Capítulo◇114

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- Sairei para Espanha amanhã pela manhã, Dulce. E antes que se oponha, deve saber que se trata de algo que não posso deixar de fazer. Devo ver morto a Bastida antes que aceite estabelecer-me.

- Então não estará aqui quando nascer seu filho?

Christopher se surpreendeu que ela tomasse a notícia com tanta calma.

- Não, mas essa é a única razão pela que me vou agora. Não creio que suporte passar pelo que passou Christian. - Ela sorriu debilmente.

- Sentirei sua falta, Christopher, mas não mais do que o que senti neste último mês. Talvez seja mais fácil desta maneira. Irá por muito tempo?

- Sim, mas você terá a criança para ocupar o seu tempo... Os meses passam rapidamente. Quando eu voltar, estará esbelta novamente, e se tiver que raptá-la de minha própria casa para fazer amor contigo, o farei. - Ela riu.

- Então esperarei com muita vontade que me rapte.

- Eu também, pequena. Na realidade, a idéia me sustentará nos meses que vierem.

Dulce dominou cuidadosamente suas emoções ao dizer adeus a Christopher, o mesmo que no dia anterior, quando ele lhe falou de sua partida. Mas quanto o barco partiu explodiu em lágrimas.

Sentia no fundo de seu coração que passaria muito tempo antes que ele voltasse, porque não encontraria a dom Miguel de Bastida. Em algum momento Christopher terminaria sua viagem e voltaria para casa, mas voltaria a partir-se novamente para procurar a esse homem que jamais encontraria. Mas Dulce não desejava que Christopher tivesse sucesso. Preferia sofrer suas longas ausências e não que encontrasse a dom Miguel e talvez também a sua própria morte.

Durante dois dias, Dulce se preocupou por dom Miguel e o misterioso lugar onde estaria, interrogou a Christian sobre isto, mas como Christopher não lhe tinha dito nada, também não o diria a Christian. O único que poderia pensar era que talvez Miguel fosse o responsável pela cicatriz que Christopher levava no rosto. Mas, como podia Christopher odiar tanto ao homem pela cicatriz que nem sequer prejudicava sua postura?

Era como se ao pensar tanto em dom Miguel de Bastida, Dulce o tivesse atraído à ilha, porque na tarde do segundo dia entrou audazmente na pequena baía. Ninguém sabia que tinha vindo até que entrou como uma tromba pela porta da casa de Christopher, seguido por doze homens armados.

Dulce o viu enquanto descia a escada, e ao ver a dom Miguel, sentiu-se forçada a sentar-se com uma repentina tontura. Casey estava à mesa com Blanca, e se pôs de pé rapidamente, pronto a lutar ainda que não estivesse armado.

Blanca olhou com seus grandes olhos a dom Miguel, reconhecendo-o, porque recordava a conversa que tinha tido com Dulce sobre Christopher e podia adivinhar muito bem a razão de Bastida para estar ali.

Dom Miguel tirou o chapéu e fez uma reverência muito formal a Blanca.

- É um prazer voltar a vê-la, madame - disse em francês.

- Quem é você, monsieur? - perguntou furiosamente Casey no mesmo idioma, antes que Blanca pudesse dizer uma palavra.

- Dom Miguel de Bastida - disse ele com um sorriso sem humor.

- Bastida! Então você é o que procura Christopher.

- Sim, e aqui vim para terminar com sua busca - replicou dom Miguel. Desembainhou a espada e disse - Bem, onde está esse jovem que quer ver-me morto?

- Chegou demasiado tarde, porque Christopher partiu faz dois dias. Não voltará dentro de pelo menos um mês - replicou Casey. Caminhou ao redor da mesa para enfrentar-se com o homem.

💛𝐀 𝐩𝐫𝐢𝐬𝐢𝐨𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐩𝐢𝐫𝐚𝐭𝐚💛𝐓𝐞𝐦𝐚-𝐕𝐨𝐧𝐝𝐲    Onde histórias criam vida. Descubra agora