguém bonzinho da noite pro dia não. Comigo, só se erra uma vez.
-Eu só tô me pondo no lugar da Mia! - ouvi a voz da Ana Luísa atrás de mim, entrando na cozinha, e respirei fundo, indo até a geladeira - Ela errou sim mais tá tentando acertar, repensando nas merdas que ela fez e você não tem nenhum direito de julgar. Ela foi desrespeitada como mulher. Sem rede de apoio nenhuma, mesmo tendo a porra de uma família gigante, ninguém teve do lado dela.
-Por escolha dela, Ana Luísa! - falei travando a mandíbula e ela tentou me peitar
Tava tentando manter a paciência, ela tava grávida, e mais agora com essa parada do descolamento da placenta, tinha que pisar em ovos com ela.
-Faz alguma diferença nessa porra? Não! Nenhuma. Os erros e as merdas que ela fez não se põe na balança a uma hora dessas, Thomas. Eu sem dúvida, foi uma das pessoas que ela mais magoou. A Mia me quebrou da pior forma possível que uma amiga pode fazer! Mais nunca, nunca na vida eu desejaria nada parecido pra ela. Além do mais, eu tenho um respeito enorme pela tia Sophia. Nenhuma mãe, por mais errado que o filho seja, vai querer o mal do filho. - apontou o dedo na minha cara - Eu vou naquela droga de hospital, que você me leve, ou não!
-Tu não me testa, Ana Luísa! - passei a mão no rosto com força
-Tá duvidando, é? Tu sabe que eu vou mesmo. Nunca fui de abaixar a cabeça pro caralho que fosse. Não me testa você! - cuspiu as palavras com ódio
Fechei a cara no máximo possível, encarando sua íris azuis dilatas por conta da raiva.
-Filha da puta tu vai acabar com o resto do meu raciocínio. - neguei com a cabeça e ela cruzou os braços, me olhando com deboche - Vai se trocar, vou vestir uma camisa e te levo naquele caralho.
Ela jogou o cabelo pro lado e saiu da cozinha rebolando aquela bunda imensa dela naquele short minúsculo de dormi. Neguei com a cabeça, passando a mão no rosto, coloquei o copo na pia e seguidamente a garrafa de água na geladeira.
Sai da cozinha e segui pro quarto. Encarei a minha mulher vestida apenas com uma lingerie vermelha enquanto andava pelo quarto. Travei a mandíbula e segui pro meu guarda-roupa, procurando uma camisa.
-Dá licença! - empurrou o meu braço tentando passar por mim, com o corpo praticamente colado no meu
Desgraçada, mandada do caralho!
Sabia que ela iria me testa, tava só esperando. Ana Luísa passou na minha frente, roçando aquela bunda gigante no meu pau, fingindo que iria procurar algum bagulho no guarda-roupa.
Neguei com a cabeça e estiquei meu braço, pegando uma camisa preta e me afastei, indo até o espelho.
-Vamo? - olhei pra Ana Luísa pelo reflexo do espelho, enquanto ela vestia um vestido longo
-Humrum. - murmurou e voltou a mexer no guarda-roupa
Passei meu perfume e sai do quarto, indo pra sala. Depois de alguns minutos, ela apareceu na sala, já pronta. Peguei a chave do carro e sai com ela de casa, rumo ao hospital.
(Hellow mutchatchos)
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Do Nosso Jeito
Romance"...Quer saber? Que se dane esse povo todo, nosso amor não precisa de plateia. Do nosso jeito torto, fica tudo certo, ô povo curioso, deixa a gente quieto, uôô... Fazer o quê, se até as nossas brigas são perfeitas?..." Dois corações, Duas pessoas qu...