💛𝐀 𝐩𝐫𝐢𝐬𝐢𝐨𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐩𝐢𝐫𝐚𝐭𝐚💛𝐓𝐞𝐦𝐚-𝐕𝐨𝐧𝐝𝐲

Capítulo◇108

- Dulce, que lhe disse Christopher? - perguntou excitadamente Blanca quando entrou no quarto com a comida de Dulce -. Comportou-se de uma maneira muito estranha durante o jantar.

- Lhe perguntei se podia ir-me da ilha, mas se negou. Então lhe falei dos mal-estares que esperava sentir nos próximos dias - replicou Dulce baixinho.

- Então isso é provavelmente o que lhe preocupa esta noite. Tinha que tê-lo visto, ma chérie. Não tocou sua comida nem disse uma palavra. Nem sequer essa mulher pôde fazê-lo falar. Depois de um momento, ela se irritou e se retirou. Christopher a olhou ir-se, depois suspirou e a seguiu. Eu subi por trás deles.

- Então ele está com ela agora?

- Suponho que sim - replicou Blanca de má vontade -. Mas sigo pensando que trata de fazer-lhe ciúmes.

- É algo mais do que isso, mamãe. Essa é a mulher de Christopher, e eu devo aceitá-la. Não quero falar mais deles.

Dulce pôs a bandeja em sua saia e começou a comer com expressão ausente, mas Christopher seguia em seus pensamentos. Não podia entender para que queria retê-la. A menos... A não ser que a estivesse castigando pelos meses de angústia que ela lhe tinha causado... Mas se ele pensava que ao reter a Beli feria a Dulce, devia ser porque pensava que Dulce lhe queria. E Christopher seria um tonto em acreditar que ela lhe queria só porque tinha se entregado a ele no meio da paixão. Não... Tinha que ter outras razões por que queria retê-la.

Madeleine entrou bruscamente no quarto de Blanca nesse momento, mas se deteve ao ver Dulce.

- Que faz aqui, pequena? - perguntou ela, e continuou - ela se foi!

- Quem se foi? - perguntou Blanca pacientemente.

- Essa mulher... Belinda... Se foi!

- Como sabe? - perguntou Blanca, olhando o rosto desconcertado de Dulce.

- Ela desceu, com sua roupa de marinheiro, e vermelha de fúria. Eu ainda estava sentada à mesa com Christian e Mayte, e Belinda me deu uma olhada assassina. Depois se voltou para um de seus homens e lhe gritou que fosse procurar seu baú, e mandou chamar ao resto de sua tripulação para que se encontrassem com ela na baía. E depois saiu pegando fogo pela porta da casa!

- Está segura de que se irá da ilha? - aventurou Blanca.

- Sim, Christian disse que nunca ficou tanto tempo antes. Ele esperava que se fosse dias atrás.

- Mamãe, deve me ajudar! - disse Dulce, pondo-se de pé -. Agora que Beli se foi, não voltarei para o seu quarto. Nego-me...

- Voltar? - interrompeu Madeleine -. Quer dizer que ficou com sua mãe toda esta semana? Por que...? - Madeleine se interrompeu quando a porta voltou a abrir-se e Christopher entrou lentamente no quarto.

- Não! - gritou Dulce quando Christopher foi diretamente para ela e a tomou pela mão.

Ele não disse uma palavra enquanto a levava com suavidade, mas com firmeza pelo corredor para seu quarto. Só depois de fechar a porta e apoiar-se nela lhe soltou a mão. Ela se afastou dele.

- Agora estamos em paz, Dulce. Ainda que uma semana não é o mesmo que os meses de tormento que você me causou, decidi ser piedoso - disse Christopher baixinho.

- De que fala, Christopher? - perguntou Dulce.

- Não sabe, pequena?

- Se soubesse, não teria perguntado - se enfureceu ela, enquanto seus olhos verdes brilhavam selvagemmente -. Fala de forma enigmática!

- Me referia a esta semana, Dulce. Beli chegou no momento adequado, e me deu uma solução para meu problema.

- Lógico, eu era o problema - disse Dulce com frieza -. A chegada de Beli foi muito conveniente para você, estou segura. Por que se foi tão repentinamente?

- Porque eu lhe disse que se fosse.

- E você espera que eu acredite nisso?

- Pode acreditar no que quiser - disse Christopher sorrindo.

Dulce o olhou fixamente. Franziu o cenho. Christopher tinha usado a mesma frase que ela tinha empregado tantas vezes. O que jogava agora?

- A confundo, Dulce? Pensei que já tinha se dado conta da verdade. Pedi a Beli que se fosse porque já tinha cumprido com meus propósitos... Demasiado bem. Não fazia sentido continuar com o jogo se você não queria descer para observá-lo.

- Trata de dizer-me que todo a atenção que dava a Beli era só para me fazer ciúmes

- É claro.

- E suponho que quando fazia amor com ela também era para me fazer ciúmes... - disse Dulce -. Não voltarei para você através dessas mentiras!

- Não preciso conseguir que volte para mim... Nunca a perdi, Dulce. Vêem comigo - disse Christopher com suavidade. Abriu a porta e foi com ela até o quarto no outro extremo do corredor.

Dulce lhe seguiu, só por curiosidade, mas se surpreendeu com o que encontrou. O dormitório estava completamente revirado. A banheira estava cheia de água suja, e tinha possas a seu redor. No solo se viam toalhas pisoteadas, junto com o formoso cobertor. Os lençóis estavam enrugados, e Dulce viu cabelos loiros nos travesseiros.

- Por que está assim este quarto? - perguntou Dulce.

- Aqui ficava ela em suas visitas anteriores, e sempre deixava o quarto assim. Não permite que ninguém o limpe nem o limpa ela mesma. Só deixou que Kaino lhe trouxesse água para a banheira... Pode perguntar a ela mesma.

Dulce olhou a gorda capa, de pó que cobria os móveis e advertiu que na da mesa de noite tinha uma mensagem escrita com o dedo: umas poucas palavras que encheram de alegria o coração de Dulce:

"A preferiu quando podia ter-me tido a mim... Jamais o perdoarei, Christopher".

- Não tem estado neste quarto desde que ela se foi? - perguntou Dulce enquanto passava a mão pela mesa e apagava a mensagem.

- Não.

- E suponho que agora me dirá que durante toda esta semana dormi em outra parte, que não compartilhou sua cama com essa mulher.

- Lhe juro que essa é a verdade. Lhe dou minha palavra!

- Me resulta difícil acreditar, Christopher. É uma formosa mulher. Se ofereceu a você. Como podia negar-se?

- Em outra época me resultava intrigante, mas isso foi há muito tempo - respondeu ele -. Agora só desejo você.

- Como pode dizer isso agora que perdi as formas, e... E ela é tão esbelta?

- Ai, Dulce - suspirou Christopher -. Que terei que fazer para que acredite em mim? Dei-lhe minha palavra... Que mais quer?

- Quero saber por que fez isto, por que me deixou acreditar que ela compartilhava seu quarto.

- Para fazer-lhe ciúmes... Já lhe disse!

- Então...

- Se pensa fazer-me mais perguntas esta noite, vamos para o meu quarto onde estaremos mais cômodos.

Ela permitiu que ele a levasse pelo corredor ao seu quarto. Estava irritada com ele, mas também tão eufórica que pensava que explodiria. Tinha vontade de rir, mas não podia deixar Christopher ver sua alegria.

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