41 - Desvendando

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Com os dedos entrelaçados nos de Luke, aperto sua mão com mais força e ele olha para mim.

Sentado ao meu lado, no banco de trás do carro, Luke se inclina e encosta os lábios em minha orelha.

— Se continuar me olhando desse jeito, vou acabar te beijando aqui mesmo.

— Não se atreva — murmuro, sentindo o rosto enrubescer.

Ele beija a minha bochecha.

— Eu ouvi o médico dizer 'nada de esforços físicos', hein? — Mila provoca, sentada do outro lado de Luke.

Meu rosto esquenta de vergonha e Luke sorri todo cheio de satisfação.

Felizmente, Eliza e Willian estão envoltos em uma conversa só deles nos bancos da frente.

— No que depender de mim, Luke não vai levantar nem o peso de uma caneta, pois vou assistir as aulas dele, anotar tudo e depois ler para ele. Luke nem vai esforçar as vistas — brinco. — E também vou colocar comida na boca dele, claro.

— Virou um neném — Mila ri cheia de deboche.

Luke levanta uma sobrancelha.

— Vai me dar banho também? — ele me dá um sorriso malicioso.

— Luke!

Mila dá uma gargalhada alta.

— As crianças estão agitadas. E olha que ainda nem tomaram café da manhã — comenta Willian, ao volante.

Eliza se vira no banco.

— Grazy, você vai tomar café conosco, não é? — ela me abre um sorriso acolhedor.

— Claro que vai! — exclama Willian. — Grazy heroicamente passou a noite cuidando do nosso garoto. O mínimo que podemos fazer é devolvê-la alimentada aos pais.

Eliza estica o braço e aperta a minha mão.

— Obrigada mais uma vez, Grazy, você é um anjo.

Forço um sorriso sem graça. Depois disso, viro o rosto para a janela e passo o resto do trajeto em silêncio.

Meu sentimento de culpa só tem aumentado a cada segundo.

Quando os pais de Luke retornaram ao hospital com Mila, o médico apareceu para dar alta e entregou receitas de analgésicos, anti-inflamatórios e um atestado para que Luke ficasse uma semana inteira de repouso, sem fazer nenhum tipo de esforço físico. Foi um lembrete da gravidade da situação. Luke foi atingido por um caminhão. Por minha causa.

Sinto o aperto de Luke em minha mão, mas evito olhar para ele, pois meus olhos estão cheios de lágrimas agora.

Ele gentilmente segura o meu queixo e vira o meu rosto.

Quando seus olhos encontram os meus, um vinco de preocupação surge entre as suas sobrancelhas.

Luke faz menção de dizer alguma coisa, mas o carro para, chegando na casa dele.

— Estou com a fome de um dinossauro mendigo — comenta Willian, saindo do carro.

Todos saímos.

— Só vou falar com os meus pais rapidinho — comunico.

Eles concordam e se encaminham para entrar em casa, mas não solto a mão de Luke imediatamente. Não quero perdê-lo de vista.

O vento fresco da manhã toca os cabelos pretos desgrenhados dele e fico com vontade de tocar também.

— Volto logo — digo, já sentindo a dor da separação momentânea.

Os olhos claros me olham com atenção.

O garoto dos olhos avelãOnde histórias criam vida. Descubra agora