20 - Questionando

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Luke foi sequestrado.

Estávamos em uma chamada enquanto ele dirigia de volta para a cidade e então, no meio de uma frase dele, a ligação se encerrou de forma abrupta.

Na hora achei que foi o sinal que caiu, mas agora já são dez da noite e ele disse que chegaria às sete, então tenho certeza de que algo ruim aconteceu naquele momento em que a linha ficou muda.

Luke foi totalmente sequestrado no meio da estrada.

Os sequestradores vão matá-lo.

Com o celular apertado entre os dedos, observo da sacada cada sinal de farol entrando na rua, mas nunca é o carro de Luke.

Já chega, tenho que fazer alguma coisa.

Disco os números no teclado. Dois toques depois, uma voz ressoa do outro lado.

— Polícia Militar, boa noite. Qual é a sua emergência?

— Oi, eu quero denunciar um desaparecimento — respondo com urgência na voz.

— Para denunciar um desaparecimento, a senhora precisa comparecer a uma delegacia após, no mínimo, vinte e quatro horas do desaparecimento — a voz dela é fria e robótica, como se não se importasse.

— Vinte e quatro horas?! Mas aí os sequestradores já terão matado ele!

— Senhora, há algum fundamento para suspeitar de sequestro? — Como ela pode usar um tom de indiferença desses?!

— Sim! Ele estava falando comigo ao telefone e do nada a linha ficou muda! E ele está atrasado mais de três horas!

— A suposta vítima do sequestro é da sua família?

— Ele é meu... — me interrompo.

O que Luke é meu?

Enquanto penso em um termo adequado, um carro prateado para na frente da casa de...

É o carro de Luke!

Meu coração dispara furiosamente.

— Senhora? — a voz chama do outro lado da linha.

— Cancela a denúncia, ele chegou! Desculpa te fazer perder tempo, dona policial. Boa noite! — Desligo rapidamente.

Saio em disparada, jogo o celular na cama de qualquer jeito, e em questão de segundos estou descendo as escadas na velocidade de um tornado.

Quando abro a porta, vejo Luke saindo do carro e meu coração ameaça explodir.

Luke me vê e abre um sorriso lindo.

Não enxergo nada pela frente enquanto atravesso a rua correndo. Luke se move para sair de trás do carro e abre os braços para me receber.

Pulo em cima dele, com as pernas em volta de sua cintura e os braços agarrados ao seu pescoço, como um macaquinho.

Luke me aperta em seus braços.

— Isso tudo é saudades? — ele pergunta cheirando meus cabelos.

— Você nem imagina.

Nem imagina o alívio de vê-lo são e salvo, e não nas mãos dos sequestradores.

Nem pode ficar sabendo o tamanho da saudade que senti durante esses dois dias em que esteve longe, se não vai me achar uma emocionada e exagerada.

Afasto o rosto para olhá-lo nos olhos.

O par de olhos claros sorriem para mim. E quando descem para a minha boca, sinto meu estômago gelar.

O garoto dos olhos avelãOnde histórias criam vida. Descubra agora