71 - Enroxar

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— Corre, Grazy! — Luke gritou por cima do barulho alto da chuva, me levando pela mão. Ele estava sorrindo feito uma criança.

— Devagar! Eu não consigo te acompanhar! — gritei, me esforçando para correr mais rápido.

A chuva estava tão forte que uma névoa branca havia se formado na rua, dificultando a visão de tudo em volta.

Havíamos saído à tarde para um passeio pela cidade em que Mila mora e fomos surpreendidos pela chuva.

Meus pés doíam por causa da temperatura gélida. O casaco de Luke que eu vestia não estava dando conta de me aquecer.

— Luke! — gritei, tentando fazer a voz sobressair ao barulho da chuva. — Meus pés estão doendo. Vamos parar para descansar!

Ele parou imediatamente e se virou para mim.

— Vem, eu te levo nas costas — disse ele, passando as mãos em seus olhos para tirar a água que caía incessantemente. Seus cabelos pretos estavam colados à testa.

— O que?! Não! — meu queixo estava tremendo de tanto frio.

— Grazy, rápido. Você vai congelar. Está muito frio — ele fechou o zíper do meu casaco e ergueu o capuz sobre a minha cabeça.

— Não! Não precisa.

— Vou te pegar à força — falou, divertido. Mas eu sabia que ele me pegaria se eu não obedecesse.

E também sabia que seria pior se Luke me jogasse por cima dos ombros, então tinha que ceder.

Subi nas costas dele, grata por estar em contato com o calor de seu corpo.

Assim que chegamos na calçada da casa da tia dele, Luke parou, em plena chuva, e me colocou no chão.

Ele se virou para mim e me olhou com uma urgência que eu não consegui entender na hora.

— Luke? Por que parou? — perguntei, confusa.

Luke passou a mão pelos cabelos molhados, que pingavam sem parar. Sua camisa branca, encharcada, estava colada ao seu corpo. Era uma visão maravilhosa.

Ele segurou o meu rosto e encostou a testa na minha.

— Preciso te beijar agora — disse entre os meus lábios, me puxando pela cintura de forma a grudar os nossos corpos.

Então ele me beijou, ali mesmo, sob a chuva que caía em nós, mandando embora todo o frio do meu corpo.

— Seus malucos! Saiam da chuva!

Mila apareceu na porta da casa com as mãos na cintura, nos dando ordens como se fôssemos crianças

— Entrem logo! — ela gritou severamente, apontando o dedo para dentro da casa.

Obedientemente, Luke segurou a minha mão e me guiou na direção da porta.

— Eu deveria colocar os dois de castigo!

Assim que passamos por Mila, Luke a abraçou, molhando o vestido dela.

— Também te amo — e deu um beijo estalado na bochecha dela.

— Luke! — Mila gritou, empurrando-o. — Você me encharcou!

Ele apenas sorriu encantadoramente e continuou me levando.

— Vem, Grazy. Vamos continuar isso no quarto.

— Vocês vão limpar essa bagunça. Sabem como tia Suzi é chata com limpeza — Mila disse, apontando para os rastros de água que deixávamos ao caminhar na direção do quarto.

O garoto dos olhos avelãOnde histórias criam vida. Descubra agora