79 - Errar

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Minhas costas tocam a cama enquanto o corpo de Adrian gentilmente cobre o meu, sem separar os lábios dos meus. Ele beija a minha boca apaixonadamente.

Não sinto mais a mesma raiva de minutos atrás, quando, ao ver seu carro parar no estacionamento, corri até o veículo, entrei e, sem dizer nada, lhe dei um beijo desesperado.

Ele ficou surpreso, mas retribuiu na mesma intensidade.

Eu estava com tanta raiva, tão magoada, que não consegui me concentrar no beijo. Por isso não sei dizer se o nosso primeiro beijo foi bom ou não.

Enquanto nos beijávamos eu só conseguia pensar na dor da ferida que Luke abriu em meu coração ao trair o nosso amor da forma mais cruel possível. Por outro lado, eu sentia que beijar Adrian poderia ser uma vingança.

Quanto mais eu pensava na dor, mais intensamente eu beijava Adrian. Ele, por sua vez, se deixou levar pelo desespero do meu beijo e me puxou para o seu colo.

Gostei da sensação e por isso, sentada no colo dele, enfiei os dedos em seus cabelos e puxei. Adrian reagiu com um grunhido baixo e apertou forte a minha cintura. Suas mãos começaram a passear livremente pelo meu corpo, me apalpando, me apertando.

A atmosfera dentro do carro ficou densa e eu poderia dizer que estava sentindo prazer com a intensidade do momento, mas não é verdade. Quanto mais o beijo avançava, mais minha mente me bombardeava com imagens indesejáveis de Luke e Victória na cama.

Beijar Adrian era pouco.

Luke tinha que sentir a mesma dor que eu.

E foi assim que interrompi o beijo para dizer:

— Vamos para os dormitórios antigos.

Ofegante, Adrian fez cara de surpreso.

Não tive tempo para considerar o que ele poderia estar pensando de mim. Não importava naquele momento.

De qualquer forma, Adrian estava envolvido demais no momento. O desejo em seus olhos era inegável. Então ele não titubeou ao concordar.

Meus passos rumo aos dormitórios foram certeiros. Também não me senti constrangida ao parar no estabelecimento farmacêutico do campus, no caminho, para comprar camisinha, pois a raiva me impedia de sentir qualquer outra coisa. Eu sabia que iria conseguir atingir Luke com isso. Sabia que iria lhe causar a mesma dor que eu estava sentindo.

Entretanto, agora, ao sentir o peso do corpo de Adrian sobre o meu, não me sinto mais tão confiante do que estou fazendo.

Adrian beija os meus lábios de forma apaixonada, totalmente entregue.

Com seu peito no meu, sinto a potência e velocidade dos batimentos de seu coração, mas o meu não bate no mesmo ritmo.

O meu está, na verdade, parando de bater aos poucos, por conta da dor e do desconforto interno.

Mesmo assim, tento ignorar o sentimento ruim e puxo a camisa dele para cima, antes que a covardia me impeça de prosseguir.

Retiro a camisa de Adrian, revelando a pele que se destaca sob a iluminação tênue do quarto.

Seus lábios ansiosos voltam para os meus rapidamente. Ele tem fome do meu beijo. Ele anseia por mim. Mas a minha mente, dividida entre o desejo de vingança e a dor da traição, torna o momento mais complexo do que eu esperava.

Enquanto Adrian se entrega à paixão, meu coração vacila. A intensidade do beijo contrasta com o vazio que se instala dentro de mim.

Minha voz interior clama por uma pausa, um momento de reflexão, mas a ânsia de fazer Luke sentir a mesma dor que me atormenta impulsiona-me a agarrar os cabelos de Adrian e beijá-lo com mais ardência. Ele gosta disso e um som de prazer escapa de sua garganta, entre os nossos lábios.

O garoto dos olhos avelãOnde histórias criam vida. Descubra agora