O Diabo Veste Terno

Capítulo 31

> Seatlle <

[Ryan]

            Ouço um barulho no quintal e quando olho, vejo Alex caído no chão.

- Mas que porra?

            Corro até ele e dou tapinhas no rosto dele.

- Alex, merda! Alex acorde.

            Pego ele no colo e corro pra por ele no sofá. Assim que coloco ele, vou pra cozinha pegar um copo de água. Volto e ele vejo os olhos dele abrindo lentamente.

- Por Deus Alex, o que aconteceu? - Sento na beira do sofá e dou o copo pra ele que tenta levantar.

- Eu... Eu não sei... - Ele põe a mão na cabeça. - Não me senti muito bem.

- Você bateu a cabeça? - Levanto e tenho ver a cabeça dele.

- Provavelmente sim mas não está doendo não.

            Alex toma um gole de água e me devolve o copo. Ele parece estranho, nunca vi ele assim.

- Alex, tem certeza que você está bem? Você está pálido.

- Estou sim. - Ele sorri.

            Ouço a barriga dele roncar e ele fica sem graça.

- Você não comeu! - Afirmo.

- É... Eu...

- Por Deus Alex, você precisa se alimentar direito.

            Levanto e vou até a cozinha. Sei que na bancada tem um pão recheado, pego isso e faço um capuccino pra ele, também coloco um copo de suco natural de laranja. Ponho tudo na bandeja e volto.

- Aqui está. - Coloco na mesa.

- Senhor Ryan, não precisava se incomodar.

            Ele não está me incomoda, pelo contrário, sinto que ele precisa de um pouco mais de proteção.

- Por favor, coma. - Sento do lado dele e pego o celular.

             Assim que ele acaba, olho pra ele e vejo que ele está mais corado.

- Estava uma delícia senhor Ryan. - Ele tenta levantar mas volta pro sofá.

- Eu levo isso. - Pego a bandeja e levo de volta pra cozinha.

            Volto e Alex está pegando as coisas na bolsa dele.

- Podemos começar? - Ele me pergunta.

- Você está melhor? Não precisa forçar a me ajudar, se quiser pode descansar.

- Não, eu vim pra isso. - Ele sorri.

- Então tá.

             Arrumamos as coisas na mesinha de centro e começamos a trabalhar. Olho pro Alex digitando e vejo que os olhos dele estão vermelhos como se ele tivesse chorado por muito tempo mas eu não me atrevo a perguntar.
            Entre um olhar e outro vejo o Alex pelo canto dos olhos. Sua pele, seu cabelo milimetricamente bem cuidado. Percebo que minhas mãos estão úmidas e meu coração acelerado.

- Porra! - Sussurro pra mim.

- O que? - Alex pergunta.

- Pensei alto. - Volto a escrever.

            Estamos avançado muito bem no projeto. Alex conseguiu adiantar muitas pesquisas, mais uma vez ele mostrando que é extremamente competente.
             Olho pra ele novamente e vejo que os olhos dele estão pesados mas ele continua escrevendo.
Pego o meu celular e vejo uma mensagem do Erik perguntando se eu vou pro evento. Eu respondo que sim e logo desligo o celular. Outra mensagem chega e eu olho novamente. A mensagem do Erik é em um tom engraçado, ele diz que espera que consiga sair do evento com alguma gatinha. Dou risada e volto a trabalhar.
            O dia vai embora dando lugar ao céu escuro e então minhas costas me alertam que faz muito tempo que eu estou sentado no chão, apesar de estar sentado no tapete, a dor não deixa de aparecer. Me levanto e sento no sofá com o notebook no colo.
            Durante uma das pesquisas vejo uma contradição no texto em que estamos trabalhando, chamo Alex e ele levanta devagar e senta do meu lado.

- Consegue perceber a contradição? - Aponto o notebook pra ele.

            Ele esfrega os olhos e tenta focar no texto.

- An... Oh... Onde exatamente?

            Olho pra ele estranhando ele não perceber o erro.

- Alex, você dormiu bem?

- O que? Ah... É....

             Era de se esperar, eu nunca vi Alex tão disperso como hoje. Deixo pra lá e volto a escrever mais algumas coisas até que eu sinto uma cabeça encostando no meu ombro. Olho pro lado e vejo que Alex pegou no sono.    Esse toque dele é como um choque no meu corpo. Passo a mão no rosto dele e aliso a pele quentinha que ele tem.    Desço a mão até o pescoço dele e levanto um pouco pra poder olhar pro rosto dele.

- Ok, está na hora de descansar.

           Levanto e pego ele. Noto que mais uma vez eu estou com ele no colo, a cabeça dele está no meu peito e eu consigo sentir sua respiração serena. Isso tá virando hábito?
            Subo as escadas e abro a porta do quarto de hóspedes, está tudo arrumado e então eu ponho ele com cuidado na cama. Cubro ele com a manta que está na cama e dou uma arrumada no travesseiro. Antes de sair, olho mais uma vez pra ele e vejo que ele é um garoto bom, frágil porém bom.
            Saio do quarto e respiro fundo. Desço as escadas e começo a arrumar as coisas quando vejo o celular do Alex vibrar. Tento relevar mas quando eu vejo o nome da Lisa na notificação, a vontade de olhar se torna maior do que qualquer coisa. Sei que é errado mas a curiosidade toma conta de mim. Pego o celular e vejo a mensagem.

"Hum, enquanto você está com o seu grandalhão, eu estou saindo com o Tyler. Tenha uma boa noite"

            A mensagem termina com um emoji de lua olhando pro lado. Grandalhão? É assim que eles me chamam? Pego o celular dele e levo de volta pro quarto, entro novamente e vejo que ele dorme como uma pedra, até a respiração dele está leve.
            Guardo tudo e vou pro quarto. Quando deito, fico pensando na mensagem da Lisa. Apesar de ser errado, sei que daria tudo pra ver mais um pouco da conversa deles, quero saber o que eles falam sobre mim.
Tento afastar os pensamentos mas toda vez que eu fecho os olhos, a imagem do Alex volta na minha mente me fazendo pensar nele. Por que eu me sinto diferente quando estou perto dele? O que ele está fazendo comigo?

[CONTINUA]