Capítulo◇109

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- Se a tranqüiliza e ficar quieta uns minutos, creio que posso responder às perguntas que ainda tem que me fazer - disse Christopher enquanto se sentava na cama para tirar as botas e a camisa -. Imediatamente antes da chegada de Beli, eu estava estendido no sofá no salão, tratando de decidir o que fazer contigo. Vi alguém que descia a escada, e quando entrou na cozinha, comecei a segui-la. Mas então apareceu Beli. Eu sabia que você podia ouvir tudo o que ela dizia. E quando me beijou, prolonguei o beijo só porque sabia que estava olhando. Foi o contato mais íntimo que tive com ela durante o tempo todo do que esteve aqui.

- Então por que parecia tão satisfeito todas as vezes que me via? - perguntou Dulce.

- Ela sabia que você pensava o mesmo que eu. Era demasiado orgulhosa para permitir pensar outra coisa, sabia que tinha se mudado para outro quarto, e pensava que poderia conquistar-me de novo. Foi a única razão pela qual ficou tanto tempo. Se você não tivesse corrido para o quarto da sua mãe na noite em que Beli chegou, a teria feito dormir no sofá de baixo para fazê-la acreditar no que queria. Na realidade, adaptou-se aos meus planos.

- Por que esta me explicando tudo isto?

- Porque quero que volte para minha cama como se nada tivesse acontecido - replicou ternamente Christopher.

- Tenho alguma outra opção?

- Não - disse ele, sorrindo.

A Dulce lhe agradou a resposta, e se voltou a olhar o pátio iluminado pela lua, para que ele não visse sua alegria. Mas ainda tinha algo que não compreendia.

- Christopher, diga-me uma coisa mais - disse Dulce -. Quando Beli chegou, seu estado de ânimo mudou completamente e era feliz. Bem, talvez ela não era a causa. Talvez sentia prazer ao pensar que eu me sentia muito mau... Não era assim, acredite-me. Mas agora que terminou esta farsa por que não voltou a ser o tirano que era antes da chegada de Beli?

- Me sentia feliz antes de que ela chegasse, Dulce. Por isso pedi a todos que saíssem da casa esse dia... Porque não queria que se dessem conta. A chegada de Beli me deu uma desculpa para mostrá-lo abertamente.

Dulce deu meia volta para olhá-lo; seus olhos estavam enormemente abertos e cheios de fúria. Christopher tinha falado em francês! Falava francês com fluidez!

- Será bom que saiba tudo isto agora - disse Christopher em inglês novamente -. Mas antes que me xingue, pense em tudo o que sei, Dulce... Tudo o que disse a sua mãe faz uma semana. Nesse dia saí do quarto, mas não desci de imediato. Esperei na porta e ouvi tudo. Não podemos dizer que estamos em paz?

Dulce rangeu os dentes e se afastou dele. Recordou todas as vezes que tinha falado em francês frente a Christopher, e se sentiu furiosa pelo engano. Não era estranho que ele a tivesse interrompido aquela vez que pediu ao capitão O'Casey que a ajudasse a escapar... E tinha ouvido toda sua confissão a sua mãe.

- Bem, diga algo, pequena.

- Eu o odeio!

- Não, não me odeia. Me desejas - sussurrou Christopher.

- Já não! - gritou ela -. Enganou-me pela última vez.

- Maldita seja, Dulce! Desta vez deveria estar contente por eu tê-la enganado!
Foi para ela e a tomou pelos ombros, obrigando-a a olhá-lo. Depois prosseguiu em tom mais suave:

- Queria que soubesse a verdade sobre a criança, a verdade sobre o que tinha feito, mas tinha medo de que eu não acreditasse. Bem, tinha razão. Não teria acreditado se me tivesse dito. Mas depois de ouvir o que dizia a sua mãe, quando pensava que eu tinha ido e que estavam sozinhas, convenceu-me de que a criança é minha. Deveria ter me irritado contigo, mas estava encantado de que tivesse a um filho meu.

Dulce não se afastou de Christopher quando seus braços a rodearam. E quando a beijou, com um beijo doce, suave, alegrou-se e o gozou. Estava cansada de discutir com ele. E ele sempre tinha razão. Alegrava-se de que soubesse a verdade.

- Tudo perdoado? - perguntou Christopher, oprimindo a cabeça de Dulce contra seu peito.

- Sim - sussurrou ela, e levantou carão rosto para olhar seus sorridentes olhos azuis -. Mas, como aprendeu a falar tão bem o francês? Se ensina nas escolas inglesas?

Christopher riu de boa vontade.

- A única escola que tive foi um velho capitão inglês. Trabalhei em seu barco quando tinha quatorze anos. E, por necessidade, ensinou-me a ler e escrever e a falar inglês.

- Mas você é inglês! - disse Dulce, surpresa.

- Não, pequena, sou francês. Nasci de pais franceses num pequeno povoado de pescadores na costa de França - disse Christopher.

- Então por que navega para a Inglaterra?

- Não tenho laços com a França, e a Inglaterra foi boa comigo. França é meu país, também o país de Christian, mas não voltamos lá desde que tínhamos doze anos. Navegamos com os ingleses e vivemos no Caribe desde então. Agora este é meu lar.

- Então Christian também é francês?

- Sim, quando Casey pronunciou bem o nome de Christian, pensei que você teria dado conta. Por isso não podia dizer-lhe que meu sobrenome é Uckerman. Não seria bom que a tripulação se inteirasse de que navegam sob um capitão francês. Não o repetirá?

- Como você quiser - riu Dulce. Olhou-o com curiosidade -. Mas, por que manteve em segredo meu sobrenome? Não quis dizer a Beli nem a O'Casey meu nome completo; no entanto sabem que sou francesa.

- Só queria manter em segredo seu nome. Não há dúvida de que haja uma recompensa por qualquer informação a respeito do lugar onde vive. Ainda que confio em Casey, não confio em sua tripulação, nem na de Beli. Se não sabem quem é, não podem vender informação sobre isso. E quero que se mantenha em segredo que está nesta ilha.

Dulce sorriu. Isso era mais do que Christopher lhe tinha dito, e se sentia contente por sua nova confiança nela. Mas, como entrava dom Miguel de Bastida na vida de Christopher? Alguma vez lhe contaria ele essa parte de seu passado?

- Agora responde-me uma pergunta.

- Que é? - perguntou Dulce.

💛𝐀 𝐩𝐫𝐢𝐬𝐢𝐨𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐩𝐢𝐫𝐚𝐭𝐚💛𝐓𝐞𝐦𝐚-𝐕𝐨𝐧𝐝𝐲    Onde histórias criam vida. Descubra agora