||Ana Luísa Sanches Almeida||
-Como assim grávida, Ana Luísa? Isso só pode ser brincadeira. - minha mãe riu sarcástica, assim que eu contei toda a história pra ela, enquanto meu pai apenas me encarava em silêncio e de braços cruzados, sentado no canto do quarto
-Quantas vezes eu te falei pra usar camisinha, Ana Luísa? Quantas, meu Deus! - passou a mão no rosto, enquanto andava de um lado pro outro naquele quarto - Eu te levei no ginecologista, quando você teve sua primeira vez, te falei que você não tinha uma mãe, tinha uma amiga! Sempre tentei ser isso pra você e pra sua irmã! Eu sempre passei o máximo de confiança possível pra vocês duas. Não me fala que não, por que eu não quero te arrebentar na porrada. Pra tu me esconder uma coisa dessas, Ana Luísa?!
-Eu não te contei, por que tava com medo. - falei pela primeira vez, e ela me encarou, com um puto olhar de decepção, oque me quebrou - Com medo da sua reação, que tá sendo do mesmo jeito que eu imaginava! Eu errei sim, mais eu assumi minhas consequências. Não sou nenhuma criança!
-E teu futuro, Ana Luísa? Me fala! E o futuro dessa criança? Oque tu pretende fazer, rainha do senso e da maturidade? - cruzou os braços, me olhando no deboche - Dezenove anos, Ana Luísa! Você só tem dezenove anos! Não conhece metade da vida, não sabe oque te espera, porra! Tu acha que um filho é só fazer e por no mundo? E essa a responsabilidade da maternidade pra você? Acorda pra vida, que a tua idade de acreditar em contos de fadas já passou.
-Eu sei mãe, eu sei disso! - passei a mão no rosto, jogando minha cabeça pra trás, no encosto da cama - Mais já é tarde, não tem como voltar atrás. E eu não vou tirar o meu filho, independente do que der. - olhei pra ela
-Não vai mesmo, sua irresponsável! Não foi mulher pra fazer, agora seja mulher pra aguentar. - apontou, enquanto sua voz mostrava sua total indignação - Fui mãe muito nova, eu tinha praticamente a sua idade. Se eu tô te cobrando tudo isso agora, e por que eu sei oque eu passei. Eu vivi, eu sofri, eu senti toda dor do fardo da maternidade! Eu tinha sim o teu pai do meu lado, mais no fim das contas, o peso cai sempre sobre a mãe. - bateu no peito, enquanto seus olhos se encheram de água - Quando eu descobrir que eu tava grávida de você, eu entrei em desespero! Sabe por que? Não foi por que eu não te queria, muito pelo contrário, foi pelo medo de não dar conta, de ser uma mãe boa o suficiente pra você! De olhar pro seu irmão pequeno, e ainda ter mais uma criança que dependia de mim, fora o meu trabalho. Mais eu que fiz a merda, né? - secou o rosto, aonde suas lágrimas já caiam - Eu sustentei! Fui mulher pra isso. Espero que tu tenha aprendido pelo menos isso comigo.
Engoli tudo aquilo em seco, sentindo um nó rasgar a minha garganta.
-Ayla chega, ela já entendeu tudo. - meu pai falou pela primeira vez, sem olhar pra nós duas e levantou da cadeira - Paro com o escândalo, tu tá num hospital.
-Pietro, não se... - meu pai cortou ela
-Me meto, e vou me meter pra caralho nessa história. Também sou o pai dela, e aí? - encarou ela - Já tá na cara que ela errou, mais tu vai voltar no tempo com toda essa palestra que tu acabou de dar? Coloca na tua cabeça, tua filha acabou de sofrer um acidente, caiu da porra de uma escada, podia ter morrido, perdido a criança, e tu tá aí surtando por causa de um bagulho besta?
-Bagulho besta? Tu tá mesmo falando da mesma coisa que eu? Pelo amor de Deus, Pietro! Vai querer tirar minha ordem a essa altura do campeonato? - falou ainda mais bolada
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Do Nosso Jeito
Romance"...Quer saber? Que se dane esse povo todo, nosso amor não precisa de plateia. Do nosso jeito torto, fica tudo certo, ô povo curioso, deixa a gente quieto, uôô... Fazer o quê, se até as nossas brigas são perfeitas?..." Dois corações, Duas pessoas qu...