Capítulo 66

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> Seatlle <

[Alex]

            Finalmente, consigo me levantar, ainda cambaleando, e caminho até a calçada. Entro no primeiro táxi que vejo. O motorista olha para mim, preocupado.

- O senhor está bem? - Parece pálido, precisa de ajuda? - Ele pergunta, mas não tenho forças para responder. Apenas dou o endereço, minha voz fraca e trêmula.

            Durante a viagem, as cenas se repetem na minha cabeça. Madson seminua, Ryan tocando-a. A dor é insuportável, uma sensação de ser esfaqueado repetidamente. Quando finalmente chego em casa, pago o taxista e saio do carro, ainda tremendo. As chaves caem da minha mão, e eu começo a chorar mais ainda, minhas lágrimas pesadas e incontroláveis.
            Com esforço, pego as chaves e abro a porta. Entro e caio no chão, a cena de Ryan com Madson ainda queimando na minha mente. Encosto na porta e puxo meus joelhos para perto do peito, começando a chorar entre eles.

- Por que você fez isso comigo? - Soluço, a dor me rasgando por dentro.

            Sinto-me como se todo o meu mundo tivesse desmoronado. Cada lágrima parece uma nova ferida, a traição pesando mais do que qualquer coisa que já senti.
            O amor que eu sentia por Ryan, a confiança que eu tinha nele, tudo parece uma cruel ilusão agora. Cada memória feliz que tínhamos juntos parece tingida de amargura e dor. As palavras de Madson, a imagem de suas mãos nele, tudo isso é um tormento sem fim.
            Eu me sento ali, encostado na porta, abraçado aos meus joelhos, chorando sem parar. A dor é esmagadora, sufocante.

- Por que, Ryan? Por que você fez isso? - Minha voz sai em um sussurro, perdido na escuridão do meu apartamento.

            Eu deveria ter acreditado na minha mãe, eu fui burro, fui tolo em acreditar nos sentimentos falsos que Ryan tinha por mim.
            As horas passam, mas a dor não diminui. Meus olhos estão inchados de tanto chorar, e meu corpo está exausto, mas não consigo parar de pensar naquela cena horrível. O amor que eu sentia por Ryan agora parece uma faca cravada no meu coração, cada batida uma lembrança da traição.

- Como você pôde? - Murmuro para o vazio, a escuridão ao meu redor refletindo o vazio dentro de mim.

             Finalmente, exausto, minhas lágrimas secam. Mas a dor permanece, uma ferida aberta que não sei como curar. Me encolho ainda mais, tentando achar algum conforto na solidão, mas tudo o que encontro é desespero.
             Fecho os olhos, desejando que tudo isso fosse apenas um pesadelo, que eu pudesse acordar e encontrar Ryan ao meu lado, me dizendo que tudo estava bem. Mas sei que isso é impossível. A realidade é cruel e implacável, e a dor da traição é uma companheira constante agora.

- Por que você fez isso? - Sussurro uma última vez antes de finalmente ser consumido pelo cansaço e pela dor, deixando-me cair em um sono inquieto, assombrado pelos fantasmas do que vi e do que senti.

******

[Madson]

            Acordo cedo, antes que Ryan desperte. O sol mal começa a espreitar pelas janelas do quarto do iate. Levanto silenciosamente, vestindo minha roupa e deixando o quarto sem fazer barulho.
            O iate está uma bagunça só, pelo visto ninguém se preocupou em ver como Ryan estava, foi tudo perfeitamente calculado. Meu coração está acelerado, mas não de nervosismo. É excitação. Pura, crua excitação.
            Chego à casa do David, mal conseguindo conter o sorriso no meu rosto. Assim que ele me vê, um sorriso largo aparece em seus lábios.

- Como foi lá? - Ele pergunta, ansioso.

- Ótimo. - Respondo, triunfante. - Claro, eu queria que Ryan estivesse mais sóbrio, queria que ele tivesse me desejado, mas já estou feliz. De longe, eu consegui ouvir o Alex entrando no quarto. Foi tão bom ver a carinha dele de desesperado e sem acreditar. O relacionamento deles acabou exatamente ali!

            As lembranças da noite passada trazem um sorriso perverso ao meu rosto. David ri, satisfeito.

- Ah, mas eu tô aqui, gata. Eu te desejo todo dia. - Ele diz, aproximando-se com um olhar predatório.

            Eu recuo um passo, erguendo uma mão para detê-lo.

- E a empresa? - Pergunto, mudando o foco da conversa.

       David sorri ainda mais largo, exibindo um ar de superioridade.

- Já mandei pra diretoria, agora é só esperar pra ela ser minha, esperar pra tudo aquilo tudo é meu! Segunda-feira, eu já vou tomar o meu lugar.

            A risada que solto é cheia de satisfação. Finalmente, todo o nosso esforço e planejamento estão se concretizando.

- Quem diria que seria tão fácil. - Murmuro, mais para mim mesma do que para ele.

- Não foi fácil, Madson. Foi meticuloso e arriscado. Mas valeu cada segundo. O mundo do Ryan desmoronou mais rápido que qualquer outra coisa. - Ele responde, seu tom de voz sério, mas seus olhos brilhando com a vitória.

- Sim, valeu. - Concordo, meus pensamentos voltando à cena no quarto, à expressão de desespero e incredulidade no rosto de Alex.

            Era o toque final perfeito, a cereja do bolo. Tudo para garantir que ele visse Ryan da pior maneira possível.

- Então, o que faremos agora? - David pergunta, voltando à nossa realidade atual.

- Agora. - Digo, pausando por um momento. - Agora aproveitamos nossa vitória. Mas precisamos ser cautelosos. Não podemos deixar que eles percebam o que realmente aconteceu até que seja tarde demais.

            David concorda, e nos sentamos para discutir os próximos passos. Estamos jogando um jogo perigoso, mas a adrenalina da vitória me faz sentir invencível. O que Alex e Ryan não sabem é que tudo está indo conforme o planejado.
            Ryan não perde por esperar. Ele e Alex nunca saberão o que os atingiu. E eu? Eu só tenho a ganhar.

[CONTINUA]

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