É forte, ritmada e reconfortante a pulsação do coração do meu Luke na palma da minha mão.
Ficar deitada na cama com ele, com a mão por dentro de sua camisa, virou o meu mais novo hábito.
Na verdade, tenho feito muito isso nesses três dias desde que Luke saiu do hospital.
Eu praticamente estou morando na casa dele.
Almoçamos juntos e depois vem a minha soneca da tarde na cama dele. Acabei contagiando Luke com a soneca vespertina, então passamos parte da tarde dormindo abraçados no frio gostoso do ar-condicionado.
No resto do tempo, assistimos a filmes com Mila, jogamos UNO, brincamos de mímica e outras coisas de irmãos. O jantar também é na casa dele.
Como tenho feito quase todas as refeições na casa de Luke, o obrigo a comer todo tipo de coisa verde para garantir que fique bem saudável e acelere sua recuperação. Ele odeia.
Meus pais têm sido compreensivos comigo passando tanto tempo na casa de Luke. A única coisa para a qual não tenho permissão é dormir na casa dele, o que é uma injustiça sem tamanho. E uma burrice, porque se fôssemos fazer alguma coisa, seria quando estamos acordados e não dormindo.
Além do mais, Luke ainda está proibido de fazer atividades físicas, e eu imagino que precisa-se de esforço físico para... bom, para fazer coisas na cama além de dormir.
A maior chateação dele é em não poder correr, Luke adora as corridas matinais. Prometi para ele que na semana que vem, quando ele estiver liberado para correr de novo, vou correr com ele. Já estou arrependida da promessa.
Nesse momento, deitados na cama, escutamos músicas de uma playlist que contém a sequência assim: uma dele, uma minha, uma dele, uma minha.
Estamos na nossa posição habitual: Luke deitado de barriga para cima com um braço me envolvendo por baixo do meu corpo, enquanto eu estou deitada de lado, colada ao seu peito, com a mão dentro de sua camisa.
A música em reprodução agora é uma da banda favorita dele, Lifehouse.
— Você é o roqueiro mais fajuto que eu já conheci na vida — digo, acariciando o peito dele lentamente. — Não era para você deixar o cabelo crescer até o meio das costas, usar lápis de olho e pintar as unhas de preto?
Luke faz uma careta engraçada.
— Acho que não era, não — ele discorda.
— Pois você está sendo roqueiro errado. Se eu fosse roqueira, ia ser bem perigosa e bem gótica.
— Você já é perigosa e gótica o suficiente sendo do mpb. Agora vem aqui, minha perigosa gótica do mpb. — Luke puxa o meu corpo para ficar totalmente em cima dele.
— Ei! Isso daria um belo nome de usuário no Twitter — pego meu celular embaixo do travesseiro e abro o aplicativo, enquanto Luke enfia o nariz em meus cabelos e sobe as mãos pelas minhas costas. Edito meu usuário e viro a tela para ele. — Mudei meu nome, gostaram?
Luke afasta o rosto dos meus cabelos para olhar.
— Perigótica do mpb? — ele lê, rindo.
Felizmente, Luke detesta redes sociais e eu não corro o risco de ele me seguir no Twitter, se não veria o monte de coisa que já tuitei sobre ele desde o primeiro dia que nos falamos.
— Se você tivesse Twitter, podia colocar o nome 'Perigótico do rock', para combinar comigo.
Luke pega o celular da minha mão e começa a mexer como se fosse dele.
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O garoto dos olhos avelã
Teen FictionGraziella tem uma imaginação para lá de fértil, vive no mundo da lua e, por vezes, acaba se enfiando em situações embaraçosas. Sem planos de se apegar à nova cidade, ela sabe que a promessa de permanência do pai é daquelas que não se deve levar à sé...