Luke foi sequestrado.
Estávamos em uma chamada enquanto ele dirigia de volta para a cidade e então, no meio de uma frase dele, a ligação se encerrou de forma abrupta.
Na hora achei que foi o sinal que caiu, mas agora já são dez da noite e ele disse que chegaria às sete, então tenho certeza de que algo ruim aconteceu naquele momento em que a linha ficou muda.
Luke foi totalmente sequestrado no meio da estrada.
Os sequestradores vão matá-lo.
Com o celular apertado entre os dedos, observo da sacada cada sinal de farol entrando na rua, mas nunca é o carro de Luke.
Já chega, tenho que fazer alguma coisa.
Disco os números no teclado. Dois toques depois, uma voz ressoa do outro lado.
— Polícia Militar, boa noite. Qual é a sua emergência?
— Oi, eu quero denunciar um desaparecimento — respondo com urgência na voz.
— Para denunciar um desaparecimento, a senhora precisa comparecer a uma delegacia após, no mínimo, vinte e quatro horas do desaparecimento — a voz dela é fria e robótica, como se não se importasse.
— Vinte e quatro horas?! Mas aí os sequestradores já terão matado ele!
— Senhora, há algum fundamento para suspeitar de sequestro? — Como ela pode usar um tom de indiferença desses?!
— Sim! Ele estava falando comigo ao telefone e do nada a linha ficou muda! E ele está atrasado mais de três horas!
— A suposta vítima do sequestro é da sua família?
— Ele é meu... — me interrompo.
O que Luke é meu?
Enquanto penso em um termo adequado, um carro prateado para na frente da casa de...
É o carro de Luke!
Meu coração dispara furiosamente.
— Senhora? — a voz chama do outro lado da linha.
— Cancela a denúncia, ele chegou! Desculpa te fazer perder tempo, dona policial. Boa noite! — Desligo rapidamente.
Saio em disparada, jogo o celular na cama de qualquer jeito, e em questão de segundos estou descendo as escadas na velocidade de um tornado.
Quando abro a porta, vejo Luke saindo do carro e meu coração ameaça explodir.
Luke me vê e abre um sorriso lindo.
Não enxergo nada pela frente enquanto atravesso a rua correndo. Luke se move para sair de trás do carro e abre os braços para me receber.
Pulo em cima dele, com as pernas em volta de sua cintura e os braços agarrados ao seu pescoço, como um macaquinho.
Luke me aperta em seus braços.
— Isso tudo é saudades? — ele pergunta cheirando meus cabelos.
— Você nem imagina.
Nem imagina o alívio de vê-lo são e salvo, e não nas mãos dos sequestradores.
Nem pode ficar sabendo o tamanho da saudade que senti durante esses dois dias em que esteve longe, se não vai me achar uma emocionada e exagerada.
Afasto o rosto para olhá-lo nos olhos.
O par de olhos claros sorriem para mim. E quando descem para a minha boca, sinto meu estômago gelar.
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O garoto dos olhos avelã
Teen FictionGraziella tem uma imaginação para lá de fértil, vive no mundo da lua e, por vezes, acaba se enfiando em situações embaraçosas. Sem planos de se apegar à nova cidade, ela sabe que a promessa de permanência do pai é daquelas que não se deve levar à sé...