86 - Descobrir

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A sensação que tenho é a de que o mundo voltou para o eixo. Cada coisa está em seu devido lugar, pois o lugar de Graziella é nos braços de Luke.

Envolvida no calor dos braços do meu Luke, recebo carinho nos cabelos e suspiro de felicidade.

Luke está encostado na parede do vagão e eu estou sentada entre as pernas dele, com o corpo reclinado em seu peito, me recuperando do esforço físico da corrida.

Durante o beijo de reencontro, minhas pernas amoleceram, tanto pelo beijo maravilhoso quanto pelo esgotamento da carga de adrenalina liberada na corrida. Luke precisou me amparar.

Depois me ergueu pela cintura e me colocou sentada no chão de madeira vagão. Então viemos para a parte mais recuada no interior, onde a iluminação é mais restrita. As janelas de vidro estão cobertas por ramos de plantas, o que dificulta a entrada da claridade do dia, mas por algumas brechas entram feixes de luz solar.

— Desculpe, não queria ter feito você correr — Luke diz, acariciando os meus cabelos gentilmente.

— E tem coisa melhor no mundo do que correr para os braços do amor da minha vida?

Ele me aperta forte em seus braços e inala profundamente o cheiro dos meus cabelos.

Fecho os olhos aproveitando a sensação de ser amada.

— Sinto muito por ter demorado, Luke. Eu achei que a carta era de Lia, se soubesse que era sua, eu teria lido imediatamente e correria até você ontem mesmo. E hoje teríamos visto o sol nascer juntos — solto um suspiro triste.

— Temos muito tempo para ver o nascer do sol juntos. Podemos fazer uma maratona, se você quiser.

— Eu quero maratona de muitas coisas com você. Nem sei por onde começar — digo enquanto mudo a direção dos pelos no braço dele, deixando os fios apontando para diversas direções.

— Tudo o que você quiser — ele beija a lateral da minha cabeça.

Me viro para ficar de frente para ele.

— E se eu disser que o que eu quero é ver a sua versão bêbada fofinha de novo?

— Tudo, menos isso.

— Ah, vai, Luke. Eu vou adorar te carregar bêbado pela cidade em plena madrugada — dou um sorriso travesso.

Meu sorriso chama a atenção dos olhos avelã. Luke se inclina e me dá um selinho. Devolvo. Ele dá outro. Devolvo novamente. Nós dois sorrimos entre os lábios um do outro.

— Quando você aprendeu a dirigir? — ele pergunta, colocando meu cabelo atrás da minha orelha.

— Na verdade, eu não aprendi. Aquela foi a segunda vez que eu peguei em um volante. A primeira tinha sido algumas horas antes e eu bati o carro em uma lata de lixo.

Luke faz uma cara de espanto meio divertida.

— Mas eu precisava ir salvar a sua vida! — me defendo.

— Na velocidade que você dirigia, eu corria mais risco de vida dentro daquele carro — ele ri.

Amo esse sorriso.

— Fala isso agora, mas você estava se divertindo muito quando me chamou de piloto de Fórmula 1 — digo sem conseguir tirar os olhos da boca linda.

Luke percebe minha hipnose. Ele sorrateiramente beija um canto da minha boca, passa para o outro lado lentamente, roçando os lábios nos meus, e beija o outro canto, depois volta para o canto inicial e beija de novo.

Me sinto derreter com o contato de seus lábios macios.

— Você parecia mesmo um piloto de Fórmula 1 — ele diz dando um beijo mais demorado no canto. — Estava indo tão rápido que por um momento eu pensei que o carro fosse pegar voo.

O garoto dos olhos avelãOnde histórias criam vida. Descubra agora