Capítulo◇112

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- Não tem que me dar explicações - disse Dulce com um sorriso. E agora seus olhos eram profundos lagos azuis -. Cheguei a querer-lhe muito, Christopher. Na realidade, creio que estou apaixonada por você. Mas não quero que se case comigo se não o desejar com todo seu coração. É suficiente que me deseje.

Ele a beijou ternamente, sentindo que lhe tinha concedido seu maior desejo, mas sentindo-se ao mesmo tempo inseguro. Sabia que desejava Dulce, mas não sabia se a amava ou não, como nunca tinha estado antes apaixonado por uma mulher, não estava seguro de que o que sentia por ela fosse amor ou somente desejo. Mas se sentia muito feliz que ela o amasse. 

- Dulce, quando o ano tiver terminado, quer ficar aqui comigo... Viver comigo como até agora? - aventurou Christopher.

- Se fosse somente por mim, ficaria. Mas não creio que Casey o permita - replicou Dulce.

- Outra vez Casey! Seu maldito pai esticará demasiado a corda - disse Christopher com dureza enquanto a soltava.

- Não posso dizer nada, Christopher. É meu pai, e só deseja o melhor para mim.

- O que ele considera o melhor!

- Talvez, mas está em seu direito - replicou Dulce, baixando as pálpebras.

Pôs-se a andar, mas ele lhe tomou a mão para retê-la.

- Aonde vai?

- Todos já foram dormir, ia fazer o mesmo.

Ele viu que o salão realmente tinha ficado vazio; então voltou a olhar para Dulce, com um rogo nos olhos.

- Se não podemos ir para cima juntos, Fica um pouco mais aqui comigo.

A dor de Dulce ante a explosão de Christopher desapareceu com suas ternas palavras. Permitiu que a conduzisse ao sofá, onde ele se deitou junto a ela rodeando-a com seus braços. Enquanto a abraçava suavemente, ouviam os trovões afora, e o barulho das lenhas na lareira.

- Se eu for no meio da noite, não gritará? - perguntou Christopher.

- Será difícil porque mamãe levou suas coisas ao quarto contíguo ao seu, e Casey levou seu baú para o quarto de mamãe. Quer que estejamos o mais separados que seja possível.

- Já nem sequer sou dono de minha própria casa! - exclamou Christopher, exasperado -. Você não pode fazer nada, Dulce?

- Amanhã falarei com mamãe e lhe pedirei que fale com Casey. Talvez consiga que ele mude de opinião.

- Suponho que terei que me contentar com isso por esta noite. Mas será melhor que Casey ceda.

Dulce acordou com um estremecimento, dizendo o nome de Christopher com voz atormentada. Olhou o lugar vazio da cama junto a ela, e o pesadelo que a tinha acordado persistia vividamente em sua mente. Fazia anos que sonhava em entregar-se a Christopher, em brindar-lhe todo seu amor, e de repente ele a deixava sem pensar duas vezes porque outra mulher o atraía. O que Christopher tinha dito em seu sonho revivia em sua mente:

- Deve recordar que nunca nos casaremos. Isto tinha que terminar algum dia.

Ela olhou ao seu redor no quarto, muito escuro pela tormenta de lá fora, e de repente se sentiu deprimida e à beira das lágrimas. Christopher a desejava, estava segura, mas por que não podia amá-la também? Finalmente tinha admitido para si mesma e para Christopher que ela o amava, e começava a dar-se conta da intensidade desse amor. Tinha-lhe dado uma oportunidade de declarar o que sentia por ela, mas só lhe tinha pedido que ficasse com ele.

Ele não falava de uma emoção maior do que o desejo. Dulce poderia contentar-se com isso? Suportaria dar-lhe todo seu amor e não receber amor como retribuição? Mas, por outro lado, poderia suportar deixá-lo e não voltar a vê-lo nunca mais?

Dulce afastou os cobertores para levantar-se, e tremeu quando uma brisa fria entrou pela janela aberta. Teria sido uma manhã perfeita para ficar na cama, desfrutando do calor de Christopher. Esperava que ele sentisse sua falta tanto quanto ela dele. Também esperava poder falar com Casey e terminar com a separação.

Dulce pôs lentamente um vestido celeste com mangas largas e longas para manter-se abrigada durante esse dia de tormenta. O céu estava coberto de pesadas nuvens cinzas, e não sabia que hora da manhã era, mas esperava encontrar só a sua mãe em seu dormitório.

Depois de dar uns passos para chegar ao seu quarto, desiludiu-se ao encontrá-lo vazio. Mas ao começar a descer a escada, apareceu sua mãe no extremo do corredor.

- É tão tarde que começava a preocupar-me por você - disse Blanca.

- Estava dormindo - disse Dulce -. Fiquei acordada até muito tarde ontem à noite. - Dulce mordeu o lábio, perguntando se sua mãe lhe seria útil para falar com Casey. - Mamãe, podemos falar no meu quarto?

- Sim, é claro.

Entraram e Dulce indicou a sua mãe que se sentasse, enquanto ela mesma se acercava ao pequeno berço de madeira que Christopher tinha feito na semana anterior. Tocou-o suavemente, e o pôs em movimento; depois se voltou para olhar sua mãe.

- Mamãe, deve saber que estou muito contente que você e Casey tenham se reencontrado, de que finalmente esteja casada com o homem que sempre amou.

- Você não parece tão contente, ma chérie - replicou Blanca com um ligeiro sorriso.

- Estou contente por você, mamãe, mas creio que começo a ter pena de mim mesma. Você encontrou a felicidade quando Casey chegou aqui, mas eu perdi a minha.

- Sei que está alterada, me surpreendi quando Ryan proibiu que você e Christopher compartilhassem o quarto. Mas talvez esta separação seja o melhor para você, Dulce. Ryan está seguro de que se Christopher vê-se impedido de estar contigo durante tempo suficiente, fará o que deve fazer. Falamos disto longo tempo ontem à noite.

- Christopher e eu também falamos, mamãe. Ele não se casará comigo, porque teme um compromisso tão total. Mas me pediu que fique aqui com ele, seria o mesmo que se estivéssemos casados, só que sem os juramentos.

- Mas ele poderia deixá-la a qualquer momento!

- Também poderia fazê-lo se estivéssemos casados.

- Um homem sente uma responsabilidade diferente por sua esposa - replicou Blanca.

- Eu sei. Mas Christopher é contra o casamento, e não admitirá que ninguém o empurre para ele. Mas eu o amo, mamãe, e quero permanecer aqui com ele.

- Então finalmente admitiu. Sabia que o amava, ainda que seguia falando tão intensamente de seu ódio - disse Blanca com um gesto de consentimento.

- Talvez já o amasse então, mas estou segura de amar-lhe agora. Falará com Casey? - pediu Dulce esperançosamente -. Não desejo esta separação, mamãe. Só foi uma noite, e já sinto terrivelmente a falta de Christopher. Quero estar junto dele pela noite. Quero a segurança que ainda que minha gravidez esteja tão adiantada, ele ainda deseja que eu esteja com ele.

- Falarei com seu pai quanto estivermos sozinhos - disse Blanca. Pôs-se de pé, tomou Dulce em seus braços, e a abraçou -. Mas se Ryan não ceder, não abandone a esperança, Dulce. Creio que subestima o poder que tem sobre Christopher.


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💛𝐀 𝐩𝐫𝐢𝐬𝐢𝐨𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐩𝐢𝐫𝐚𝐭𝐚💛𝐓𝐞𝐦𝐚-𝐕𝐨𝐧𝐝𝐲    Onde histórias criam vida. Descubra agora