Capítulo◇116

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Já tinha amanhecido quando Dulce acordou. Finalmente tinham aberto as persianas de seu quarto e o sol entrava aos borbotões. A sensação de paz e felicidade que tinha sentido antes de cair esgotada voltavam agora enquanto sentia mover-se a sua filha na cama junto a ela. Na meia hora seguinte, experimentou o prazer de todas as mães ao poder alimentar a sua filha com seus seios inchados. Enquanto sustentava ao bebê nos braços, a criatura parecia dormir se não fosse pela constante sucção de sua boquinha.

Christopher entrou no quarto um momento depois e se sentou na borda da cama, tomando a mão de Dulce entre as suas, seus olhos eram ternos enquanto olhava a Dulce e a sua filha adormecida.

- Como se sente? - perguntou ele.

- Feliz.

- Não me referia a isso, e você sabe - disse ele com uma voz que tratava de fazer parecer severa, sem consegui-lo.

- Estou bem, realmente - disse ela com um cálido sorriso, e viu que a tensão desaparecia do rosto dele. Mas então lhe tocou ternamente a face -. Christopher o que disse a Bastida, aconteceu realmente?

- Sim - respondeu ele, e em seus olhos já não tinha ódio como sempre que mencionava o nome de Bastida.

- Deve ter sido terrível viver todos estes anos com essa recordação, e era tão pequeno quando aconteceu. Como se arrumou depois disso... Ou prefere não falar disso?

- Já não me importa falar disso, mas creio que agora deve descansar - replicou ele.

- Não quero descansar!

Ele sacudiu a cabeça ante sua teimosia, mas ela sorriu. Esta era uma parte de Dulce que sempre estaria ali, como seu terrível gênio. Mas eram características suas que a convertiam no que era... A mulher que ele amava.

- Muito bem, pequena. Eu conhecia Christian desde sempre, porque vivia sozinho na casa junto à nossa, já que seus pais tinham morrido uns anos antes. Felizmente, essa noite estava longe da costa e quando voltou, converteu-se em meu guardião. Ajudou-me a enterrar minha dor, mas nada pôde fazer com o ódio que ficou dentro de mim. Dois anos mais tarde, ele e eu saímos do povoado e viajamos para o norte até chegar a uma grande cidade da costa com um porto cheio de barcos de países amigos. Christian queria ir para o mar, e a única coisa que eu desejava era encontrar a Bastida. De maneira que nos enrolamos no primeiro barco que partiu, que era um navio inglês.

- E agora sua busca finalmente terminou.

- Sim, mas já tinha terminado antes que chegasse aqui. Nunca fui a Espanha. Depois de estar sozinho uma semana e meia no mar, dei-me conta de que podia esquecer o passado, esquecer Bastida. Virei para voltar para casa. Sabia que era a única que me importava. Amo-a, Dulce, tanto que é como uma dor. Teria que me ter dado conta disso a primeira vez que a deixei, quando não senti desejo por nenhuma outra mulher que não fosse você. Converteu-se numa parte de mim, e não posso viver sem você.

- Ai, Christopher, quanto roguei para ouvi-lo dizer isto! - gritou Dulce, com lágrimas de alegria nos olhos -. Quando me trouxeram aqui, pensei que talvez não voltasse a vê-lo nunca mais. E agora está aqui e me diz que me ama e eu te amo.

- Nunca se libertará de mim, pequena. Fui um tonto ao deixá-la para ir em procura de Bastida; só me dei conta quando era demasiado tarde. Christian veio atrás de mim no barco do seu pai e me encontrou a caminho de casa. Quando me disse o que tinha acontecido, viemos aqui de imediato. Durante dois dias só pude pensar em matar Bastida. Mas depois meus pensamentos foram substituídos pelo temor de que pudesse machucá-la, ou de que talvez não estivesse aqui. Ainda então, sabendo que estava a ponto de enfrentar finalmente a Bastida, só podia pensar em você. Mas agora tudo terminou. O passado está morto. Nunca voltaremos a separar-nos, minha pequena flor francesa, e nos casaremos quanto chegarmos em casa

💛𝐀 𝐩𝐫𝐢𝐬𝐢𝐨𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐩𝐢𝐫𝐚𝐭𝐚💛𝐓𝐞𝐦𝐚-𝐕𝐨𝐧𝐝𝐲    Onde histórias criam vida. Descubra agora