Capítulo 94

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> Havaí <

[Alex]

            O grito de terror rasga minha garganta, ecoando pelo salão.

- NÃOOOO! - A palavra sai como um urro de dor e desespero.

           Levanto correndo, o coração batendo descompassado, e ouço o som agudo do tiro. Meu corpo reage instintivamente, e corro em direção ao homem armado. Consigo segurar a arma, mas ele me acerta com a coronhada na testa, me deixando tonto. Outro disparo atinge o teto, e a água do sistema de incêndio começa a jorrar. O alarme também é ativado e o som dele ecoa, espalhando caos e pânico pelo salão.
            As pessoas gritam e começam a correr. O desespero toma conta do lugar. No meio do tumulto, vejo o homem misterioso desaparecendo na multidão. Minha visão está turva, mas continuo correndo, cambaleando, em direção ao palco onde Ryan está com cara de dor.

- RYAN! NÃO! - Grito, minha voz cheia de pânico e dor.

            Subo no palco e encontro Ryan caiu no chão, sangue escorrendo do seu corpo. Meu coração quase para de bater ao vê-lo se contorcendo de dor.

- AMOR, FALA COMIGO, POR FAVOR NÃO ME DEIXA! - Imploro, as lágrimas misturando-se com a água que cai do teto.

- Acho... Acho que fui atingido. - Ele diz com dificuldade, tossindo.

            Rasgo o paletó dele com mãos trêmulas, buscando a origem do sangue. Não consigo encontrar de onde vem o ferimento até que veja seu braço, coberto de sangue.

- Aí meu Deus amor, seu braço. - Digo, chorando mais forte.

            Olho desesperadamente ao redor e vejo paramédicos entrando no salão. Eles correm em nossa direção, trazendo uma maca.

- Por favor, se afaste. - Um deles diz, com urgência na voz.

- NÃO, POR FAVOR, ME DEIXA IR COM ELE! - Grito, segurando Ryan como se minha vida dependesse disso.

            Sinto outro paramédico me segurando pela cintura, evitando que eu fique perto do Ryan.

- Você também precisa ir para o hospital. - Ele diz, com firmeza.

- O QUE? NÃO! EU TÔ BEM, EU PRECISO IR COM ELE! - Choro desesperadamente, minha visão ficando embaçada pelas lágrimas e pela dor na testa.

            De repente, sinto uma dor aguda perto da sobrancelha, coloco a mais na testa e fecho os olhos, gemendo de dor.

- ARGTH... - Gemo, sentindo a cabeça latejar.

            Vejo Ryan sendo levado e tento ir atrás dele, mas o paramédico me segura com força, me guiando para outra ambulância.

- Por favor, ele precisa de mim! - Imploro, minha voz se quebra.

- Nós vamos cuidar dele, senhor. Agora precisamos cuidar de você também. - Diz o paramédico, sua voz tentando ser calmante, mas firme.

             Entro na ambulância e eles começam a correr. Meu corpo está todo molhado, a água do cano que estourou me deixou encharcado. O paramédico começa a examinar minha testa, e vejo sangue nas mãos dele.

- Só... só cuida do Ryan. - Murmuro, sentindo a exaustão e o medo de tomar conta de mim.

           A ambulância balança enquanto acelera pelas ruas, e a sirene ecoa nos meus ouvidos. Fecho os olhos, tentando manter a calma, mas tudo que consigo ver é o rosto de Ryan, contorcido de dor e o sangue dele espalhando pelo palco de madeira.

- Vai ficar tudo bem, senhor. Respire fundo. - O paramédico me instrui. - Nossa equipe é muito qualificada, vamos fazer o possível pra deixá-los bem.

            Tento fazer o que ele diz, mas minha mente está presa na imagem de Ryan sangrando no palco. O medo de perdê-lo é insuportável.
            Finalmente, chegamos ao hospital. Fui levado para uma sala de emergência, e os médicos começaram a trabalhar em mim. A dor na testa é intensa, e sinto o sangue escorrendo, mas a única coisa em que consigo pensar é no Ryan.

- Onde está ele? Como ele está? - Faço perguntas repetidas, minha voz trêmula.

- A equipe está cuidando dele, senhor. Ele vai ficar bem. Precisamos cuidar de você agora. - Um dos médicos responde, me enganando.

             Eles começaram a limpar o corte na minha testa, e a dor é quase insuportável. Fecho os olhos e tento me concentrar na respiração, mas meu coração está acelerado, cheio de medo e angústia. Meu estômago se revira dentro de mim me fazendo enjoar.
             Depois de alguns minutos, que aparentemente uma eternidade, ouço passos se aproximando. A porta se abre e quando abro os olhos e vejo um médico entrando na sala.

- Como ele está? - Pergunto imediatamente, minha voz cheia de preocupação.

            O medo da resposta me faz perder o controle da respiração, Ryan não pode me deixar.

- Ele está em cirurgia agora. A bala atingiu o braço, mas precisamos verificar se há mais danos internos. - O médico explica de forma técnica

            Sinto um peso enorme no peito, e lágrimas escorrem pelo meu rosto. Por que isso está acontecendo?

- Ele vai ficar bem? - Sussurro, quase sem esperança.

- Vamos fazer tudo o que pudermos. Ele é um rapaz forte, vai ficar bem. - O médico responde, sua voz calma mas séria.

            Fecho os olhos novamente, tentando  manter a esperança viva. A dor na minha cabeça é intensa, mas a dor no meu coração é muito pior. Tudo que quero é estar ao lado do Ryan, segurando sua mão e dizendo que tudo vai ficar bem.
             O tempo parece se arrastar enquanto espero notícias. Cada minuto que passa é uma tortura.
Finalmente, depois do que parece uma eternidade, um médico entra na sala com uma expressão séria.

- Senhor Alex? - Ele chama, e eu imediatamente me levanto, meu coração batendo forte.

- Doutor, por favor me diga como ele está. - Falo com a voz trêmula.

[CONTINUA]

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