O garoto dos olhos avelã

33 - Apresentando

Sempre achei nomes curtos muito bonitos. Por isso, quero um nome dissilábico. Se for menino, vai se chamar Ian. Se for menina...

— O que está fazendo?

— Nada! — fecho o caderno de uma vez.

Luke jamais poderá saber que eu estava escolhendo o nome dos nossos futuros filhos.

— Por que está aqui sozinha? — pergunta, estendendo a mão para mim.

— Minha aula acabou mais cedo, Lia não quis te esperar, aí eu vim julgar capas de livros — explico enquanto me levanto do chão com a ajuda dele.

Antes que eu possa começar a andar para sair da biblioteca, Luke segura o meu cotovelo.

— Tenho uma proposta indecente para fazer — diz com um olhar enigmático.

— Qual? — pergunto desconfiada.

Luke está muito sério. Acho que vai me convidar para fazer algo ilegal.

— Me daria a honra de se alimentar em minha casa hoje?

— O que tem de indecente nisso?

— Não disse qual vai ser a sobremesa — o tom malicioso não deixa dúvidas.

É instantâneo: fico vermelha.

Luke dá um sorriso satisfeito.

— Calma, vai ser mousse de morango — ele ergue as mãos em sinal de inocência.

— Seu ridículo — reviro os olhos e empurro o peito dele.

Luke segura o meu pulso e entrelaça nossos dedos.

— Falando sério agora. Quero te apresentar uma pessoa.

Minha curiosidade é atiçada e eu inclino o corpo para frente sem nem perceber.

— Quem?

— Você vai descobrir.

•

Tenho várias teorias sobre quem Luke quer que eu conheça.

A teoria que está vencendo é a de que Luke vai me apresentar ao filho dele.

Luke tem um filho com outra mulher, que mora em outra cidade. Por isso ele fez aquela viagem de dois dias e nunca me contou nada sobre o que foi fazer lá. Agora faz sentido, ele foi visitar o filho dele.

Então é isso, vou ser madrasta.

Toco a campainha ensaiando mentalmente uma voz fina para conversar com meu enteado.

A porta se abre e alguém aparece.

Os cabelos pretos, tão escuros quanto os de Luke, são compridos e incrivelmente lindos. As sobrancelhas têm o mesmo desenho das dele, porém são mais finas. O nariz tem o mesmo formato, porém é mais delicado. Os olhos são cor de mel, única coisa que não é idêntica a Luke. Na verdade, estou olhando para uma versão feminina de Luke.

A pessoa à minha frente saiu de algum lugar do multiverso em que ela é Luke versão mulher.

Oh, céus, um Luke mulher teve seu universo destruído e veio para o universo do meu Luke tomar o lugar dele.

Preciso abatê-la imediatamente.

— Oi! — ela cumprimenta com um sorriso doce. — Você deve ser Grazy, entre.

— Oi... — respondo hesitante ao entrar.

Ela fecha a porta e fica de frente para mim, ainda sorrindo.