O Diabo Veste Terno

Capítulo 96

> Havaí <

[David]

            Trabalho feito, agora preciso voltar urgentemente para Seattle. Ninguém pode saber que estive aqui. Pego minhas coisas e vou direto para o aeroporto. Ver o Ryan levar um tiro foi a melhor coisa. Chego no aeroporto e pego o primeiro voo para Seattle. Entro no avião e me sinto aliviado, imaginando o desespero tomando conta do Alex.
            Depois de horas no avião, finalmente chego a Seattle. Assim que piso no aeroporto, recebo uma ligação de um número desconhecido.

- Alô? - Atendo, desconfiado.

- Alô, David, é a Madson. - Responde.

- Madson? Como você...?

- Não interessa, é o seguinte: vou ser transferida para o presídio daqui uns dias. Preciso fugir, preciso sumir desse lugar! - Ela diz, apressada.

- O quê? Fugir? Isso é loucura.

- Loucura é eu ficar presa. Não posso passar minha vida na cadeia.

- E deixa eu adivinhar, você quer minha ajuda?

- Sim, preciso que você me ajude a fugir.

- Como eu faria isso?

- Alguma coisa você tem em mente. Me surpreenda e, acima de tudo, me tire daqui.

            Se eu não gostasse tanto da Madson, não faria isso. Talvez, fazendo isso, ela entenda que eu gosto dela e possamos fugir juntos. Termino de falar isso e esbarro em alguém.

- SEU DESGRAÇADO! - Ouço uma voz antes de levar um soco na cara. Olho e vejo que é o Erik.

- Eu sei que foi você! - Ele grita.

- Você o quê? Está ficando louco? - Respondo, tentando disfarçar.

- Não se faça de desentendido. Eu sei muito bem que você atirou no Ryan.

- O quê? Você está maluco? Minha vida não gira em torno do Ryan, não.

- Ah é? Você é burro David, tão burro que acabou de desembarcar no primeiro avião do Havaí pra cá. - Erik fala com ódio. - Só vou te falar uma coisa: Ryan vai voltar, e é melhor você se esconder. Você nem imagina o sangue nos olhos do Ryan.

             Nessa hora, meu sangue congela, mas eu não posso demonstrar. O desgraçado não morreu? MAS QUE MERDA!

- Com licença, acabei de pegar um voo longo. Estou cansado. - Digo, me afastando em direção aos táxis.

            Chego em casa e fico pensando em como posso ajudar Madson a sair da cadeia. Subornar os policiais está fora de cogitação.

- JÁ SEI! - Falo para mim mesmo.

            Pego meu telefone e sei exatamente para quem ligar.

- Hum, okay, esse é o caminho então. - Ouço a voz do outro lado da linha. - Isso, então eu preciso colocar os explosivos no caminho e depois ajudá-la a fugir de lá?

- Isso mesmo!

- Entendido. - Desligo o telefone e olho para o teto. - Só estou fazendo isso por amor, Madson. Espero que você reconheça.

******

[Alex]

            Estamos saindo do hospital, Ryan está se recuperando bem. Saímos e voltamos direto para o hotel. Olho para Ryan e ele está mais calado.

- Ryan, está tudo bem? - Pergunto, preocupado.

- An? Ah, oi - Ele estava desatento.

- Tá tudo bem, amor? Você está tão calado.

- Tô pensando... - Ele volta a olhar para a sacada.

- Posso saber em quê?

- Desde que eu te conheci, só coloquei você em perigo. Eu prometi para mim mesmo que você estaria protegido por mim.

- O quê? Ryan, pelo amor de Deus. - Aproximo-me dele e seguro seu rosto. - Ryan, você me proporcionou momentos que nunca vou esquecer. Você foi a primeira pessoa que olhou nos meus olhos e disse que me ama e que quer passar o resto da vida comigo.

            O olhar dele é vazio.

- Ryan, olha só, quando eu resolvi aceitar seu pedido de namoro, eu sabia que teria que estar preparado para enfrentar qualquer coisa, desde que fosse do seu lado.

             Ryan me pega com o braço saudável e segura minha cintura.

- Como pode você ser tão incrível?

- Ryan, eu te amo, quero passar o resto da minha vida com você!

- Eu também, Alex. - Ele me beija. - Você vai ser pra sempre meu!

            Beijo-o, mas ele geme de dor.

- Aí, merda, meu braço. - Ele reclama.

- Desculpe amor. - Dou risada, vendo ele resmungar. - Até esse braço melhorar, eu que vou comandar você. - Digo, mordendo os lábios.

- Eu não vou recusar - ele aperta minha bunda.

******

             Finalmente estamos voltando para casa. O Havaí nos proporcionou momentos inesquecíveis. Apesar do que aconteceu, nunca vou esquecer o que vivemos lá. Foi mágico. Estamos dentro do avião e eu fico olhando para o céu.

- Quero levar você para outros lugares. - Ryan fala no meu ouvido.

- Estando com você, é o importante. - Sorrio e dou um beijo.

            Horas depois, saímos do avião e vamos direto para minha casa. Minha mãe esteve tão preocupada. Chego no portão e minha mãe já abre a porta.

- Aí meu Deus, Alex. - Ela corre e me abraça.

- Oi, mãe. - Sorrio.

- Meu Deus, você está bem? O que houve na sua testa?

- Tá tudo bem, mãe. Foi só um machucado. - Tento tranquilizá-la.

- Ah, oi, Ryan. - Minha mãe abraça ele, preocupada também.

- Oi, senhorita Ellie. - Ele sorri.

- Entrem, por favor.

           Entramos em casa e minha mãe pede para contar tudo. Conto tudo para ela e ela fica chocada com o que aconteceu.

- Eu não acredito nisso, Alex. E você, Ryan? Está melhor?

- Estou sim, senhorita Ellie. O Alex cuidou bem de mim. - Ele sorri para mim, e eu sinto meu coração aquecer.

            Minha mãe olha para nós dois e vejo uma lágrima nos olhos dela.

- O amor de vocês realmente é muito forte. Só não imaginei que teriam que passar por algo assim. - Ela diz, emocionada.

             Ryan pega minha mão e aperta de leve.

- Nós vamos superar isso juntos, senhorita Ellie. Nada vai nos separar.

            Sorrio pra ele e sinto meu coração aquecer. Depois de contarmos tudo sobre a viagem, bem... Nem tudo. Ryan foi embora. Preciso descansar depois dessa viagem cheia de emoção.

[CONTINUA]