Capítulo 59

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> Seatlle <

[Alex]

            Eles voltam para a sala e logo se aproximam da porta.

- Nós vamos fazer umas compras benzinho, voltamos em algumas horas. - A mãe dele fala sorrindo.

            Eles fecham a porta e Ryan solta os ombros.

- Ah... Eu... - Tento achar palavras.

- Isso vai ser difícil! - Ele admite, a tensão evidente em sua voz.

- Eu estou aqui pra te ajudar! - Pego o rosto dele e beijo. - Você não está sozinho nessa.

            Termino de escrever o texto do projeto e guardo as coisas.

- Você acha que é bom fazermos um jantar? - Pergunto.

- Eu acho, vou fazer. - Ele responde, levantando e indo até a cozinha.

- Eu posso preparar a mesa? - Pergunto, querendo ajudar de alguma forma.

- Jamais iria recusar seu talento pra organização. - Ele sorri, o que me faz sentir um calor no peito.

             Começo a arrumar a mesa e fazer alguns ajustes. Ryan está freneticamente preparando as coisas na cozinha, o cheiro já está maravilhoso e minha barriga ronca de fome. Assim que termino de arrumar a mesa, chamo Ryan, e ele me olha e sorri.

- Está incrível! - Ele me beija de leve.

- Precisa de ajuda lá na cozinha? - Pergunto, querendo ser útil.

- Não não, já estou terminando.

- Então eu posso ir tomar um banho?- Peço, sentindo o cheiro de comida no ar.

- Pode ir. - Ele responde.

            Vou tomar um banho e, depois de alguns minutos, desço e vejo Ryan colocando as coisas na mesa.

- Vou tomar um banho também. - Ele diz, pondo o último prato.

            Ele sobe correndo e vai tomar um banho. Tempo depois ele aparece descendo as escadas, ainda um pouco molhado, mas impecavelmente vestido.

- Chegaram?

- Não não. - Rspondo, tentando manter a calma.

- MERDA! Eu não deveria ficar tão nervoso com a presença dos meus próprios pais. - Ele começa a andar de um lado para o outro.

- Respira fundo, meu amor. - Digo, tentando acalmá-lo.

- O que? - Ele me olha espantado. - Você me chamou de amor? - Ele sorri, uma centelha de alegria nos olhos.

- Ah... É... Você... - Tento me explicar, mas ele me interrompe.

- Fala de novo. - Ele faz uma voz de criança brincalhona.

- Você é meu amor, Ryan. - Brinco, rindo.

            Ele me abraça forte e me dá um beijo. Mas antes que o beijo fique mais intenso, a porta abre.

- Ufa, estava precisando. - Ela entra com sacolas, sorrindo. - Uau, que mesa é essa? - Ela sorri, encantada.

- Fiz o jantar e Alex arrumou o resto. - Ryan fala, tentando manter a compostura.

- E vocês que montaram essa mesa? - O pai dele olha sério.

- Foi o Alex. - Ryan sorri levemente pra mim.

- Que bom gosto você tem, Alex. - O pai dele olha para mim com aprovação.

- Vou guardar as sacolas e em cinco minutos estaremos aqui. - A mãe dele sobre as escadas fazendo o som do salto martelar nos meus ouvidos.

            Os pais dele guardam as sacolas e então sentamos para jantar. A tensão no ar é palpável, mas todos tentamos agir naturalmente. Ryan serve o jantar com uma precisão quase militar, claramente querendo que tudo seja perfeito.

- Isso está maravilhoso filho, não me lembro de tê-lo ensaiado a fazer essa receita. - A mãe dele sorri.

- Ate porque não foi a senhora, eu aprendi sozinho. - Ryan fala de mim jeito que me deixa sem graça.

             Durante o jantar, todos ficamos tensos. Consigo sentir a tensão de Ryan ao meu lado, seu corpo rígido enquanto sua mãe continua falando sobre suas viagens. O rosto de Ryan está ficando vermelho a cada história contada, a cada lembrança de lugares que ele nunca teve a chance de visitar com eles. Então, em um momento de descuido, a mãe dele solta o que não deveria.

- Ryan, querido, você ainda está com a Madson? Ela sempre foi tão adorável.

            Ouvir isso me faz perder o apetite na hora. Ryan solta o garfo e a faca com um estalo alto na mesa e olha para ela com um olhar fulminante, mas sua mãe não percebe a besteira que fez. Ele se levanta abruptamente, a cadeira raspando no chão, e sobe as escadas sem dizer uma palavra. Hesito em ir atrás dele, não quero parecer invasivo. O silêncio que se segue é pesado.

- Pensei que ele tinha passado dessa fase rebelde. - O pai dele comenta, terminando de comer sem pressa.

- Bom, eu vou me retirar. Amor, me acompanha? - A mãe de Ryan diz, claramente desconfortável com a situação mas ainda sorrindo.

            Essa mulher nunca tira esse sorriso bobo do rosto?

- Claro, querida. - Eles levantam e se retiram, deixando-me ali, sozinho com meus pensamentos e a bagunça emocional que ficou para trás.

            Espero até ouvir o som distante da porta do quarto deles se fechando antes de subir as escadas.
            Entro no quarto de Ryan sem fazer muito barulho. Ele está sentado na ponta da cama, com as mãos segurando a cabeça. Seu corpo parece carregar o peso do mundo.

- Ryan... Eu... - Tento achar palavras, mas nada parece suficiente.

            Sento ao lado dele e passo a mão nas suas costas, sentindo a tensão em seus músculos.

- Você foi forte por ter aguentado o dia de hoje. Vá descansar. - Digo suavemente.

            Ele só me olha e então respira fundo.

- Novamente minha mãe tocando nas minhas feridas.

            Feridas? Droga. Não quero parecer ciumento, mas será que Ryan ainda sente algo pela Madson? O pensamento me corrói por dentro.

- Ryan, você... Você ainda sente alguma coisa pela Madson? Eu... Eu não quero ter que ser um curativo. - Digo, minha voz cheia de insegurança.

- O que? Alex?

             Ele me olha de um jeito que faz querer afundar na cama.

[CONTINUA]

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