Capítulo 92

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||Ana Luísa Sanches Almeida||

Peguei a água em cima da mesa, há minha frente, e levei até a boca, dando um gole.

-E difícil pra caralho lidar com isso, eu me culpei muito por certas situações aonde eu não tive culpa. Achei que tinha errado como mãe, quando eu tentei dar o meu melhor. - tia Sophia falou, olhando pra minha mãe e pra Débora, que estavam na mesa - Mais a questão não era essa, sabe? Eu fiz o máximo que eu pude, dei o meu melhor! Podia sim, ter feito mais, mas não deu. Fiz tudo oque estava ao meu alcance. Se errou, não foi por minha culpa ou pelo modo que eduquei.

-Você fez o seu papel, Soph. - tia Débora falou, bebericando seu copo de whisky

Queria tanto um golinho...

-Filhos é isso. E dor de cabeça, estresse, preocupação... E isso tudo, e pra vida toda. - ela disse - A gente tem esse jeito de querer por a mão na frente, não deixar os nossos filhos passar por nada de ruim, mais a gente esquece que é a vida deles, não a nossa.

-Só se aprende com os erros. - minha mãe concluiu - Eles são jovens, precisam passar por certas coisas que a gente não vai ter como intervir. O importante não é livrar eles de tudo, é ser a rede de apoio quando eles voltarem machucados. É servir, amar é cuidar, mais sem se por a frente da situação, querendo impedir.

-Por exemplo o Thomas... - Débora citou e todo mundo que tava na mesa, olhou pra mim automaticamente

Ih gente, entendi nada.

-Sempre foi fechado pra tudo! Comigo e com a Deise ele era mais solto, fora isso, era de cara fechada pro mundo. Não gostava de conversa, de se expressar... - Débora me olhou - Mais aí, chegou um serzinho que mudou tudo nele. Eu como mãe, não consegui! Também achei que fosse minha culpa, a forma que eu criei, mais não vinha de mim, não era sobre mim, era sobre ele!

Deu até cede.

-Acho que eu tô entendendo... - minha mãe murmurou ajeitando seu óculos escuros no rosto - Mais Sophia, voltando pro assunto em questão... - obrigada Deus - Ela é sua filha independente de tudo! Precisa do seu apoio mais doque nunca. Vi aquele menina crescer, a criação dela, foi a mesma do Ryan, da Maya e do Guilherme, e nenhum dos três foram iguais a ela. O erro tá nas nossas escolhas, nas escolhas dela. Se ela quer mudar isso, precisa da sua ajuda, você tem o dever de tá do lado.

-Como o Felipe tá com essa história? - Débora perguntou

-Abalado, né. - tia Sophia deu de ombros, olhando em direção aonde o Felipe estava - O problema é que ele demonstra menos. Tenta mostrar que tá tudo certo, que nada abala, mais eu sei o quão mal ele tá por dentro.

-Felipe foi assim a vida inteira. - tia Débora falou, fazendo um coque no cabelo - Desde de sempre mesmo! Ele fez a mesma coisa quando se apaixonou por ti, quando tu foi embora de volta pra São Paulo. Ficou aqui igual um cachorro moribundo, abandonado, mais fingia que era o macho do ano, nada abalava. - fez careta e tia Sophia gargalhou junto da minha mãe

-Aquela época foi tensa. - tia Sophia falou negando

-Tensa sim, mais olha como vocês tão hoje? Quatro filhos, mais de vinte três anos juntos. - minha mãe falou - Quando tem de ser, é meu amor. - senti seu tom irônico e em seguida, um sorriso de lado dela foi lançado a mim

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