Capítulo 4

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> Seatlle <

[Alex]

            Alguns dias se passaram e finalmente chegou o dia da entrevista, eu estou super nervoso com o fato de não saber o que esperar.
Lisa e eu estamos tomando café antes de ir pra empresa, tomo um café reforçado pra não ficar com fome, já que quando eu estou com fome, minha cabeça dói e eu não consigo pensar.

- Preparado Alex? - Lisa morde uma torrada.

- Não. - Digo rindo. - Meu corpo está tremendo.

- Vai dar certo, lembra de como você era bom nos seminários da escola? Os professores sempre elogiavam você.

- Ah mas agora é diferente, vou ter que falar de mim E EU NEM ME CONHEÇO. - Dou risada e Lisa me acompanha.

- Uma dica que eu vi no Tik Tok. - Ela solta a xícara de café.

- Ah não, lá vem você. - Debocho.

- É sério, escute. Se perguntarem qual animal você pudesse ser, você diz que queria ser a formiga.

- Formiga? - Pergunto.

- Sim, a formiga é um animal que trabalha em conjunto, que trabalha pra ajudar outras pessoas e está sempre disposta a ajudar a colônia.

- Mas eu não gosto de trabalhar em grupo. - Sorrio.

- Você vai mentir na entrevista e depois você vai ter que sustentar essa mentira. - Ela toma um gole de café.

- Ok, eu vou lembrar disso. - Passo a mão na boca dando risada.

           Terminamos o café e vamos direto pra empresa. O dia está nublado como sempre mas parece que dessa vez não vai chover.
           Minutos depois chegamos na empresa e Lisa me leva até o andar onde vai ocorrer a entrevista. Chegamos no cansar e vejo outros candidados na minha frente, bom... Eu infelizmente vou ter que desejar que eles sejam ruins nessa entrevista.
Uma moça com uma saia até o joelho e um coque aparece no corredor e os outros candidatos já olham diretamente pra ela.

- Bom dia senhoras e senhores, a entrevista já vai começar. - Ela sorri. - Ela será ministrada pelo nosso gerente financeiro Erik.

           Erik? Pensei que fosse o próprio Ryan Milles que ia fazer a entrevista, já que a vaga é pra ser assistente dele.

- Boa sorte a todos. - Ela sorri novamente. - Você já pode entrar. - Ela aponta pra primeira candidata da fileira.

           É uma moça negra alta, ela é linda e se for falar bem do jeito que eu imagino, essa vaga já é dela.
O tempo vai passando e os outros candidatos vão indo embora só sobrando eu no andar. Quando a moça me chama para a entrevista, meu coração começa a bater mais rápido. Respirei fundo e entrei na sala, tentando manter a calma. Lá dentro, encontrei Erik, um homem sério com um olhar penetrante que me fez tremer por dentro.

- Senhor Alex, por favor sente-se. - Ele aponta pra uma cadeira na minha frente.

- Obrigado. - Respondi, tentando parecer confiante.

- Então Alex, me conte. - Ele pega um caderninho. - Você tem vinte anos, nota em Seatlle desde que nasceu e você não tem experiência como assistente não é?

- Isso mesmo senhor, nunca trabalhei antes. - Respondo.

- E você acha que está pronto pro cargo? - Ele me olha.

- É... Totalmente pronto não, mas eu quero evoluir e poder dar o melhor pro Senhor Milles.

           Erik assentiu, fazendo uma anotação em seu bloco de notas. Em seguida, ele prosseguiu com uma pergunta mais específica.

- Como você lida com situações de alta pressão e prazos apertados?

           Essa pergunta me pegou de surpresa, e senti minha garganta secar.

- Be... Bem, eu tento manter a calma e priorizar as tarefas de acordo com a urgência. - Respondi, lutando para controlar a gagueira.

          Erik levantou uma sobrancelha, mas não comentou sobre minha hesitação. Em vez disso, ele continuou com outra pergunta.

- E como você se comunica efetivamente com seu empregador e outras partes envolvidas?

           Essa eu sabia responder bem.

- Eu mantenho uma comunicação clara e frequente, utilizando e-mails, chamadas telefônicas e reuniões presenciais conforme necessário.

            Antes que o Erik possa fazer outra pergunta, meu telefone toca e eu já fico mais nervoso. Droga isso pega mal. Desligo o telefone e guardo no bolso.

- Desculpe senhor. - Digo sem graça

- Próxima pergunta, o que você...

          Erik é interrompida novamente pelo toque do meu celular.

- Acho melhor o senhor atender. - Ele fala sério.

           Levanto pra atender o telefone e ao ouvir a voz da minha mãe do outro lado da linha, minha respiração trava. Ela soava desesperada, as palavras saindo em soluços entrecortados.

- Alex, querido, seu pai... - Ela começou, mas as palavras pareciam se prender em sua garganta.

- O que aconteceu, mãe? Está tudo bem? - Pergunto minha voz trêmula de ansiedade.

- Seu... Seu pai foi atropelado. Estamos indo pro hospital central. - Minha mãe chora do outro lado da linha.

          Eu senti o chão fugindo debaixo de mim, a realidade distorcendo-se ao meu redor. Deixo meu celular cair no chão e fico ali sem saber o que pensar.

- Senhor Alex? Está tudo bem? - Erik pergunta.

           Meu corpo haje instintivamente e sai correndo em direção ao elevador. Entro no elevador e minha visão parece escurecer, aperto os botões rapidamente na esperança de que ele chegue mais rápido. Quando o elevador se abre na recepção, saio correndo e acabo trombando com um homem alto e derramando café no terno dele.

- EI OLHA POR ONDE ANDA. - O homem grita.

            Eu não tenho tempo pra pedir desculpas e saio correndo de lá, ouço a Lisa me chamar mas eu não olho pra trás, só quero chegar logo nesse maldito hospital.
            Entro no primeiro táxi que aparece na minha frente e peço pra ele ir o mais rápido possível, ele até corre mas não é do jeito que eu queria.
            Chego no hospital e jogo o dinheiro no colo do motorista e saio correndo, passo pelas pessoas e vejo a ambulância descendo, olho pra ver se é o meu pai mas é uma senhora. Continuo correndo até que eu vejo minha mãe em um corredor.

- MÃE! - Grito é ela me olha.

- ALEX. - Ela me abraça e nós choramos juntos.

- Mãe, o que aconteceu? - Pergunto desesperado.

- Seu pai estava bêbado e acabou perdendo o controle do carro.

- Mas como isso aconteceu? O pai sempre foi tão responsável no trânsito.

- Ele disse que a vida dele estava desmoronando e que precisa arejar a cabeça. - As lágrimas caem dos olhos da minha mãe.

            Nessa hora eu sinto o soco no estômago, se ele falou isso é porque provavelmente ele estava decepcionado comigo.

- Isso é culpa minha. - Sussurro incrédulo enquanto as lágrimas caem.

[CONTINUA]








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