Um suspiro escapa dos meus pulmões ao observar a expressão encantadora de Luke.
O reflexo do sol frio da manhã faz seus olhos ficarem ainda mais claros.
O milagre matinal está bem ali, atuando em sua retina e deixando a íris totalmente verde-água.
Os cabelos estão bagunçados pelo vento tranquilo das primeiras horas da manhã.
— Se soubesse como está engraçada com essa cara de idiota.
Bloqueio a tela do celular e o rosto de Luke some. Ao meu lado, Lia me olha como se estivesse calculando a probabilidade de eu ter retardo mental.
— Não estou com cara de idiota — me defendo, guardando o celular na mochila enquanto entramos no banheiro do segundo andar da universidade.
Talvez eu estivesse mesmo com uma cara de bobona, pois estava encarando a foto que tirei de Luke na última vez em que fomos ao vagão abandonado para ver o nascer do sol.
Desde a hora que acordei hoje, estou lutando contra a vontade louca de apertar o botão de chamar só para ouvir a voz dele.
Hoje eu acordei assim, ansiosa para ver Luke, para falar com ele. Ainda mais depois de ter sonhado com ele a noite inteira.
Nos meus sonhos nós estávamos juntos novamente.
Apesar de hoje eu ter acordado animada, o dia de ontem foi terrível.
Passei o domingo no quarto assistindo série em uma tentativa de fugir da realidade, mas foi difícil desviar o curso dos meus pensamentos, que ficavam indo e voltando em Luke.
Conversei por chamada de voz com Adrian por algumas horas e foi fácil fingir que eu estava bem sem olhar para ele.
Depois de passar o domingo digerindo os acontecimentos recentes, principalmente tudo o que aconteceu antes de ontem na casa de Luke, tomei minha decisão:
Vou terminar com Adrian.
E isso vai ser difícil, pois a última coisa que quero é ferir o coração de Adrian.
Por isso preciso de um tempo até conseguir coragem para terminar. E preciso que Luke espere esse tempo. Preciso que ele compreenda. Vou conversar com ele também.
Para mim é muito óbvio que vamos voltar a ficar juntos. Machucamos um ao outro, mas nos amamos. Não podemos ficar separados.
— Não sei o que essa sua mente louca tanto pensa, Grazy, — Lia diz me olhando através do espelho enquanto ajeita seus cabelos — mas, como sou uma ótima amiga, estou preparando algumas coisinhas que com certeza irão te animar.
Pelo sorrisinho maléfico no canto da boca de Lia, posso afirmar com toda certeza que jamais quero ser sua inimiga.
— O que você está tramando? — semicerro os olhos, desconfiada.
O celular de Lia toca na bolsa, ela a coloca na pia e pega o aparelho.
Não preciso de muito para entender sua revirada de olhos: é Pedro.
Lia anda dizendo que cansou dele. Acho que vai terminar com ele em breve e sei que ele vai sofrer feito um cachorro com isso, mas Lia merece coisa melhor.
Ela atende a chamada e sai, deixando a bolsa para trás e uma amiga se mordendo de curiosidade para saber o que ela está aprontando.
Suspiro, frustrada. Mas preciso manter minha mente focada. Hoje tenho prova de uma matéria chata chamada Topografia e não estudei foi nada.
— Oi, Grazielle!
A ridícula roxa aparece desfilando em um salto alto.
Pergunta: quem vai para a faculdade de salto alto?
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O garoto dos olhos avelã
Teen FictionGraziella tem uma imaginação para lá de fértil, vive no mundo da lua e, por vezes, acaba se enfiando em situações embaraçosas. Sem planos de se apegar à nova cidade, ela sabe que a promessa de permanência do pai é daquelas que não se deve levar à sé...