Capítulo◇104

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- Já! Farei algo mais a essa mulher que a xingar! Hoje queria bater-lhe para que me dissesse a verdade, e ainda penso fazê-lo.

- Não posso permitir que o faça, Christopher - disse Christian com calma.

- Não pode? - disse Christopher assombrado -. Desde quando defende a essa harpia? Disse-me muitas vezes que precisava de uns tapas.

- Quando os precisava, sim, mas já não os merece. E ainda que assim fosse, teria que lhe deter, por seu estado. Poderia machucar a criança... ao seu filho... e eu não posso permitir.

- Lhe digo que não é meu! Sei que Dulce mente, só que não sei por que. Quando a criança nascer, verá a verdade de minhas palavras. E talvez então descobrirá o jogo de Dulce.

- Talvez então verá que foste um tonto! - disse Christian com dureza.

Mais tarde, quando Dulce desceu para jantar, passou junto a Christian na escada. Deteve-se frente ao homem corpulento e lhe deu um ligeiro beijo na face para agradecer-lhe por tê-la defendido. Christian se enrubesceu consideravelmente sob seu bronzeado, e Dulce seguiu descendo a escada enquanto ele sacudia a cabeça, desconcertado.

Christopher estava só na cabeceira da mesa. Não tinha visto Dulce beijar Christian, e a olhou com fúria quando ela se sentou junto a ele no lugar habitual. Não disse nada enquanto rapidamente enchia seu prato. Ela esperava que ele voltasse a xingar-lhe, de maneira que se sentiu aliviada por seu silêncio.

Christopher não tocou na comida, mas bebeu uma enorme quantidade de rum ainda que, surpreendentemente parecia permanecer sóbrio. Quando chegaram os demais, o jantar continuou em silêncio, e Dulce comeu rapidamente para poder voltar ao seu quarto.

Depois de várias horas tratando inutilmente de dormir Dulce ouviu passos no corredor frente a sua porta. Estava segura de que Christopher não queria compartilhar a cama com ela essa noite, mas à medida que passavam os minutos, começava a sentir-se inquieta, perguntando-se por que ele ficava parado frente à porta.

Depois a porta se abriu de repente, golpeando contra a parede, e Dulce se sentou rapidamente na cama. Quando viu a expressão de Christopher, soube que tinha golpeado a porta de propósito, para assegurar-se de que ela estava desperta, fechou a porta silenciosamente e a olhou com frieza por alguns momentos antes de aproximar-se lentamente à cama. Apoiou-se contra o poste e seguiu olhando-a.

Furiosa e aborrecida, ela começou a falar, mas ele a deteve com sua própria voz profunda.

- Tire a anágua, Dulce. Apesar de tudo o que disse e fez hoje, lhe farei amor. - Falava com tranqüilidade, mas seus olhos tinham uma cor azul gelado.

Dulce não podia acreditar no que ouvia. Ele estava furioso e no entanto a desejava. Ou só queria castigá-la?

Ela começou a protestar, mas ele a interrompeu antes que pudesse dizer uma palavra, com voz ameaçadora.

- Isto não é um pedido Dulce, mas sim uma ordem. Tire a anágua!

Dulce tremia, ainda que no quarto fizesse calor. Christopher tinha dito a Christian que queria arrancar-lhe a verdade, e Dulce se deu conta com temor de que nem Christian nem ninguém podiam protegê-la agora.

Dulce tirou a camisa, e depois subiu os cobertores para cobrir sua nudez. Podia suportar qualquer coisa, mas tinha que pensar em seu bebê e protegê-lo de qualquer mau.

Ainda que tivesse feito o que ele queria não havia satisfação no rosto de Christopher. Sua expressão era fria, ainda que lhe arrancou os cobertores e começou a tirar sua própria roupa com deliberada lentidão.

- Quero que compreenda que eu não tolerarei sua fingida resistência, Dulce - disse com dureza -. Tratei-a com cuidado porque é formosa e porque não queria estragar sua beleza. Fui macio contigo, e esse foi meu erro.

Estendeu-se a seu lado na cama e a atraiu para ele, desafiando-a a que resistisse. Sua voz era um sussurro mortal enquanto continuava.

- É minha. Teria que a ter açoitado na primeira vez que mostrou seu terrível gênio. Teria que a ter prendido a minha cama para que não pudesse escapar. Mas, sobretudo, jamais teria que ter posto meus olhos em você. Dessa maneira não teria esta dor que me consome. E, Deus meu, ainda que sei que leva o bastardo de Laly, não posso deixar de desejá-la.

Seus lábios se apossaram dos dela magoando-a com sua selvagem pressão. Dulce sabia que Christopher estava destroçado. Odiava-a, odiava-a por muitas razões, mas inevitavelmente, sua necessidade dela superava seu ódio. E depois de uns momentos, também ela se perdeu no desejo.

💛𝐀 𝐩𝐫𝐢𝐬𝐢𝐨𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐩𝐢𝐫𝐚𝐭𝐚💛𝐓𝐞𝐦𝐚-𝐕𝐨𝐧𝐝𝐲    Onde histórias criam vida. Descubra agora