Capítulo 30

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> Seatlle <

[Alex]

            Caio no chão e olho o carro voltando pro meio da pista como se nada tivesse acontecido.

- ALEX! - Ouço a voz do Ryan e da Lisa.

              Tento me levantar e vejo que meu minha calça rasgou e meu joelho está sangrando.

- Aí meu Deus amigo, você está bem?

- Alex. - Ryan me ajuda a levantar.

- Estou sim. - Limpo a roupa.

- Esse imbecil não sabe dirigir? Ele invadiu a calçada. - Lisa arruma meu cabelo.

- Vamos sair daqui. - Ryan nos leva pra dentro.

- Senhorita Lisa, pode deixar que eu vou levá-lo pra enfermaria.

- Claro, mande notícias por favor.

             Ryan me leva pra enfermaria. Não está doendo mas o sangue continua saindo, então preciso limpar logo isso. A enfermeira começa a fazer o curativo e vejo Ryan sentado do meu lado.

- Conseguiu ver a placa? - Ele pergunta.

- Não, foi tudo muito rápido.

- Prontinho. - A enfermeira joga as luvas no lixo.

- Ah obrigado. - Digo levantando.

- Você está bem pra voltar ao trabalho? - Ryan pergunta.

- Claro. - Sorrio levemente pra ele.

            Saímos de lá e vamos direto pro andar dele. Sento na minha mesinha e organizo minhas coisas, meu joelho ainda está latejando e então respiro fundo. Olho pra minha calça e vejo que ela está rasgada.
             Afasto esses pensamentos e começo a trabalhar. Pego os papéis e entro nos emails pra responder algumas coisas. Um email aparece do nada no topo da lista e eu o abro. Nele está escrito que o Ryan foi convidado pra um evento de sócios majoritários. Mancando, eu levanto e vou até a sala do Ryan, bato na porta e ouço ele mandar entrar.

- Senhor, com licença. - Entro mancando.

- Está doendo Alex? - Ele olha minha calça rasgada.

- Ah... Não... Eu vim avisar que o senhor recebeu um convite pra um evento de sócios majoritários daqui dois dias.

- Droga. - Ele passa a mão nos cabelos escuros.

- É pra confirmar a presença?

- Infelizmente, pega mal não aparecer nessas eventos de gente estúpida.

- Entendi... - Olho pra ele.

            Me viro pra sair mas ouço a voz dele me chamar novamente.

- Desculpe por tê-lo feito ir pra minha casa atoa.

- Sem problemas... - Sorrio e saio.

            Sento na minha bancada, ainda chocado com o que eu ouvi, um pedido de desculpas? Isso certamente não é a cara do Ryan.

******

            O dia se passa e antes que eu posso ir embora, Ryan aparece na minha frente.

- Eu só vou estar disponível pra continuar o projeto amanhã, tudo bem?

- Claro, amanhã eu apareço lá.

- Não precisa vir trabalhar, pode ir direto pra minha casa. - Ele olha no relógio. - Está dispensado Alex.

- Obrigado senhor.

            Ele entra no elevador e eu arrumo minhas coisas. Pego tudo e saio mancando pro elevador. Assim que eu chego no saguão, Lisa também está arrumando as coisas pra ir embora.

- Oii. - Digo me aproximando.

- Ah Alex. - O tom dela é de preocupação. - Como você está?

- Estou bem, só um pouco com o joelho doendo. - Sorrio.

- Nossa, que sorte daquele carro não ter pego você.

- Sim, pela primeira vez pensei rápido. - Dou risada.

              Lisa também ri e termina de guardar duas coisas.

- Meu Uber chegou. - Digo.

- Vou levá-lo até o carro.

            Vamos até o carro e quando eu entro nele, vejo o carro do Ryan saindo do estacionamento privado. Me despeço da Lisa e então vou pra casa.
Entro em casa mancando e minha mãe olha sorrindo mas logo fica preocupada.

- Ain meu Deus Alex, o que foi isso na sua perna?

- Ah, um carro desgovernado veio na minha direção e eu tive que desviar.

- Oh meu anjo, eu sinto muito. - Ela beija minha testa. - Vai tomar um banho e vem comer.

- Tá bom.

            Subo e vou tomar um banho. Entro no chuveiro e quando a água quente toca meu joelho, eu sinto a dor.

- Merda!

            Minutos depois, desligo o chuveiro e volto pra sala. Minha mãe já colocou minha comida então eu começo a comer.

- Como foi o dia mãe?

- Hoje eu fui completamente inútil para o meu país. - Ela morde uma batata.

            Dou risada desse comentário. E então eu tomo um gole de suco.

- E o seu? Tirando o acidente com o joelho. - Ela pergunta.

- Foi tranquilo, amanhã eu estou de folga mas vou pra casa do Ryan pra poder continuar o projeto.

- Posso fazer uma pergunta?

- Claro mãe.

- Vocês bebem quando estão trabalhando nesse projeto?

            A pergunta me pega desprevenido, o que isso tem a ver?

- Ah.. não? - Olho pra ela. - Eu não sou de beber mãe.

- Entendi. Desculpe perguntar isso, mas você sabe que eu não confio nesses caras milionários né.

- Ah fica tranquila mãe, ele é ranzinza mas acho difícil ele ser maldoso assim.

- Bom, de qualquer jeito é sempre bom manter cuidado tá. - Ela sorri.

            O jantar passa tranquilo, lavamos a louça e eu vou pro meu quarto descansar. Assim que eu entro nele, vejo a foto da nossa família na minha mesinha, pego a foto e percebo que cada vez mais, tinha esquecido do meu pai, não falava mais dele, não pensava mais nele e tudo isso faz com que eu sinta uma dor enorme no peito.   Lágrimas começam a sair dos meus olhos e eu não consegui conter, deito na cama e a minha mente é tomada por pensamento horríveis.

******

            Acordo me sentindo um caco, meus olhos estão inchados, tenho olheiras fundas e me sinto péssimo, não consegui pregar os olhos a noite toda.
            Olho meu celular e vejo que é uma da tarde. MERDA, estou atrasado.
Faço minha higiene e desço pro café, minha mãe provavelmente já foi trabalhar mas a mesa ainda está feita. Olho tudo que está na mesa e me sinto enjoado, não estou com fome, só tenho vontade de vomitar.
            Levanto e vou em direção a casa do Ryan. No caminho, ainda lembro de algumas coisas do meu pai e novamente algumas lágrimas ameaçam a sair, me forço a engolir as lágrimas e então respiro fundo. Droga, essa tontura não passa.
            Desço do carro e vou em direção ao portão e vejo que está aberto, talvez ele já esteve me esperando. Empurro o portão mas antes que eu possa continuar andando, sinto uma tontura tão forte que vejo tudo ao meu redor girar como se eu estivesse em um brinquedo radical.    Não tem nada pra apoiar mas em um movimento rápido, eu saio de perto da piscina. Minha visão escurece e eu então sinto meu rosto batendo no chão.

[CONTINUA]

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