S E R E N A F E R R E R
Tudo é nada, como um completo vazio.
O chão é como pisar sobre água, o horizonte é como um completo céu infinito de um azul intenso como a pedra Celesttian, e o silêncio é quase ensurdecedor.
Vejo meu reflexo na água turva sob minhas mãos e joelhos, e arregalo meus olhos assustada.
Mesmo meio borrada, é como me ver há milênios atrás.
Fico de pé automaticamente e percebo meus trajes.
O vestido da minha prisão.
A parte de baixo branca com o tecido azul escuro quase preto passando por meu ombro, enrolado por minha cintura e descendo por minha saia, roupas da minha época. Tremo só de pensar naquela época, daquele dia, mas o que mais me assusta é tentar entender o porquê isso está acontecendo.
Me viro olhando ao redor, mas paro assustada na meia volta quando à minha frente, distante, uma figura encapuzada está parada de costas, quieta, e um frio percorre meu estômago.
Isso não tem cara de ser algo bom.
— Quem está aí?
Minha voz ressoa nesse vazio e parece muito alta e profunda, como falar em uma caverna sem eco.
A figura se vira de lado apenas, a capa escura e longa revela a ponta de um vestido. Ele ser igual ao meu é o menor dos detalhes que me assusta, porque logo as mãos sobem até o capuz, puxando a barra para trás e fazendo o rosto da pessoa visível me desestabilizar por completo.
É irônico, pois como o colar e a pedra, eu não deveria estar surpresa com quem eu vejo agora, ser a minha mãe.
— Demorou bastante, e confesso que eu já estava ficando impaciente, mas valeu a pena a espera. — Sua voz dura e imponente me gela os ossos.
Miranda Ferrer enfim vira o rosto para me olhar.
A mulher está perfeita, jovem como a última imagem que tenho dela. De olhar penetrante e sério de íris escuras, cabelos longos e castanhos caindo em cascatas levemente onduladas, quase lisas, e apenas uma mecha branca na lateral esquerda do cabelo, detalhe feito com magia que simboliza que ela é a Bruxa-mor.
Além do maldito sorriso de canto que transborda insensibilidade e narcisismo.
Por todos os céus, como eu te odeio mamãe.
— Como isso é possível? — Rosno apertando forte minhas unhas nas palmas de minhas mãos.
A bruxa ri e como um passe, um piscar assustador, a proximidade diminui entre nós. Eu me assusto com minha mãe tão perto e na minha frente, e ainda mais quando ela ergue a mão para me tocar, mas eu me afasto.
— É bom te ver, Serena. Enfim esse momento chegou, minha filha. — Miranda sorri emocionada em pura loucura.
— Que momento? De que diabos você tá falando? Que lugar é esse? — Olho ao redor assustada.
— Isso, a princípio, é apenas um lugar projetado espiritualmente para nos encontrarmos. A pedra uniu nossos espíritos aqui.
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Serena: A Nova Bruxa dos Vingadores
FanfictionEm uma missão de reconhecimento local, os Vingadores acabam achando uma tumba nas profundezas do Iraque, uma catacumba escondendo um tesouro. Uma mulher, presa em sono profundo por milênios. Agora, em posse de uma relíquia e segredo global, nossos...