Lia é a primeira a terminar a prova, e eu, a segunda.
Assim que saio pela porta, meu braço é agarrado e sou arrastada pelo corredor.
— Vai devagar! — reclamo, quase correndo para acompanhá-la.
Lia entra no banheiro e me puxa junto.
Depois de verificar as cabines e constatar que estamos sozinhas, ela para na minha frente e cruza os braços.
— Fala logo, quero detalhes. Foi bom? Foi tipo romântico ou tipo selvagem?
Minha cara pega fogo.
— Não! Lia! Não aconteceu nada.
— Graziella, não me faça de boba. Eu sei que Luke dormiu na sua casa.
— Sim, ele dormiu, mas não fizemos nada.
Ela vira a cara.
— Falsa.
Me aproximo dela.
— Lia, é sério, acredite em mim. Se tivesse acontecido, eu ia te contar — pego a mão dela. — Como eu poderia não contar? Você é a minha melhor amiga.
Lia descruza os braços.
— Awn, Grazy. Sua melodramática — ela puxa minha mão, sem delicadeza alguma, e me abraça. — Você é a minha melhor amiga também. Principalmente por me fazer arrasar na prova de física.
— Nunca pensei que iria te agradecer por aquela tortura, mas obrigada por me fazer estudar tanto.
Rimos juntas.
Depois disso, seguimos pelos corredores vazios conversando sobre o assunto mais falado do momento: o aniversário de Bruna.
Lia é do tipo de pessoa que fica sabendo das fofocas, mas não sai espalhando, então as pessoas sentem confiança ao chegar no ouvido dela e dizer "Lia, não conta pra ninguém, mas...". Eu chamo isso de estar bem informada.
E como ela é a minha fonte confiável de fofoca, pergunto tudo o que há para saber sobre essa euforia com a festa de Bruna. De acordo com Lia, o pai de Bruna é um milionário que não poupa despesas com os aniversários da filha.
Como terminamos a prova cedo demais, há um longo tempo de espera até a aula de Luke acabar, por isso Lia perde a paciência (como se ela tivesse alguma) e vai embora à pé. Fico na biblioteca até dar o horário.
Distraída com um livro interessantíssimo narrado por uma árvore, perco a noção do tempo. A biblioteca fica longe do estacionamento, então saio em disparada ao ouvir a sirene.
Dou de cara com Jenifer no cruzamento de um corredor, quase esbarrando nela.
— Desculpe — me movo para desviar o caminho, mas ela se move junto.
— Grazy! Por onde andou? Faz tempo que não te vejo!
Na verdade, ela apenas me ignora nos corredores.
— Faz tempo que não te vejo também — respondo desinteressada.
— Estava mesmo querendo falar com você. Natan me contou que vocês conversaram e, pelo visto, você o animou. Ele disse que está empenhado em fazer amigos e até aceitou um convite meu para sair de casa. Obrigada por isso, Grazy — ela dá um sorriso de gratidão.
Então quer dizer que a minha interação com ele foi benéfica e não maléfica para o seu humor? Meu coração se aquece.
— Fico muito feliz de saber, Jenifer — sorrio para ela.
— Você é boa pessoa, Grazy. Já vi que não liga para fofocas — ela dá um sorriso de lábios fechados. — A gente precisa combinar de sair um dia desses. Você vai no aniversário de Bruna? Podemos marcar de ir juntas.
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O garoto dos olhos avelã
Roman pour AdolescentsGraziella tem uma imaginação para lá de fértil, vive no mundo da lua e, por vezes, acaba se enfiando em situações embaraçosas. Sem planos de se apegar à nova cidade, ela sabe que a promessa de permanência do pai é daquelas que não se deve levar à sé...