Epílogo

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Os dois homens da minha vida caminham em minha direção.

Sentada sobre uma toalha estendida na grama, embaixo da sombra benevolente de uma árvore no parque, observo-os retornando dos balanços.

Há dois anos e meio, essa coisinha adorável chamada Ian chegou às nossas vidas.

Ian é um menino incrível. Meigo e gentil.

Não significa que seja uma criança quietinha, porque ele não é.

É bem agitado. Depois que aprendeu a andar vive correndo pela casa o dia todo, bagunça tudo e no fim do dia deixa os pais esgotados, mas nós amamos até mesmo essa parte.

Ele é muito festeiro, ama sair de casa. E é bem insistente quando quer uma coisa, nunca desiste.

Cada dia que passa, se parece mais com o pai. Os olhos avelã, os cabelos pretos e macios, o amor por mim.

É o meu mini Luke.

E agora tenho dois garotos dos olhos avelã.

Ian também tem algumas características minhas, mas as maiores semelhanças são com o pai.

Luke diz que nosso filho tem o mesmo olhar sonhador que o meu, pelo qual ele se apaixonou logo que me conheceu.

Aposto que Ian vai ser um cavalheiro, gentil e romântico como o pai dele.

Lia vive dizendo que Ian é tão lindo, mas tão lindo, que quando crescer vai fazer as mulheres caírem aos seus pés quando passar por elas. Ela fala que ele vai ser o maior pegador.

Não concordo quando Lia diz isso, pois tenho certeza de que meu filho vai ser igualzinho ao pai. Luke também é lindo de doer e nem por isso saiu pegando todo mundo.

Minhas apostas de que Ian e Laura serão namorados quando crescerem ainda estão de pé, mas Lia afirma que Laura não vai namorar antes de trinta anos.

Laurinha é tão educada e inteligente. Adoro levá-la para a minha casa e transformá-la na minha bonequinha, fazendo penteados e vestindo-a com vestidos de princesa para brincarmos de castelinho.

Quando junta Ian, Laura e Alice, a casa vira de cabeça para baixo.

Luke é um pai muito presente e participa ativamente das brincadeiras malucas que eu invento com as crianças.

O trio o adora. E ele diz que já temos três filhos.

Os planos para um quarto filho estão distantes. Talvez quando tivermos uns trinta anos.

Ah, meu Deus, vou ter uma filha daqui a quatro anos?!

Já estou ansiosa para ver Luke sendo pai de menina.

Vou deixá-lo escolher o nome.

Qual será o nome que ele vai escolher para ela?

Se for um nome feio não vou deixar.

A teoria da conspiração de Lia é a seguinte: Luke e eu a idolatramos tanto que, inicialmente, planejávamos dar o nome dela a uma filha nossa. Mas como veio um menino, adaptamos o nome para Ian.

É óbvio que isso só faz sentido na cabeça doida dela.

Assisto apaixonada o vento bagunçar os cabelos espessos do meu filho, que cobrem metade da testa, enquanto ele continua se aproximando de mãos dadas com meu marido.

Ele inclina o pescoço para olhar para o pai e fala alguma coisa. O pai olha para ele também e responde. Eles parecem conversar sobre algo muito sério.

Os passinhos curtos do meu filho param quando os dois já estão de frente para mim.

— Grazy, acho que seu filho tem uma coisa importante para falar — Luke informa seriamente.

— Coisa importante? — pergunto desconfiada, olhando de um para o outro. — Fala, meu amor.

Ele olha para Luke, que afirma com a cabeça.

Ian olha para mim com uma expressão séria.

Os olhinhos avelã do meu filho, um tantinho de nada mais escuros que os do pai, são os mais fofos do mundo, e brilham como as estrelas.

Ele tira a mão das costas e estende para mim uma flor branca. Um jasmim.

— Mamãe, você é a minha flor mais linda.

Isso foi a minha tradução. O que ele disse mesmo foi:

"Mamãe, voxê meu fô mais ninda."

Olho para Luke, que se faz de desentendido como se não tivesse nada a ver com isso.

Pego a flor da mãozinha de Ian e levo ao nariz, inalando o cheiro suave.

— Obrigada, meu amor — agradeço com um largo sorriso bobo.

Ele dá mais um passo e me abraça pelo pescoço, me envolvendo com os bracinhos pequenos.

Dou um beijo em sua bochecha macia e redonda.

Ele sorri todo fofinho e se senta de frente, brincando com os carrinhos ali espalhados.

Luke se senta ao meu lado, pega a flor em minha mão e prende acima da minha orelha.

— Também quero um beijo seu — ele diz, me olhando com seus lindos olhos avelã.

— Tenho um estoque infinito de beijos para te dar — chego bem perto, sorridente, e dou um beijo em seus lábios.

Ele sorri satisfeito.

Luke passa o braço ao redor dos meus ombros, me puxando para mais perto, e eu recosto a cabeça em seu peito, abraçando seu corpo.

Juntos, observamos nosso filho brincar com os carrinhos no ar como se fossem aviões.

Um suspiro me escapa diante da sensação de coração transbordando de felicidade.

São momentos como este que nos trazem o sentimento de realização e o pensamento de que alcançamos nosso "felizes para sempre".

Mas determinar quando atingimos esse estado é uma tarefa difícil, porque a vida não para de acontecer quando nos sentimos no ápice da felicidade.

A vida é composta por momentos, alguns extremamente tristes e outros incrivelmente felizes. As experiências difíceis nos fortalecem; mas também nos fazem valorizar muito mais os momentos de alegria.

Por isso, não gosto de usar o termo "final feliz", pois, apesar de ter alcançado um estado pleno de felicidade, eu não diria que isso é um final.

Isso...

É apenas o começo.

O garoto dos olhos avelãOnde histórias criam vida. Descubra agora