O Diabo Veste Terno

Capítulo 62

> Seatlle <

[Ryan]

            Chego na empresa ainda sentindo o peso da noite passada. A conversa com Alex me deixou um pouco mais calmo, mas a tensão com meus pais ainda está presente. Entro no meu escritório e encontro Erik, que já está à minha espera. Ele tem sido um amigo inestimável desde nossos tempos de faculdade, não posso deixar essa história afetar ele, eu não disse mas ver ele naquele estado na casa dele partiu meu coração!

- Erik, você não vai acreditar no que aconteceu ontem à noite. - Digo, sentando-me na minha cadeira e soltando um suspiro pesado.

- O que foi dessa vez? - Ele pergunta, seu rosto demonstrando preocupação genuína.

- Alguém entrou na minha casa pelo escritório e escreveu 'CUIDADO' na parede da minha casa com sangue. Foi assustador. - Explico, observando a reação de Erik.

- O QUE? SANGUE? Mas que merda é essa? - Ele pergunta preocupado.

- A polícia examinou rapidamente e viu que não era sangue humano pelo menos...

- Alguém está tentando nos assustar, Ryan. Isso não é normal. - Ele responde, sua expressão séria. - Tem certeza que está seguro em casa, você já está tomando providência?

- Eu sei. - Admito, passando a mão pelo cabelo. - Mas eu não vou deixar isso me assustar mais ainda. Preciso continuar focado.

- Focado Ryan? Você precisa estar focado em se proteger e proteger quem você ama, você não sabe quem está fazendo isso e nem qual vai ser o próximo passo. E se o próximo passo for machucar o Alex?

- Não diga isso! - Meu maxilar aperta. - Eu não vou deixar nada acontecer com ele!

            Nesse momento, meu pai entra na sala, interrompendo nossa conversa. Ele sorri calorosamente para Erik, como sempre.

- Erik! Quanto tempo, meu rapaz. - Meu pai diz, aproximando-se para cumprimentá-lo com um aperto de mão firme e um abraço amigável. - Como está?

- Estou bem, senhor Milles. E o senhor? Erik responde com um sorriso.

- Estou bem, estou bem. Bom ver você novamente. - Meu pai diz antes de voltar sua atenção para mim. - Ryan, como estão as coisas com o financiamento da empresa?

            Solto um suspiro interno, tentando manter a paciência.

- Está tudo em ordem, pai. - Respondo com poucas palavras.

- Posso ver? quero ter certeza de que estamos no caminho certo. - Ele responde, tomando um assento ao lado de Erik.

            Pego meu laptop e mostro os relatórios financeiros mais recentes.

- Aqui estão. O desempenho está estável e estamos dentro do orçamento.

             Ele analisa os números, franzindo o cenho.

- Parece bom. Mas precisamos manter o foco. Não podemos cometer erros.

- Eu sei, pai. - Respondo, tentando esconder minha frustração. - Estou cuidando de tudo.

            Estamos dentro do orçamento, estamos com as ações lá em cima, por que meu pai tem que ser tão exigente? Isso é cansativo!

- Ótimo. - Ele diz, fechando o laptop e se levantando. - Confio que você possa fazer melhor Ryan.

            Assim que ele sai, Erik e eu trocamos um olhar de entendimento.

- Acho que ele nunca vai mudar. - Comento, respirando fundo e soltando com raiva.

- Talvez não. Mas você está fazendo um ótimo trabalho, Ryan. - Erik diz, me dando um tapinha no ombro. - Não deixe isso te afetar. Você sabe como ele gosta das coisas perfeitas né.

- Eu sei, eu sei.... - Faço cara de sofrido.

- E ele voltou pra Seatlle porque?

- Minha mãe e ele resolveram dar um tempo nas viagens. - Reviro os olhos.

- Puts, nem imagino como está o clima na sua casa... E o Alex? Já contou pra eles de vocês?

- Alex disse pra gente dar um passo de casa vez, pra eu me acostumar com eles antes de contar qualquer coisa.

- Alex é um garoto de ouro né. - Erik levanta. - Sorte sua.

             Sorrio com o comentário, eu concordo plenamente com ele, tenho muita sorte mesmo.

******

            O expediente passa voando. A presença do meu pai me faz ficar nervoso e desconfortável. Antes que eu perceba, Alex aparece com aquele sorriso que me mata toda vez que eu vejo. Ele entra para se despedir.

- Ryan, vou indo. - Ele diz, sua voz suave.

- Você não precisa ir pra sua casa. - Resmungo, segurando sua mão. - Fica mais um pouco na minha.

- Eu preciso, amor. - Ele diz com um sorriso triste. - Mas amanhã nos vemos de novo.

- Não quero que você vá. - Insisto, puxando-o para um beijo. - Vou sentir sua falta.

- Eu também vou sentir a sua. - Ele responde, retribuindo o beijo antes de se afastar. - Até amanhã, Ryan.

            Volto para casa sentindo a ausência de Alex mais do que nunca. Como pode esse garoto me fazer estar tão apaixonado?
            Os dias têm sido longos e cansativos, e a presença dos meus pais não ajuda mas eu prometi pro Alex que vou aguentar.

- Ryan, querido. - Minha mãe diz assim que entro em casa. - Fizemos umas compras e trouxemos umas coisas para você. Suas roupas estavam meio fora de moda.

- Obrigada, mãe. - Respondo sem graça, pegando as sacolas e colocando-as de lado enquanto mexo no celular.

- Ah, e arrumamos uma casa para alugar. - Ela continua, sua voz animada. - Mas adoramos ficar na casa do filhinho da gente. Foi tão bom.

            Sorrio sem graça.

- Fico feliz que gostaram.

******

            As semanas passam, e finalmente tenho um momento de paz. Mas faz quatro dias que não vejo Alex, e a ansiedade está me consumindo nunca pensei que fosse me sentir sozinho quando Alex não está do meu lado. Eu só quero beijar, abraçar e sentir aquele cheiro gostoso que ele tem. Temos trocado mensagens picantes, mas nada se compara a tê-lo aqui, ao meu lado. Deito-me na cama, preparado para dormir, quando meu celular vibra.

- A não, não quero resolver nada! - Resmungo achando que pode ser meu pai falando algo sobre a empresa.

            O celular vibra e eu pego pra olhar o que é. É um email. Abro e meu coração para.

- Puta merda! - Falo sem acreditar no que eu estou lendo.

[CONTINUA]