— Corre, Grazy! — Luke gritou por cima do barulho alto da chuva, me levando pela mão. Ele estava sorrindo feito uma criança.
— Devagar! Eu não consigo te acompanhar! — gritei, me esforçando para correr mais rápido.
A chuva estava tão forte que uma névoa branca havia se formado na rua, dificultando a visão de tudo em volta.
Havíamos saído à tarde para um passeio pela cidade em que Mila mora e fomos surpreendidos pela chuva.
Meus pés doíam por causa da temperatura gélida. O casaco de Luke que eu vestia não estava dando conta de me aquecer.
— Luke! — gritei, tentando fazer a voz sobressair ao barulho da chuva. — Meus pés estão doendo. Vamos parar para descansar!
Ele parou imediatamente e se virou para mim.
— Vem, eu te levo nas costas — disse ele, passando as mãos em seus olhos para tirar a água que caía incessantemente. Seus cabelos pretos estavam colados à testa.
— O que?! Não! — meu queixo estava tremendo de tanto frio.
— Grazy, rápido. Você vai congelar. Está muito frio — ele fechou o zíper do meu casaco e ergueu o capuz sobre a minha cabeça.
— Não! Não precisa.
— Vou te pegar à força — falou, divertido. Mas eu sabia que ele me pegaria se eu não obedecesse.
E também sabia que seria pior se Luke me jogasse por cima dos ombros, então tinha que ceder.
Subi nas costas dele, grata por estar em contato com o calor de seu corpo.
Assim que chegamos na calçada da casa da tia dele, Luke parou, em plena chuva, e me colocou no chão.
Ele se virou para mim e me olhou com uma urgência que eu não consegui entender na hora.
— Luke? Por que parou? — perguntei, confusa.
Luke passou a mão pelos cabelos molhados, que pingavam sem parar. Sua camisa branca, encharcada, estava colada ao seu corpo. Era uma visão maravilhosa.
Ele segurou o meu rosto e encostou a testa na minha.
— Preciso te beijar agora — disse entre os meus lábios, me puxando pela cintura de forma a grudar os nossos corpos.
Então ele me beijou, ali mesmo, sob a chuva que caía em nós, mandando embora todo o frio do meu corpo.
— Seus malucos! Saiam da chuva!
Mila apareceu na porta da casa com as mãos na cintura, nos dando ordens como se fôssemos crianças
— Entrem logo! — ela gritou severamente, apontando o dedo para dentro da casa.
Obedientemente, Luke segurou a minha mão e me guiou na direção da porta.
— Eu deveria colocar os dois de castigo!
Assim que passamos por Mila, Luke a abraçou, molhando o vestido dela.
— Também te amo — e deu um beijo estalado na bochecha dela.
— Luke! — Mila gritou, empurrando-o. — Você me encharcou!
Ele apenas sorriu encantadoramente e continuou me levando.
— Vem, Grazy. Vamos continuar isso no quarto.
— Vocês vão limpar essa bagunça. Sabem como tia Suzi é chata com limpeza — Mila disse, apontando para os rastros de água que deixávamos ao caminhar na direção do quarto.
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O garoto dos olhos avelã
Roman pour AdolescentsGraziella tem uma imaginação para lá de fértil, vive no mundo da lua e, por vezes, acaba se enfiando em situações embaraçosas. Sem planos de se apegar à nova cidade, ela sabe que a promessa de permanência do pai é daquelas que não se deve levar à sé...