Capítulo ◇ 54

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- Levei a velha à bodega.

Dulce estremeceu ao ouvir as palavras de Christopher, porque estava tão ocupada trabalhando em seu novo vestido, que não o tinha ouvido entrar no camarote.

- Que?

- A sua criada. Levai-a à bodega para dar-lhe algodão que pedia, e quando viu isto, disse que você precisaria - replicou Christopher, colocando o pente de prata sobre a mesa em frente a Dulce -. Estas satisfeita agora?

- Satisfeita? Eu não pedi telão tecido capitão, você que me ofereceu. Eu só sugeri que fizesse o mesmo para minha criada. Já lhe agradeci... Não voltarei a fazê-lo. Quanto ao pente, Christopher. Não era tão bonito  como este, e era de madeira, mas eu o queria muito porque foi um presente de minha mãe. O pente e necessário, mas não substitui ao que eu tinha.

- Quer me fazer voltar para recuperar os  seus baús? - perguntou Christopher com sarcasmo.

- Sim.

Ele suspirou, porque devia ter imaginado a resposta.

- A tripulação do "Canção do vento" já deve ter se recuperado de suas feridas. Significa outra batalha.

- Esqueci que é um covarde - Replicou Dulce.

- Jamais fugi de um batalha... já lhe disse.

- Não, você só tem medo de brigar com as mulheres.

- De nada lhe serve brigar contra mim, Dulce. Ainda que pense que me magoaria, não conseguiria. Não quero ferir-te no forçamento, isso é tudo.

- Mas a mim me encantaria ferir-lo, Christopher ver-lo sofre pelo que me fez.

- Bem, sangrenta criatura, não o conseguirá.

Dulce sorriu e não disse mais Nada, continuou com sua costura enquanto Christopher se servia de rum.

- Comeu? - perguntou- apoiando-se no respaldo da cadeira para observá-la.

- Sim - Replicou Dulce -. Um rapaz me trouxe comida há alguns instantes atrás, começava a ter esperanças de que não voltasse está noite.... porque já é muito tarde. Maddy devolveu as tesouras?

- A que jogava está manhã, Dulce? - perguntou ele, ignorando sua pergunta -. Por que mudou sua atitudes tão repentinamente?

- Minha atitude não mudou - replicou ela com suavidade -. Ainda te odeio, Christopher.

Com os cabelos soltos sobre os ombro, e a cabeça inclinada sobre o vestido que estava costurando, a expressão de Dulce ficava oculta aos olhos de Christopher. O que ele queria ver eram seus olhos. Estariam de cor azul marinho  ou de um verde turbulento? Ó tom de voz de Dulce não revelava nada do ódio com que falava; no entanto ele sabia que dizia  a verdade. Não tinha dúvida de que ela o odiava, mas onde estavam o fogo e o gelo do dia anterior? Onde estava o temperamento dessa mesma manhã antes que sobrevivesse está mudança?

- Tem vontade de dar um passeio antes de deitarmos? - perguntou Christopher.

- Não, se pensa em me beijar ao luar outra vez.

- Confesso que tinha essa intenção. De maneira  que se quer ser teimosa, nos dormiremos agora.

- Vou sair para caminhar só - Aventurou ela.

- Não, você não vai!

- Então pode ir dormir.

- você também, pequena - replicou Christopher. Pôs-se  de pé e esvaziou o que restava do rum.

- Não até que tenha tirado essa barba.

- Que? - exclamou ele, seguro de que não tinha ouvido bem.

- precisa cortar essa barba... Até que seu rosto fique suave. Não estava brincando quando disse que sua barba me machuca. Elimina-a! - exigiu Dulce, olhando-o com seus  olhos esmeraldas.

- Não farei nada disso, Mulher.

Qualquer demora valia apena, ainda que não fizesse sentido, pensou Dulce. A barba realmente não lhe molestava, mas valia apena discutir só para ver se podia ganhar.

  

- Faço, questão de que se barbeie, Christopher. Não me moverei desta cadeira até que faça.

- Não está em posição de insistir sobre nada - grunhiu ele.

- Quer que eu lhe resista por semelhante tolice? - perguntou Dulce, com tom de riso na voz -. Por que não faz uma coisa tão pequena por mim?

- Minha cara me agrada tal como está!

- Bem, a mim não! Tem medo de tirar a barba porque estão se notaria mais a cicatriz? Ourta vez  se acordava,eh, capitão?

O corpo dele se fez rígido ao ouvir mencionar a cicatriz, e seus olhos frios  a olharam com furia.

- Está indo demasiado longe, Dulce!

Ela sentiu que tinha sido de mais, obviamente ele era muito sensível  quando referia a sua cicatriz. Dulce recordou que realmente não conhecia esse homem, que não estava em condições de julgar suas reações. Mas agora não podia  voltar atrás.

- Por que oculta a cicatriz? Muitos homens as apreciam. Não há nada do que se envergonhar.

- Eu não a oculta! Te pareceria bem que eu andasse  sem barba quando minha tripulação a usa?

- Sim. Eu disse que a sua barba me machuca. Elimina-a e me provarás que não é covarde.

- Não!

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💛𝐀 𝐩𝐫𝐢𝐬𝐢𝐨𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐩𝐢𝐫𝐚𝐭𝐚💛𝐓𝐞𝐦𝐚-𝐕𝐨𝐧𝐝𝐲    Onde histórias criam vida. Descubra agora