Capítulo 6

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> Seatlle <

[Ryan]

            Erik entrou na minha sala com um sorriso descontraído, e eu aproveitei a tranquilidade da empresa para bater um papo com meu amigo.

- Não tive tempo de perguntar. - Digo soltando a caneta. - Como foi a entrevista no geral?

            Erik sorriu, um brilho de satisfação nos olhos.

- Foi boa, Ryan. Acho que temos alguns candidatos promissores.

            Eu assenti, satisfeito com a resposta.

- Ótimo trabalho, Erik. E quanto ao "Cinderela"? - Perguntei, referindo-me ao garoto misterioso que havia deixado seu celular para trás.

            Erik fez uma careta e logo em seguida deu risada.

- O telefone adicional não atendeu. - Ele explicou, parecendo um pouco frustrado.

- Continue tentando. - Sugeri, inclinando-me para trás na cadeira. - E se não der em nada, procure no currículo o endereço dele.

            Erik assentiu, agradecendo pela sugestão. Enquanto Erik se preparava para sair da sala, ele lançou um olhar divertido na minha direção.

- E então, como foi a noite com a loira misteriosa? - Ele perguntou, um sorriso travesso brincando em seus lábios.

            Eu ri, lembrando-me dos acontecimentos da noite anterior.

- Foi muito agradável. - Respondi, com um leve rubor colorindo minhas bochechas. - Mas foi uma noite cansativa, se é que você me entende.

            Erik riu, balançando a cabeça em compreensão.

- Entendo perfeitamente. Bem, acho que é melhor voltar ao trabalho antes que você dê mais detalhes dessa noite. - Ele diz, fazendo menção de sair da sala.

- Obrigado, Erik. E boa sorte com a busca pelo "Cinderela" - Eu digo, dando-lhe um aceno de despedida.

[Alex]

            O ambiente do velório está pesado, carregado com a tristeza e a dor da perda. Meu coração está dilacerado, cada batida uma lembrança dolorosa da ausência do meu pai. Minha mãe está ao meu lado, inconsolável em seu luto, e eu me pergunto se ele partiu desse mundo com raiva de mim.
            Lisa, minha amiga de confiança, está ao meu lado, suas palavras gentis tentando confortar o vazio em meu peito.

- Estou aqui para o que precisar, Alex. Seja forte. - Ela murmura suavemente, segurando minha mão com ternura.

            Seus abraços eram um bálsamo para minha alma ferida, mesmo que a dor persistisse. Os amigos próximos e familiares compartilhavam minha tristeza, suas expressões sombrias refletindo a dor da perda. Cada rosto conhecido era uma lembrança do amor que meu pai havia deixado para trás.
            Conforme o velório avançava, o peso da realidade parecia cada vez mais insuportável. Antes do caixão descer para seu descanso final, minha mãe tomou a palavra, suas palavras fluindo com uma mistura de tristeza e gratidão.

- Meu amor, ele foi um homem incrível. Sempre estará conosco em nossos corações, espero que todos que estão presentes tenham conseguido desfrutar da amizade e do amor que meu marido dava enquanto vivo. - Ela diz com a voz embargada pela emoção.

            Suas palavras eram um tributo à sua vida, e eu não pude conter as lágrimas que inundavam meus olhos.
Outro abraço de Lisa me envolveu, sua presença uma âncora em meio ao caos da minha dor.
             Enquanto o caixão se fechava e todos se despediam com a última olhada para a pessoa que amamos, eu senti o peso da perda se abater sobre mim mais uma vez, uma dor lancinante que ecoava em meu peito vazio.

******

            O retorno para casa após o velório foi um desafio para mim e minha mãe. O ambiente estava carregado com a ausência do meu pai, e o silêncio que permeava a casa era ensurdecedor. Cada canto, cada objeto, trazia consigo lembranças dolorosas da presença dele.
            Enquanto minha mãe preparava o jantar, eu observava a casa com um misto de tristeza e nostalgia. Os objetos que ele deixou para trás agora pareciam mais pesados do que nunca, testemunhas mudas de uma vida que se foi.
            Sentamo-nos à mesa em silêncio, a comida servida diante de nós como um lembrete da vida que continuava apesar da perda que sentíamos. A conversa escassa e o som dos talheres contra os pratos eram os únicos ruídos que preenchiam o espaço vazio ao nosso redor.

- Volte pra casa meu filho, nós vamos precisar unir força pra passar por essa fase. - Minha mãe me olhava.

- Pode deixar. - Sorrio bem levemente.

            Termino minha refeição em silêncio, a sensação de perda pesando em meus ombros como uma âncora.

- Vou tomar um banho. - Murmurei, empurrando a cadeira para trás e me levantando da mesa.

- Vai lá Alex. - Minha mãe me dá um leve sorriso.

            No banho, deixei a água quente escorrer pelo meu corpo, mas o calor não era suficiente para afastar os pensamentos sombrios que me assombravam. Meus pensamentos voltaram para o meu pai, para os momentos felizes que compartilhamos, até chegar no dia em que meu pai me mandou embora de casa.
            Como poderia ter sido diferente? Essa pergunta ecoava em minha mente, uma busca incessante por respostas que nunca viriam.
            Desliguei o chuveiro, o silêncio do banheiro envolvendo-me como um abraço frio. Foi então que ouvi alguém bater na porta lá embaixo, seguido pela voz da minha mãe.

- ALEX, É PRA VOCÊ FILHO. - Ouço minha mãe gritar lá de baixo.

- Pra mim? - Me pergunto. - Quem será?

            Despertei dos meus pensamentos e corri para a sala, meu coração martelando no peito com uma sensação de apreensão já que eu não tenho muitos colegas por aqui. Ao chegar lá, fui recebido por uma cena que me deixou completamente em choque.
             A porta estava entreaberta, e do lado de fora estava um homem alto, vestido com um terno impecável.

[CONTINUA]



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