32 - Realizando

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Foi no dia em que Luke se ofereceu para me ajudar com matemática.

Passamos a tarde inteira fazendo cálculos, ele me ensinou tudo o que eu precisava saber com a maior paciência do mundo. Quando ele deu a aula por encerrada, puxei uma folha de ofício da impressora dele e falei:

— Você me ensinou um monte de coisa chata sobre números. Em troca, vou te ensinar uma coisa legal sobre eles. — Desenhei o número oito no centro do papel. — Esse aqui é o número oito, ele tá aqui feliz vivendo a vida dele. Aí chega o número nove, se achando maior que ele, e diz "vou te deitar na porrada". Mas o valentão passa vergonha, já que, deitado, o oito fica muito maior do que o nove, pois ele se transforma em... — apaguei o oito e em seu lugar fiz um oito deitado. Olhei para ele ao concluir a fala: — Em um infinito.

Luke riu e seu sorriso era lindo.

— Não é nada legal quando deitam esse oito na porrada no meio de uma equação — comentou.

— Por quê?

Ele pegou o lápis da minha mão e, um pouco acima do desenho do infinito, começou a rascunhar uma equação. No fim, o sinal de igualdade ficou atrás do meu infinito, como se o infinito fosse o resultado para o cálculo dele.

— Esse símbolo aparece em uma equação quando há sequências infinitas de resultados — explicou ele. — Então ninguém gosta dele.

Tomei o lápis da mão dele e desenhei colchetes em cada lado do infinito. Eu não sabia se fazia sentido colocar um infinito dentro de colchetes, mas, na minha cabeça, eu estava separando-o e protegendo-o dos cálculos ridículos.

— Você não vai estragar meu infinito — soltei o lápis sobre a folha e o encarei desafiadoramente.

Luke pegou o lápis e fez mais dois colchetes, um de cada lado, como que reforçando os meus colchetes e dando proteção extra ao meu infinito.

— Eu jamais estragaria seu infinito.

Rimos na hora, porque foi engraçado.

Mas agora, há um infinito fino e delicado sendo colocado em volta do meu pescoço.

Sem olhar para trás, puxo o cabelo para o lado e ele termina de fechar o colar.

Sinto sua respiração leve em minha nuca antes de seus lábios tocarem o meu pescoço em um beijo suave.

Um arrepio agradável percorre todo o meu corpo.

Então seus lábios sobem para a minha orelha.

— Feliz aniversário — sussurra no meu ouvido.

Sinto um frio gostoso na barriga e suspeito que meu coração vai parar de funcionar agora mesmo.

Enquanto tento me recompor, ele sai de trás de mim e vem se sentar ao meu lado.

Os olhos avelã mais lindos do mundo estão ali, olhando atentamente para mim.

— Obrigada — digo baixinho, traçando com o dedo o caminho do infinito.

Não sei o que dizer. Planejei falar tanta coisa quando o encontrasse e agora simplesmente não sei como agir.

— Você me perdoa? — As palavras dele me pegam de surpresa.

— Sou eu que devo pedir desculpas, Luke.

— Não, Grazy. Eu fui injusto com você. Eu sequer tenho direito de exigir algo de você. É que... — ele hesita, pega a minha mão e entrelaça nossos dedos. — Por mais que você tenha dito que somos um lance, não é assim que eu vejo nós dois.

O garoto dos olhos avelãOnde histórias criam vida. Descubra agora