O Diabo Veste Terno

Capítulo 60

> Seatlle <

[Alex]

- Ryan... Eu...

- Eu não sinto nada por ela, o que você está pensando? - Ele pergunta, confuso.

- Não sei o que dizer. - Minha voz é um sussurro.

            Ele se aproxima e segura meu rosto com firmeza, mas com ternura.

- Acredita em mim, meu amor. Eu não sinto nada por ela a não ser nojo e ódio. Meu coração é seu!

            Ainda não tenho palavras, mas o olhar dele é sincero e intenso. Ryan percebe minha hesitação e apenas me abraça. Sinto seu coração acelerado contra minha cabeça e me deixo afundar naquele abraço, encontrando conforto na proximidade dele.

******

[Madson]

            Estamos indo almoçar em um restaurante chique aqui em seatlle, David sabe tudo sobre restaurantes chique eu vou aproveitar. Entramos no restaurante e começamos a ver o cardápio, pedimos a entrada e um vinho que tem ótima recomendação.
            Ouvimos o barulho da porta e eu meu coração para. Vejo Richard Milles, o pai do Ryan entrando no restaurante. Assim que ele senta, puxo David pra ir comigo até a mesa dele.

- Ah, que surpresa senhor Richard. Como vai o senhor? - Sorrio. - Que saudades do senhor.

            Ele apenas olha por cima do cardápio e então abaixa.

- Olá Madson, Olá David.

            David olha pra mim depois sorri pro Richard.

- O que faz aqui em Seatlle senhor?

- Essa é a minha casa senhor David. - A voz dele é firme.

- E como vão as coisas Richard? Ryan está bem?

- Vocês terminaram não é?

            Essa pergunta deixa minha boca amarga.

- Ah... É... Sim, eu cometi alguns erros e ago.... - Antes que eu possa terminar, Richard me corta.

            Isso não é da minha conta, senhorita Madson. - Richard responde, sua voz firme e sem emoção.

            Ele retorna sua atenção ao cardápio, claramente desinteressado na conversa. David, tentando suavizar o clima tenso, força um sorriso e comenta.

- Bem, Richard, espero que as coisas estejam indo bem na empresa. Ouvi dizer que as ações estão indo muito bem, talvez com uma ajudinha minha. - Ele dá uma risada curta, mas sem humor.

            Richard levanta os olhos lentamente, fixando-os em David com uma intensidade que faz o sorriso de David vacilar.

- Ajudinha sua? David, eu preferia mil vezes uma crise financeira a aceitar qualquer tipo de ajuda sua. A empresa dos Milles sempre foi sinônimo de integridade e competência.

            Engulo seco ao ouvir essa patada.

- Ah... Senhor Richard, não foi isso que o David quis dizer...

- Eu entendi perfeitamente o que ele quis dizer, Madson. - Richard interrompe, a voz fria como gelo. - Agora, se me dão licença, prefiro terminar minha refeição em paz.

             Fico sem palavras do lado do David e então resolvemos voltar pra nossa mesa.

******

[Alex]

             Ainda estamos na casa do Ryan, trabalhando no projeto, quando o pai dele chega. Ele suspira, passando por nós sem dizer nada, mas seu olhar cansado é evidente. Continuamos focados no trabalho até que ele finalmente fala.

- Quando eu penso que vou ficar em paz. - Ele diz, parando na nossa frente. Sua expressão é de irritação. - Encontrei com a Madson e o David.

- Madson? - Repito, surpreso.

- Sim, e foi exatamente como eu esperava. Ela tentou ser toda educada, mas só conseguiu me irritar mais. E David... Bem, ele fez uma de suas típicas tentativas de se gabar sobre a empresa. Não aguento esse sujeito.

            Ryan apenas acena com a cabeça, tentando manter a calma.
Richard suspira novamente e se dirige ao quarto. Eu olho para Ryan, tentando avaliar sua reação. Ele parece calmo, mas sei que por dentro ele está fervendo.

******

             No final do dia, terminamos os últimos detalhes do projeto e eu solto um longo suspiro de alívio. Levanto-me de repente, pulando de alegria.

- Meu Deus, acabamos o projeto! - Exclamo, sem conseguir conter minha felicidade.

             Ryan levanta também, um sorriso enorme no rosto. Ele me puxa para um beijo profundo e apaixonado.

- Não sei o que seria de mim sem você, Alex. - Ele murmura contra meus lábios antes de me beijar novamente.

            Eu sorrio, mas logo me solto, ainda animado.

- Nem acredito que conseguimos terminar antes do prazo.

- Eu vou enviar isso no email deles agora mesmo. E então, só precisamos esperar. - Ryan diz, ainda sorrindo.

            O pai do Ryan aparece na sala, atraído pelo nosso entusiasmo.

- Aniversário de alguém? - Ele pergunta, levantando uma sobrancelha.

- Não, só terminamos nosso projeto. - Ryan responde de forma contida, mas não consegue esconder o orgulho na voz.

- Falando em projetos, e seu amigo Erik? - Richard pergunta, mudando de assunto.

- Está bem. - Ryan responde brevemente.

- Diga a ele que mandei um abraço. Gosto muito daquele cara. - Richard comenta antes de se dirigir à cozinha.

             Eu olho para Ryan, que revira os olhos, claramente incomodado com a conversa. Richard volta da cozinha, segurando um copo d'água.

- Sua mãe já chegou? - Ele pergunta.

- Já, ela está no meu escritório em uma reunião com as amigas. - Ryan responde, tentando parecer desinteressado.

- Ela e essas reuniões... Bom, eu vou me deitar. Até amanhã. - Ele se despede e sobe as escadas.

            Ryan e eu nos olhamos e ele sorri de um jeito que me faz sentir borboletas no estômago.

- Podemos ir deitar também, né meu amor? - Ele pergunta de um jeito safado.

- Ah é? - Sorrio de volta, sentindo o calor subir no meu rosto.

- Eu quero beijar você a noite toda. - Ele diz, segurando minha cintura com firmeza e puxando-me para perto.

            Seu olhar é intenso e cheio de desejo.

- Então vamos. - Respondo, minha voz mal saindo como um sussurro.

            Subimos para o quarto, deixando para trás a tensão e o estresse do dia. No quarto, Ryan me puxa para outro beijo, mais profundo e cheio de paixão. Nos perdemos um no outro, nossos beijos se tornando mais intensos a cada momento. Seus braços me envolvem, me segurando com força, como se não quisesse nunca me deixar ir.

******

            Ainda me recuperando da longa noite juntos, acordei de madrugada com a sensação de que algo estava errado. Era um instinto, uma sensação de inquietação que não conseguia explicar. Olhei para Ryan, ainda adormecido ao meu lado, e decidi descer pra tomar um pouco de água. Talvez fosse apenas o cansaço.
            Quando cheguei à cozinha, notei que a porta da geladeira estava entreaberta. Estranho, pensei. Tenho certeza de que a fechamos na noite passada. Caminhei até lá, e assim que a fechei, ouvi um barulho fraco vindo do escritório do Ryan.

[CONTINUA]