O Diabo Veste Terno

Capítulo 20

> Seatlle <

[Ryan]

             Volto pro meu quarto, atordoado com o que eu vi. Não sabia que o Alex pensava assim de mim, ou que pelo menos pensou por um momento.
             Deito na cama e fico ouvindo o barulho da chuva caindo lá fora, fecho meus olhos e a mensagem que Alex recebeu, fica voltando na minha mente até que eu pego no sono.

******

             Acordo no outro dia, com a luz do dia nublado invadindo meu quarto. Pego meu celular e vejo que não tem nenhuma mensagem.
            Levanto e vou fazer minha higiene e me preparo pra descer, já que eu estou ouvindo barulho de coisas sendo arrumadas.
            Assim que chego no primeiro andar, vejo que Alex está se despedindo do pessoal da limpeza e do buffet. Ao olhar pra ele, a mensagem volta na minha mente mas eu logo afasto esse pensamento.

- Bom dia senhor Alex, já está tudo arrumado.

- Que bom. - Olho pra ele e tento manter a atenção.

- Bom, eu vou pra casa senhor Ryan.

- Você não tomou café ainda. - Digo.

- Eu tomo em casa. - Ele diz sem jeito.

- Não vou deixar você sair sem comer. Por favor, sente-se que eu vou pegar algumas coisas.

            Vou pra cozinha e preparo um café, enquanto ele passa, pego uns pães e frutas e minhas geleias brasileiras, sim, eu só como geleias que são importadas do Brasil.
            Coloco tudo na mesa e levo o café. Alex olha tudo e vejo um sorriso leve aparecendo no rosto dele.

- O cheiro está maravilhoso.

- Coma o que quiser. - Digo pra ele.

            Durante o café, noto que Alex tenta cortar um pedaço de queijo mas não consegue, eu fico olhando pra ver se ele vai conseguir até que ele faz um movimento e vejo a cara de dor dele.

- Aí droga. - Ele aperta o dedo e eu vejo o sangue saindo.

- Mais cuidado Alex. Só um segundo, vou pegar o curativo.

             Pego a caixa de primeiro socorros e volto.

- Deixa eu ver. - Pego o punho dele. - Não foi fundo.

- Ah menos mal.

             Assim que eu pego o algodão com álcool, Alex faz cara de dor.

- Mas eu nem encostei. - Olho pra ele.

             Ele sorri sem graça e então eu aproximo o algodão do dedo dele que faz ele fechar os olhos de dor. Alex apera os lábios pra conter a dor e sua cabeça apoia no meu braço. Não esperava por esse toque.

- Ah... Agora passou. - Ele parece aliviado.

             Passo o curativo no dedo dele e quando solto o punho dele, vejo que apertei um pouco forte, já que tem um dedo meu marcado do braço dele.

- Obrigado senhor Ryan.

- Por nada.

            Voltamos a comer e então Alex se levanta.

- Vou arrumar isso e vou pra casa.

- Não precisa, eu arrumo.

- Ah... Eu...

- Você já fez o bastante Alex, pode ir pra casa.

            Alex sorri e pega suas coisas. Ver ele saindo me deixa "estranhamente estranho."