A sensação que tenho é a de que o mundo voltou para o eixo. Cada coisa está em seu devido lugar, pois o lugar de Graziella é nos braços de Luke.
Envolvida no calor dos braços do meu Luke, recebo carinho nos cabelos e suspiro de felicidade.
Luke está encostado na parede do vagão e eu estou sentada entre as pernas dele, com o corpo reclinado em seu peito, me recuperando do esforço físico da corrida.
Durante o beijo de reencontro, minhas pernas amoleceram, tanto pelo beijo maravilhoso quanto pelo esgotamento da carga de adrenalina liberada na corrida. Luke precisou me amparar.
Depois me ergueu pela cintura e me colocou sentada no chão de madeira vagão. Então viemos para a parte mais recuada no interior, onde a iluminação é mais restrita. As janelas de vidro estão cobertas por ramos de plantas, o que dificulta a entrada da claridade do dia, mas por algumas brechas entram feixes de luz solar.
— Desculpe, não queria ter feito você correr — Luke diz, acariciando os meus cabelos gentilmente.
— E tem coisa melhor no mundo do que correr para os braços do amor da minha vida?
Ele me aperta forte em seus braços e inala profundamente o cheiro dos meus cabelos.
Fecho os olhos aproveitando a sensação de ser amada.
— Sinto muito por ter demorado, Luke. Eu achei que a carta era de Lia, se soubesse que era sua, eu teria lido imediatamente e correria até você ontem mesmo. E hoje teríamos visto o sol nascer juntos — solto um suspiro triste.
— Temos muito tempo para ver o nascer do sol juntos. Podemos fazer uma maratona, se você quiser.
— Eu quero maratona de muitas coisas com você. Nem sei por onde começar — digo enquanto mudo a direção dos pelos no braço dele, deixando os fios apontando para diversas direções.
— Tudo o que você quiser — ele beija a lateral da minha cabeça.
Me viro para ficar de frente para ele.
— E se eu disser que o que eu quero é ver a sua versão bêbada fofinha de novo?
— Tudo, menos isso.
— Ah, vai, Luke. Eu vou adorar te carregar bêbado pela cidade em plena madrugada — dou um sorriso travesso.
Meu sorriso chama a atenção dos olhos avelã. Luke se inclina e me dá um selinho. Devolvo. Ele dá outro. Devolvo novamente. Nós dois sorrimos entre os lábios um do outro.
— Quando você aprendeu a dirigir? — ele pergunta, colocando meu cabelo atrás da minha orelha.
— Na verdade, eu não aprendi. Aquela foi a segunda vez que eu peguei em um volante. A primeira tinha sido algumas horas antes e eu bati o carro em uma lata de lixo.
Luke faz uma cara de espanto meio divertida.
— Mas eu precisava ir salvar a sua vida! — me defendo.
— Na velocidade que você dirigia, eu corria mais risco de vida dentro daquele carro — ele ri.
Amo esse sorriso.
— Fala isso agora, mas você estava se divertindo muito quando me chamou de piloto de Fórmula 1 — digo sem conseguir tirar os olhos da boca linda.
Luke percebe minha hipnose. Ele sorrateiramente beija um canto da minha boca, passa para o outro lado lentamente, roçando os lábios nos meus, e beija o outro canto, depois volta para o canto inicial e beija de novo.
Me sinto derreter com o contato de seus lábios macios.
— Você parecia mesmo um piloto de Fórmula 1 — ele diz dando um beijo mais demorado no canto. — Estava indo tão rápido que por um momento eu pensei que o carro fosse pegar voo.
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O garoto dos olhos avelã
Teen FictionGraziella tem uma imaginação para lá de fértil, vive no mundo da lua e, por vezes, acaba se enfiando em situações embaraçosas. Sem planos de se apegar à nova cidade, ela sabe que a promessa de permanência do pai é daquelas que não se deve levar à sé...