26 - Enfrentando

3.2K 245 216
                                    

Não consigo imaginar uma forma melhor de acordar do que essa. Seus lindos e encantadores olhos de avelã estão me observando com a serenidade da manhã, enquanto uma de suas mãos descansa em minha cintura e a outra brinca com os meus cabelos.

Há uma linha fininha na bochecha dele, provavelmente alguma marca do travesseiro. Seus cabelos pretos estão charmosamente bagunçados, fios apontando para todos os lados.

— Oi — digo com voz sonolenta.

— Oi — a voz dele é grave, arrastada e preguiçosa.

— Vem sempre aqui? — continuo a conversa.

— Não, mas gostaria — dito isso, ele se aproxima e me dá um selinho.

Fecho os olhos esperando por mais, porém, não recebo, pois meu celular começa a tocar ferozmente.

Frustrada, estico o braço e o pego.

A luz do aparelho quase me deixa cega, mas consigo identificar o nome no visor. Atendo.

— Oi, Lia.

— Esqueci meu livro aí porque você pegou e colocou no quinto dos infernos. Leva pra escola hoje.

— Tá, eu levo.

— E que voz de sono é essa? Não me diga que acordou agora!

Minha visão periférica capta um movimento furtivo. Viro o rosto e vejo Luke se aproximar com a maior cara de menino travesso.

— E você, Lia? Como se atreve a me acordar tão cedo? Nem deu a hora de o meu despertador... Luke!

Luke está em cima de mim, me atacando com beijos por todo o meu rosto, boca e pescoço, principalmente pescoço.

— Luke está aí?! Ele dormiu com você? VOCÊS TRANSARAM?! — A voz de Lia soa estridente e ensurdecedora em meu ouvido.

Coloco uma mão no peito de Luke e tento afastá-lo, mas é uma batalha perdida.

— Lia, não... não é isso... Luke, para! — Tento falar sério com ele, mas já estou é gargalhando. — Lia, depois conversamos, tchau.

— VOCÊ VAI ME CONTAR TU... — Desligo o celular e os gritos cessam.

Lia vai surtar.

Mal solto o celular na cama, ele estronda com o toque escandaloso do despertador. Mas nem isso faz Luke parar.

— Luke... Temos que levantar.... — minha voz vacila, pois os lábios dele estão beijando o canto da minha boca e eu não quero que ele pare por nada.

Envolvo o pescoço dele com os braços, cedendo. Luke percebe que levantei a bandeira branca de derrota e beija a minha boca.

Mas o despertador não para.

— Luke... — murmuro contra seus lábios.

— Tá bom... — reclama, dando um último selinho para se deslocar para o meu lado na cama.

Desligo o despertador e me sento, mas Luke simplesmente continua deitado, todo relaxado, sem a menor pretensão de sair da cama.

— Essa é a parte em que a gente se levanta e se arruma para a escola — digo.

— Não, vamos dormir mais um pouco — ele pega o meu braço e me puxa para si, me abraçando como se eu fosse o ursinho de pelúcia com que ele dormia abraçado quando era criança.

Um novo objeto surge em minha vida: ver uma foto de Luke de quando era criança.

— Proposta tentadora, mas temos que ir para a escola — tento me soltar do abraço, mas Luke não cede.

O garoto dos olhos avelãOnde histórias criam vida. Descubra agora