27 - Enciumando

3K 227 141
                                    

Lia é a primeira a terminar a prova, e eu, a segunda.

Assim que saio pela porta, meu braço é agarrado e sou arrastada pelo corredor.

— Vai devagar! — reclamo, quase correndo para acompanhá-la.

Lia entra no banheiro e me puxa junto.

Depois de verificar as cabines e constatar que estamos sozinhas, ela para na minha frente e cruza os braços.

— Fala logo, quero detalhes. Foi bom? Foi tipo romântico ou tipo selvagem?

Minha cara pega fogo.

— Não! Lia! Não aconteceu nada.

— Graziella, não me faça de boba. Eu sei que Luke dormiu na sua casa.

— Sim, ele dormiu, mas não fizemos nada.

Ela vira a cara.

— Falsa.

Me aproximo dela.

— Lia, é sério, acredite em mim. Se tivesse acontecido, eu ia te contar — pego a mão dela. — Como eu poderia não contar? Você é a minha melhor amiga.

Lia descruza os braços.

Awn, Grazy. Sua melodramática — ela puxa minha mão, sem delicadeza alguma, e me abraça. — Você é a minha melhor amiga também. Principalmente por me fazer arrasar na prova de física.

— Nunca pensei que iria te agradecer por aquela tortura, mas obrigada por me fazer estudar tanto.

Rimos juntas.

Depois disso, seguimos pelos corredores vazios conversando sobre o assunto mais falado do momento: o aniversário de Bruna.

Lia é do tipo de pessoa que fica sabendo das fofocas, mas não sai espalhando, então as pessoas sentem confiança ao chegar no ouvido dela e dizer "Lia, não conta pra ninguém, mas...". Eu chamo isso de estar bem informada.

E como ela é a minha fonte confiável de fofoca, pergunto tudo o que há para saber sobre essa euforia com a festa de Bruna. De acordo com Lia, o pai de Bruna é um milionário que não poupa despesas com os aniversários da filha.

Como terminamos a prova cedo demais, há um longo tempo de espera até a aula de Luke acabar, por isso Lia perde a paciência (como se ela tivesse alguma) e vai embora à pé. Fico na biblioteca até dar o horário.

Distraída com um livro interessantíssimo narrado por uma árvore, perco a noção do tempo. A biblioteca fica longe do estacionamento, então saio em disparada ao ouvir a sirene.

Dou de cara com Jenifer no cruzamento de um corredor, quase esbarrando nela.

— Desculpe — me movo para desviar o caminho, mas ela se move junto.

— Grazy! Por onde andou? Faz tempo que não te vejo!

Na verdade, ela apenas me ignora nos corredores.

— Faz tempo que não te vejo também — respondo desinteressada.

— Estava mesmo querendo falar com você. Natan me contou que vocês conversaram e, pelo visto, você o animou. Ele disse que está empenhado em fazer amigos e até aceitou um convite meu para sair de casa. Obrigada por isso, Grazy — ela dá um sorriso de gratidão.

Então quer dizer que a minha interação com ele foi benéfica e não maléfica para o seu humor? Meu coração se aquece.

— Fico muito feliz de saber, Jenifer — sorrio para ela.

— Você é boa pessoa, Grazy. Já vi que não liga para fofocas — ela dá um sorriso de lábios fechados. — A gente precisa combinar de sair um dia desses. Você vai no aniversário de Bruna? Podemos marcar de ir juntas.

O garoto dos olhos avelãOnde histórias criam vida. Descubra agora